quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Tubo de Ensaio

(...) No preciso momento que se ia atirar do precipício, abriu-se uma janela no Tempo, tudo a sua volta parecia desintegrar-se lentamente, veios de luz cortados como balas em noites de agonia em terras de mil histórias e outros encantos, a sua imagem estava a ser visualizada em espiral, ia subindo em círculos até tudo a sua volta ficar desfocado.
Era brutal, a altura daquele abismo, via-se entrar aquele espaço por dentro dos seus olhos até chegar ao cérebro via-se o assimilar da altura da queda e do momento.
Era divinal a paisagem daquele abismo que focava e desfocava, em pequenos silêncios, como informações de dígitos, a entrar em catadupas, na sua alma em redobradas doses de coragem.
A imagem mantinha-se focada num homem só, só de solitário e só de único, aquela janela do tempo fora aberta só para ele, que naquele momento se preparava, para viajar, uma viagem sem retorno, mas com fim, tinha um fim a vista, naquela paisagem deslumbrante, o fim estava lá longe transformado num enorme ribeiro que serpenteava naquele vale solarengo e em sintonia com Deus, ao perto quando focava através daquela janela, o Ribeiro transformava-se num enorme rio, com uma corrente digna de amizade, digna de magnificência, de uma grandeza inqualificável.
O Corpo mantinha-se suspenso no tempo, a imagem mantinha-se nítida, o olhar continuava a absorver tudo a sua volta com uma rapidez alucinante, a informação entrava, naquela altura notava-se, que a janela do tempo abriu-se, num momento de angustia, havia, podia ver-se nitidamente lágrimas, estavam paradas no seu rosto mas brilhavam, lágrimas, naquele preciso momento os olhos respiravam angustia, mas estavam hirtos de determinação, vias-se que aquele salto já não podia ser parado, ninguém podia influenciar a janela do tempo, era uma imagem brutal, estava-se perante a algo que podia parecer inesperado, mas tinha sido metodicamente calculado, tinha sido pensado, remoído, analisado, estudado, dai a determinação de o fazer, mas era irreversível, todo o processo.
O corpo parecia rijo, tenso, as pernas estavam já flectidas o tronco inclinado para a frente, os braços abertos, bastava a janela de tempo fechar, e já estava, depois, restava, restava a paz da sua alma, a paz do seu espirito.
O processo inverteu-se a espiral começou a descer lentamente a imagem do seu corpo a aproximar-se em câmara lenta, a balas de luzes a entrarem para dentro da janela, parecia uma televisão a ficar lentamente sem sinal, aqueles rabiscos, de falta de imagem, mas lá estava a aproximar-se a sua, a sua imagem.
E foi-se a janela, foi-se de vez, e ai, viu-se aquele corpo que nos acompanhou, a cair pelo abismo, todos os seus pensamentos acompanhavam aquela nobre e corajosa alma, aquele espirito de peito aberto, mas ele não caiu lançou-se foi deliberado, ele queria, a queda parecia não ter fim o solo aproximava-se, só restava abrir-se uma outra janela de tempo, mas não, abriu-se o pequeno para quedas, mais um salto mais um sucesso, mais um sorriso, mais uma eternidade de pensamentos, a vida é isto são saltos constantes para o ABISMO.
Duas dedicatórias ao "A"
e a um grande e bom amigo meu Miguel, é tua usufrui dela.

Apeteceu-me

3 comentários:

Anónimo disse...

Não sei como postar aqui ainda, mas irei descobrir - espero eu. Enquanto isso posso dizer q seu post inspirou-me. Escrevi algo parecido no meu Pequi. Que agora tb é visitado por pessoas queridas além mar! Sempre q desejar sentir um cheirinho do cerrado brasileiro, visite-me! Como diz vc, apeteceu-me vir aqui! ;) Bjus



http://www.pequi-up.blogger.com.br

Unknown disse...

"A" este texto, era uma perfeita mutação de tudo o que eu aprendi a escrever ou que alguma vez escrevi...por isso um tubo de ensaio, ás vezes para conseguires por tentares fazer é preciso um empurrão, eu tive esse empurrão de varias formas, alguns empurraram-me sem para quedas, outros com,outros com travões e outros com indiferença, e na blogosfera ou lá o raio que lhe chamam há duas pessoas que me ajudam e tento ajuda-los penso que são os meus companheiros de marcha nesta etapa .... apesar dos dois juntos , ainda lhes faltarem 6 anitos para chegarem aqui..mas como na minha vida as idades nunca contaram, e não corro o risto de me chamarem nomes tão em moda, corro o risto de continuar lado a lado esta etapa contigo "A" e com o Kal se vocês me deixarem ir acompanhando - vos claro.
Apeteceu-me (estou comovido)

Unknown disse...

"A" a realizaç
ão...é progressiva, a realização de hoje pode não o ser amanhã por isso há que evoluir e aprender