segunda-feira, janeiro 24, 2005

Pancada V III (oito)

(...) é verdade que nunca mais conversei com ele, mas também é verdade, que nunca o perdi de vista, nem podia, havia entre nós um misto de Amor-ódio, uma quimica infernal, eu sei que ele também tinha o mesmo sentimento por mim e também sei, das peripécias que fazia, quando andava mais nostálgico, não, não são essas, de falar alto pelos corredores e pelo prédio quando sente a minha aproximação, começar a dizer disparates para ter a minha atenção, diz com cada coisa mais ridícula, no outro dia, eu nem me lembro bem, aliás,eu, eu mesma até fico envergonha, mas disse uma patacuada do género, que mais pareciam duas, tipo a falar sozinho, uma conversa de surdos, mais de malucos, assim, mais ou menos claro:

- Meu Deus porque me fizeste tão belo.
Ou então
- Não sei se estou farto de ser belo se estou farto de ser loiro.

Claro que devia de ser belo, ele era moreno até a 5ª casa, e belo só se fosse um belo cabaz de cornos, isso sim, isso é que era beleza.
Por falar nisso, a beleza da minha mãe não havia meio de chegar, o tempo passava, nem, o pai janta nem a gente almoça, assim como dizer, preciso mesmo de tomar alguma coisa, a cabeça parece que pesa toneladas, estou a imaginar-me a ir até a cozinha de carrinho de mão com a cabeça lá em cima, é assim que a sinto, como um peso desmedido para o resto corpo, tipo aqueles cabeçudos do carnaval.
E que carnaval aqui andava, continuava especada em cima da cama, sabia que estava alguma coisa para acontecer, aliás que tinha acontecido na noite anterior, só espero que não tenha acontecido nada de muito anormal, é que as vezes, a coisa, a coisa descontrola-se, e descontrolada já sou eu.
Não imagino o que poderia ir dentro daquele envelope, onde andaria a Dona Henriqueta, onde andará, quando mais precisamos delas, mães claro, é quando elas mais nos desaparecem, é sempre assim e vai ser sempre assim não tenha ilusões.
Até parece que eu tinha uma remessa de mães que era obra, e ter aquela já era uma sorte, ter uma santa daquelas, mas que agora era muito precisa e nada, nada mesmo, lá continuava eu de barriga para cima cabeça empoleirada na almofada, e as vezes com uma vontade, de passar as mãos pelas pernas que até me arrepiava, mas passava depressa só de pensar que tinha de fazer alguns movimentos, a vontade desvanecia, com uma velocidade alucinante, tipo flash de maquina descartável.
Mas a verdade é que sentia angustiada, aos 23 anos sentia-me angustiada, por tudo o que fiz e pelo que não fiz, apetecia-me ter feito algumas coisas, mas houve algumas que me arrependo, arrependo-me das vezes que me apeteceu, amar alguém loucamente sentir alguém trepar por mim pelo meu corpo, pelos meus desejos e designos, e ao mesmo tempo arrependo-me, das vezes que senti nojo de mim por fazer coisas que me apeteciam muito, e.... não foram grande coisa, a bom da verdade é que há homens, qual homens!!! Miudos que são uma coisa pavorosa, embrulhados, são uma coisa, quando se desembrulham, meu Deus então quando se prova, valha-me a Nossa Senhora dos Aflitos, conseguem ser confrangedores, as vezes não é por falta de argumentos, é mesmo por falta de, como posso explicar sem eu propria ficar envergonhada, eles querem tudo a pressa, não entendem que as coisas que dão mais prazer demoram a fazer, demoram, é verdade que este é o meu ponto de vista e ponto, e ponto, e ponto estou a ficar um pouco repetitiva, ponto G, G point, «prontos» tá dito,não só meu, das mulheres, das mulheres em geral, lembro-me de um namorado que tive, que com a aflição, ou com a pressa sei lá, rasgou 7 preservativos a tentar meter aquela porcaria, puxava e com os dedos, pimba.
Um « gajo » que me dizia, que fazer amor com ele, era como uma prova de Formula Um, no fim era um cheiro a borracha queimada, afinal nem das boxes saiu, ele bem tentou, mas não consegui parar de rir, foi mais forte que eu, no fim ainda lhe disse para levar as « camisinhas » para lhe fazer as bainhas que ainda serviam para mais umas provas, mas de triciclo, nunca mais o vi, coitado foi um bocado humilhado, mas o que havia de fazer, mas se fosse, mas porque havia de ser(...)


Apeteceu-me

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