segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Vazio de Cores

(...) As palmas eram merecidas, mesmo muito, o grande Mestre, que tinha chegado das grandes cidades, afinal tinha feito desaparecer todas as tristezas daquela pequenina Aldeia.(...)

(...) Ela entrou de rompante, apareceu em palco e não se intimidou, mesmo com as luzes a baterem-lhe de frente e pela frente, no seu desnudado corpo, mesmo sem saber se havia muita gente a assistir ao seu desempenho, aquela rapariga vinda da Aldeia não mostrou medo à grande cidade. (...)

Entre a Cidade e a Aldeia, ficava o Vazio, podiam ser uns parêntesis, uma fase intercalada ente os dois espaços, nas extremidades daquele buraco ficavam duas vidas, mas ali nada existia nada a não ser uma tela pintada a negro, podia-se tentar visualizar, sintonizar mesmo paisagens, lindas e belas verdejantes, montanhosas, sinuosas, brilhantes, com vales, valinhos, rios, ribeiros, ribeirinhas, arvores, arvoredos moitas, cães, gatos, coelhos, pássaros,tudo, mas uma cortina cinzenta transparente teimava, em cair sucessivamente naquele vazio espacial.
Naquele desprovido, desocupado e destituído caminho, podia fazer-se uma auto estrada de sons, estridentes contínuos, com ligeiras protuberâncias, ligeiras bossas, no aproximar desses sons que atingem velocidades irracionais, velocidades fora do controlo humano, aqueles sons formavam uma musica com batidas ritmadas, na ordem dos 60 batimentos por minuto mais coisa menos coisa, era uma musica ao ritmo cardíaco.

(...) No meio dos movimentos do Grande Mestre, movimentos estudados, pelos anos de saltar de Aldeia em Aldeia a levar o seu espectáculo de Magia e ilusionismo, movimentos quase graciosos, que levavam o seu longo manto, capa, isso mesmo a sua enorme capa a esvoaçar a passar pelos rostos das pessoa que se sentavam na primeira fila,incredulas e de boca aberta, num desses movimentos enquanto na sua enrugada mas hábil mão, mostrava um baralho de cartas, tudo parou a sua frente.(...)

(...) No calor e no meio de bafos ressabiados, de gentes ávidas de ternuras fictícias, de gentes que se alimentam de sonhos, naquele palco sozinha mas sem se intimidar com aquela panóplia de gentes que estavam ali para a esturpir das sua vida para se alimentar da sua graciosidade, eles que sonhavam um dia em ter uma mulher assim na sua cama, elas que sonhavam e fantasiavam um dia poderem dançar assim.
Num dos seus saltos que a tornaram famosa, num axel numa perseguição dantesca imaginaria, ficou suspensa no palco e na sua respiração.(...)

Naquele corredor de som que se abriu, no lugar vazio, sem tempo onde aquelas almas se cruzaram, onde a bailarina, regressou a Aldeia que a viu nascer e o Grande Mestre voltou a Cidade onde teve noites de gloria.
No cruzamento, daquelas Almas daqueles espíritos, no meio daquele vazio daqueles parêntesis, estava uma caixa vermelha, vermelha com o Sangue.


Apeteceu-me

4 comentários:

Unknown disse...

Kal
Não não foram a par, mas o do inculto é da minha parceira de post it's.
Este texto, não sei saiu...estava aqui a ouvir massiv atack e fui escrevendo, mas não sabia o que havia de escrever e fui ...por ai e saiu isto, saiu, não me esforcei para que saisse, saiu.
Eu escrevo mais que uma coisa por dia, mas também tem a ver comigo, a minha cabeça esta sempre a imaginar coisas eu sou um sonhador...gosto de sonhar, gosto de existir gosto de estar aqui.
Apeteceu-me

Unknown disse...

Kal, as vezes as personagens ganham vida propria, ganham vontades, por isso deixa-as levarem o seu próprio trajecto, as suas vontades, são como nós nem sempre acertam as vezes tb saiem mal....
Os Ornatos acabaram agora são os Pluto.

Micas disse...

E o vazio pode ser tudo...estou a ver que os Massiv Atack te inspiram!!! Beijos

Anónimo disse...

0la grande carlos barros
campo e cidade, tenho saudades da minha terrinha no campo, mas acabo por chegar a conclusão que sinto a falta das pessoas daquela aldeia que já não estão cá, ou porque morreram ou foram para a cidade.tenho saudades daquela criança que brincava, que era livre para correr nos campos em vez de estar enfiada num quarto a escrever num computador. voces que escrevem tambem são magicos consegue nos transportar para o passado.
beijos
continua a tocar as pessoas com essa magia de comunicador.
by sonia