sábado, setembro 03, 2005

Rasta Man


Kingston… baixa da cidade, 3 horas da manhã.
O cheiro, que paira por ali é uma mistura de odores corporais, com o muito fumo que por ali se faz sentir, uma mistela de frutos tropicais e de erva, de muita maconha.
Aquelas ruas estreitas da baixa da capital jamaicana arrepiam as pessoas olham com ar desconfiado, os esgotos ali correm a céu aberto, podia ser numa qualquer capital africana, mas não ali é o coração das Caraíbas.
Aqueles homens negros que foram reclamados, pela Espanha, pela Inglaterra, até Cristóvão Colombo a usou aquela ilha como, ilha privilegiada de férias.
Mas não tem a ver com isso, aquela zona que chega a arrepiar, de casas de um só piso, térreas como dizem os suburbanos, casas com muita gente sentada a porta de roupa garrida, não vive só de cheiros, vive da cor e dos seus sons… dos magníficos sons, inigualáveis sons, que se tocam e cantam por ali porta sim, porta não, na baixa de Kingston.
As festas, aqueles bailes em grande salas com enormes aparelhagens e com os mais famosos dj´s que há memória, eles cantavam aquela espécie de música que só eles conseguem um misto de Africa com o hip hop com as músicas geniais daquele país de ar e mulheres quente.
Rasta, rastaman terra de madeira e água é assim que começou por ser chamada a Jamaica, aquele som de Shabba Ranks, o culto do Rasta, dos homens com fartas cabeleiras, que fazem rastas… não são caracóis… mas rastas.
Naquela noite, numa das favelas, o calor apertava, o cheiro a ácido era muito a adrenalina apertava. Ouviam-se tiros por ali perto, perto de mais, mas a noite prometia. Os sons começavam a perfilar-se o Dj começava a ensaiar umas notas, da sua voz e do seu Inglês de sotaque tropical, saiam palavras soltas a espera de acompanhamento pelo publico de mais uma noite de baile no Meio de Kingston. O céu emergia estrelado depois de mais um desabafo com um enorme charuto de erva, a medida que os olhos ficavam mais desanuviados o céu compunha-se a estrelas perfilavam-se agora como sempre, com as suas constelações normais.
No meio daquela gente, de toda aquela gente, daquele magote, onde o verde o amarelo e o vermelho, começavam a fazer sentido os seus movimentos, afinal o baile já tinha começado, os sons saiam a uma velocidade alucinante. Ali estava eu… parecia um garoto embasbacado a sentir aquele calor dos trópicos, a sentir a minha transpiração a correr de forma descontrolada e a pensar foi ali que nasceu o homem do rasta, o rasta man, era Bob Marley não Shabba Ranks.

Apeteceu-me

"A cedência está no espirito e nunca no acto em si de ceder"

Charles de la Folie

9 comentários:

Anónimo disse...

Granda som, ó Carlos.
Bom fim de semana. Abraço

Conceição Paulino disse...

parecek bombou e bombeou o sangue. Célere. Bjs e;)

LUIS MILHANO (Lumife) disse...

Gostei da tua visita ao "Beja" . Dei uma volta pelo teu blog e virei de novo pois a distância tb não é grande...

Volta sempre.

"Sonhos Sonhados" e "Os Filmes da Minha Vida!" disse...

kerido Carlos

o teu texto
acompanhado deste som
fica o máximo.

boas descrições.
gostei.

beijux létinha
e fica a saber que não fugirei.

heidy disse...

a musica tem este encanto! entranha-se em nós e toma conta do nosso ritmo...

Anónimo disse...

adoro a musica de jamaica e o povo de lá tem um cabelo muito original e claro tal como a sua musica. o escritor descreve de uma forma critica o estado atrasado em que se encontra este país, passa pela sua historia e acaba na cultura transportando-se ate ele.muito bom
isto é que é gozar férias.abraço
http://amcosta.blogs.sapo.pt

in_finito disse...

Grande descrição de um ambiente único e grande som! :)

Sara MM disse...

Preferia abrir a mente com uma dessas noitadas ;o)... envolta de tanto calor humano e música (muito) boa!!!
PS-benvindo ao meu bloguinho!volta sempre...

Eric Blair disse...

Daria tudo mais 5 tostões para lá ter estado, apesar do ambiente que agora impera em Kinston, principalmente fruto da substituição da ganja pela coca e os ácidos.

ps. eu é mais Prince Far I