quarta-feira, dezembro 28, 2005

BINOC


Há uns tempos atrás, entrou-me um amigo pela minha sala dentro e diz: tens de ir ver este blog. Esse amigo meu, ou o meu amigo como queiram (esta é uma formula de encher o texto, e esta outra) dá pelo nome de Adamastor e reina no SUBSTRATO.
O tal blog, encheu-me as medidas e fiquei logo invejoso de que teve tamanha ousadia e criatividade.
Falo do ABRUPTO SEXUAL do Blogger reconhecido internacionalmente Bino.
Já não me lembro porque estou a escrever isto, áh já sei. Tudo porque estava a ouvir uma música e de repente comecei a imaginar o Bino.
Com aquele ar indonésio e cabeleira farta, de estrela da musica asiática, vestido de cores garridas e de bengala. O pior é que no meu imaginário o Bino usa fio dental, não me perguntem porquê, mas usa.





A grande verdade é que eu escrevo consoante a música que ouço e nunca o contrario, não procuro uma música que se encaixe, mas um texto que se encaixe na música.
A outra verdade é que nem sempre isto se aplica…. Baralhados? Claro que sim eu sou um baralhado por natureza, não muita, mas adoro viver na confusão. Mas que confusão, nenhuma mesmo. Tudo isto para dizer Bino és o Maior.

Apeteceu-me

"A vida é feita de amizades, mas nem sempre feita de amigos" Charles de la Folie

quarta-feira, dezembro 21, 2005

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Apetecia-me desejar as boas festas a todos... mas isso não é o que faz toda a gente?
Não sou, nem nunca serei convencional. É claro que acredito no espírito de Natal, mas esse, partilho com os meus filhos, porque eles (ainda) são puros!!

(…) Lembro-me para os lados do Caribe, no tempo em que nasceram os Bandoleros.
Eram homens nobres, que cediam generosamente parte do que haviam roubado. Verdadeiros “Robin dos Bosques”, mas estes não são histórias, nem contos, nem hipocrisia alguma, “estes” existiram e deixaram um legado.
(…) O calor sufocava, a suas botas feitas a mão e por medida, arrastavam atrás de si uma imensa nuvem de pó.



O seu casaco de pele grossa, bordada a branco, com cordões que saíam da sua imaginação. Usava umas enormes esporas, mas somente para intimidar, naquela altura os cavalos ainda dormiam em sonhos distantes. Arrastava-se por aquelas paragens, com a boca esbranquiçada de saliva seca que esperava pelo momento de poder encontrar uma fonte para brutamente encher de agua todo a sua vestimenta com a água a escorrer pelos cantos da boca… como os porcos. A sua barba era cerrada e rala, meio esbranquiçada… lamina, somente o fio da sua inseparável faca com o cabo em madrepérola, oferecida a muitos anos pelo seu avô.
A sua volta, um horror, um deserto de ideias, um vazio de cores, um interminável rasto de coisa alguma, assim como os dias, os intermináveis dias, de dia nenhum.

Esta não é uma história, nem um conto de Natal, muito menos um estado de espírito, mas é a vida de um homem que nasceu para salvar um povo, numa ilha para os lados do Caribe. Perdeu-se na vida, perdeu a sua alma, conquistou um povo no ano em que nasceram os Bandoleros.


Apeteceu-me



“O espírito muitas vezes morre de tédio dentro de nós”! Charles de la Folie


A todos um bom Natal, Bino chega aqui ao pé de mim...sim eu estou constipado... é Pardal.
Beijos e Abraços e Boas Festas (no pelo que quizerem)

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Dá-me um desejo

Cada vez percebo menos o que se passa por cá no nosso Pais a beira-mar plantado.
Parece e segundo o tribunal de contas que a CP está falida, é uma falência técnica daquelas como a RTP.
Todos os dias ouço que os comboios estão atulhados de gente que é preciso mais e melhor.
Se há gente, se existem passageiros como pode a CP dar prejuízo?
Ora o tribunal de contas faz esta brilhante descoberta:

“há departamentos na CP com mais chefes do que chefiados e que os gestores receberam 14 vezes despesas de representação, quando deviam ter recebido apenas 12”

Isto só acontece na CP? Será?
Que raio de crise há no nosso pais em que os políticos dizem que temos de encolher o cinto, mas só a alguns. Basta ver as empresas do PSI 20 e descobrir os milhões de lucro que têm. Mas quem beneficia com isso? Claro que não são os trabalhadores, não podem ser eles porque esses andam de cinto apertado por causa da crise. Mas essas empresas que dão lucro esquecem-se que o Pais está em crise e passam a vida a fazer publicidade (no meu entender enganosa), a tudo o que mexe. É quase mais rápida que a sua própria sombra, rápida, fácil e dá milhões… em dividas claro.
O crédito é acessível e as pessoas são tentadas, o que fazemos quando estamos tristes, comemos um doce… e quando estamos muito tristes… ou então numa crise danada, claro que compramos um televisor LCD porque precisamos de estar animados apesar da crise, mas os senhores da televisão (publicidade) dizem que é fácil receber dinheiro, para comprar o quer que seja.
Mas voltando ao comboio desta terra de pouca terra e muito talento. A CP está em falência e ainda se pensa no TGV? Claro que se pensa, o Pais está triste é preciso um miminho, mais que um miminho, muitos miminhos. Portugal é a imagem dos portugueses, é uma terra pobre de gente que quer a força ser rica ter mais do que pode e é capaz. Endivida-se e endivida-nos, hipoteca o futuro aos nossos filhos e porque não netos, na esperança de que eles nunca nos venham a conhecer, para mais tarde não nos cobrarem e nos dizerem:

- “Onde estavas quando precisamos de ti”?



"esta é a retrete de um TGV, é o mais próximo que arranjo"



Apeteceu-me


"Muitos passos que são dados, são dados em direcção a porra nenhuma". Charles de la Folie

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Sonhos

(…) Nunca foi muito de pedir seja lá o que fosse. Naquele dia, naquela madrugada, saiu porta fora na esperança que o seu sonho se concretizasse.
Aquele cabelo desalinhado de quem acaba de acordar, os olhos ainda semicerrados, os cantos da boca ainda com resquícios de quem lambeu vários laivos de saliva que saíram com a emoção daquele sonho.
Os sapatos ecoavam naquele paralelo, naquela pedra de calçada em que as sombras pareciam tremer com o frio seco da madrugada.
O sol ainda estava escondido, muito longe dali. O casaco apertado com um cruzar de braços forte, contra o corpo que ainda escaldava da violência dos cobertores que apertavam naquela cama de casal ocupada por uma só alma.
O passo era decidido, um passo ritmado pela ânsia de encontrar, de ter de poder usufruir de um sonho, de uma vontade, por vezes um devaneio meio misterioso e incompreendido.
Os olhos começavam a abrir, as ramelas que se opunham começavam a quebrar-se tal qual gelo quando sente um whisky a encavalitar-se num a noite de copos.
Olhar fixo, começava a sentir os cheiros, os cheiros da madrugada, da labuta que ninguém conhece, mas todos sabem que existe. Dos homenzinhos incógnitos que apanham peixe e o levam para a praça, nos homenzinhos que fazem o pão e o metem nas padarias, os homenzinhos que transportam os nossos sonhos, em envelopes cravados a selo.



O seu sonho cheirava-lhe cada vez que se recordava, estava ali ao virar de uma esquina, começou a saborear aquela caminhada, olhou a sua volta, não viu ninguém que lhe fizesse frente ou mesmo que a fizesse esperar pelo seu sonho.
E… ao virar a esquina, quando descruzou os braços, e fixou o seu olhar naquela velha casa, descobriu que os seus são conteúdos de coisa alguma, são promessas adiadas no dia a dia… mas ali estava de frente ao que mais sonhava. O mistério dos seus sonhos poderia ser desvendado a qualquer momento.
Foi a i que percebeu, que no aconchego da sua cama aquele mistério duraria mais tempo, seria mais confortável, mais quente mais terno e que poderia acordar sempre que o desejasse.
Olhou mais uma vez e virou-se de forma repentina e foi sonhar novamente a espera que o seu sonho lhe revelasse a verdade do seu medo.


Apeteceu-me

"Um dia vou-me cruzar com os pensamentos que se escondem na Lua" Charles de la Folie

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Carta ao Borges

Olá! Acreditas que Sonhava ainda com o tempo dos poemas. Quando soltava o cabelo e sorria, quando o que me escreviam em toalhas de mesa, ainda fazia sentido.
Quando os poemas afinal eram escritos com os olhos, e um simples tocar fazia-me arrepiar!
Sabes? Talvez não te lembres, mas ouve tempos em que corria por ai, com uma ânsia de viver, que me embebedava com o ar, tal era a sofreguidão com que o respirava.
Hoje olha para tudo com nostalgia, a poeira parece cair-me pelos olhos sobre o futuro que ainda não vivi. Mas viver porquê? Viver das memórias que os outros querem que eu tenha!?
Viver um conto com alguém ao meu lado que já não existe?!
Sabes?! É isso que me pedem todos os dias para fazer, para continuar lado a lado contigo, de preferência de braço dado e com um sorriso nos lábios.
Tenho saudades dos tempos Paris, daqueles tempos em que a magia por aquelas vielas bem parecidas com aquelas onde vivemos. Mas essas, ainda me julgam ainda me perseguem, não consigo fugir a identidade que não é minha.
Sabes, eu sei que sabes está na hora, os nossos 5 minutos terminaram, vou ter de me fazer a tua vida, para indo sobrevivendo ao nosso (e)terno amor.

Saudades da sempre tua Maria.



Maria Kodama e Ana Maria Cabrera

Apeteceu-me


"Por vezes o tempo corrompe-nos as nossas memórias" Charles de la Folie