segunda-feira, junho 26, 2006

Mais um engano

Mais uma vez estamos a ser enganados e continuamos de sorriso nos lábios e a cantarolar como se nada passasse.

O argumento para nos aumentarem a idade da reforma tem a ver com a média da esperança de vida que tem aumentado nos últimos anos, é verdade!

- O argumento até pode ser que se está a “bater as botas” cada vez mais tarde. Mas a verdade é que não: - a esperança de vida é feita por um cáculo simples - ou .


Provavelmente não é este o cálculo que José Sócrates o nosso digníssimo Primeiro Ministro fez quando disse: -“a forma de cálculo das pensões vai considerar toda a carreira contributiva e vai ligar as pensões à evolução da esperança média de vida.”

Porque o aumento ou o que fez aumentar mais a média nestes últimos anos tem sido: (felizmente) – a cada vez menor taxa de mortalidade infantil. (até aos 10 anos)

Mas o que “eles” querem que o povo veja é que; morremos cada vez mais tarde, eu por exemplo estou-me a ver em Bali, para ai com 90 anos a correr atrás de umas garotas, com a mão cheia de notas da minha reforma, a curtir que nem um louco e a lembrar-me:



Ainda bem que descontei quase 50 anos para poder contribuir para uma data de gente fixe que tinha grandes carrões e reformas aos 40, e eu de Pró-zé, um produto oriundo da nossa grande indústria e de gente que respeita o trabalho dos outros.

Quando estas histórias começam a andar na boca do povo, há logo alguém que grita que a culpa é dos funcionários públicos.

E cada vez mais isso irrita-me, mas também havia de irritar outros quantos que vão atrás da conversa, que por cá há funcionários públicos a mais, mas será?

A Suécia que é um Pais com a mesma população que nós tem quase o dobro de funcionários públicos que nós. Então porque será que lá resulta e cá não?

Aliás na Europa só há dois países com menos funcionários públicos que nós, a Espanha e o Luxemburgo, porque de resto a tabela a seguir demonstra isso:


Suécia 33,3%
Dinamarca 30,4%
Bélgica 28,8%
ReinoUnido 27,4%
Finlândia 26,4%
Holanda- 25,9%
França- 24,6%
Alemanha- 24%
Hungria- 22%
Eslováquia- 21,4%
Áustria- 20,9%
Grécia- 20,6%
Irlanda- 20,6%
Polónia- 19,8%
Itália- 19,2%
RepúblicaCheca 19,2%
PORTUGAL- 17,9%
Espanha- 17,2%
Luxemburgo - 16%





Voltando ao caso da Suécia é verdade que para aqueles funcionários públicos todos existem 50 administrações, no caso português existem 700, penso que isso explica muito ou pelo menos bastante. Se pensarmos que cada administração é composta por 5 elementos, que depois nomeiam mais uns quantos directores e coordenadores, e depois que cada um destes têm direito a um carro, cartão de crédito, telefone pago e mais uma série de benesses, basta somar isto tudo e pensar porque será a função publica um fardo para o país. Mas a verdade é que a culpa é sempre do mexilhão.


Apeteceu-me



O Lançamento de Santarém foi Fabuloso...

"O momento deve ser isso mesmo, um momento."

Charles de la Folie

domingo, junho 18, 2006

Convite 24 de Junho

Dia 24 de Junho O Autor Carlos Barros, a Corpos Editora e a Camara Municipal de Santarém tem o grato prazer de convidar V.Exa., família e amigos para a apresentação do Livro - VAZIO DE CORES, no jardim Sá da Bandeira, na 4ª edição da Feira do livro de Santarém, a partir das 18 horas.


-Vazio de Cores- será apresentado por:

- PAULINO COELHO - Programa da manhã da Radio Renascença.



Estão todos Convidados




Vazio de Cores



" Nem sempre o que parece é, nem sempre o que é parece. São os impasses da vida, ou nem por isso que nos fazem pensar em "coisas".

O ponto de partida destes contos foram quase sempre o nada, nada mesmo.

Cada conto saiu da imaginação que me faz viver e sonhar, mas partiu sempre da primeira frase, todos eles nasceram sem destino, mas com uma vontade muito própria, ganharam vida e vontades, grande parte das vezes de um enorme vazio de ideias, mas lá se arranjava um "espacinho" para conspirar e deambular, por mais uma "estória".

As minhas duvidas sobre a minha capacidade de inventar e construir, mantém-se intactas, adoro duvidar de mim, adoro ter dúvidas, adoro descobrir que ás vezes nem eu acredito em mim, isso faz de mim um perfeito idiota, ai fica mais uma duvida qual o idiota que eu sou!

Por isso são os nadas que foram passando pela minha cabeça que estão aqui retractados, bem ou mal, cabe a quem os lê avaliar, mas atenção…"








apeteceu-me


"Será que o tempo apaga a memória da origem?" Charles de la Folie

quinta-feira, junho 08, 2006

OBRIGADO

(…) Estava prestes a entende-la, quando aconteceu algo terrivelmente inexplicável.
As palavras não conseguiam segurar aquele olhar que percorria os centímetros do seu espírito. Sentia-se o respirar, aquele forte respirar que vinha de dentro, de uma forma estupidamente controlada.



Não era certo que o que por ali acontecia tivesse uma razão, ou mesmo um sentido, era único e misterioso. Era por si só, como uma nota de música que existe mas ninguém conhece a sua causa, nem a sua origem.
Queria saber tudo. Tudo a que tinha direito, é sempre bom ter direito a alguma coisa.
Parecia uma eternidade, aquele espaço de tempo em que se fecha por momentos os olhos e se inspira uma lufada de ar, essa pequena zona de tempo era como uma enorme pradaria cheia de cores garridas, onde as nuvens são cor-de-rosa choc, as arvores verde alface e a relva cor de laranja. É nesse espaço de tempo que tudo acontece, em que as pinceladas de qualquer coisa se arrumam, numa qualquer tela da imaginação que se solta numa corrida desenfreada contra nada mesmo.
Estava prestes a acontecer, como sempre acontecia. Aquela era mais uma vez que isso ficava presente, a dificuldade é, ou era descobrir onde fica a realidade, se está presa a alguma coisa que se sustente ou se é mesmo a mais pura da imaginação, que produz aqueles laivos de luz que parecem existências intermitentes das realidades em quedas constantes.
Por momentos, estava ali sem saber se estava realmente. O barulho que saia de dentro daquele copo fazia pensar em mil “estórias” de encantar. Faltava ali algo naquele enorme puzzle, faltava qualquer coisa que se embrulhava, mas não havia como descobrir.



A aragem corria e com ela uma enorme chuva de folhas lilases, uma chuva de flores naquela tarde quase carnívora que teimava em consumir os nervos que se entranham no corpo. Estava pálido de medo, as palavras saíam absurdamente sem nexo.
Demora tempo a entender o tempo, os vários tempos, o tempo de saída, o tempo das coisas, as coisas do tempo e mais importante: - o tempo que nós temos em nós.
Ali estava sem controlo algum sobre as minhas pernas que tremiam perante aquele cenário quase impensável, que se desfocava em constantes sorrisos. A imagem parava, rodava aqueles corpos que me faziam tremer e ao mesmo tempo chorar de alegria.
Mais um apelo vindo daquele copo onde sobressaía o amarelo do limão. Um enorme trago em seco antes de o levantar, como que a saborear o vazio que se cortava naquela imensidão de qualquer coisa.
Aqueles olhares penetravam-me e assustavam-me, ao mesmo tempo que ia descobrindo o verdadeiro sentido da palavra amizade.
Cada segundo que passava o sangue circulava mais depressa, se uma forma avassaladora.
Chegou a altura de dizer, mas dizer o quê? O sentido das “coisas”, porque será que as “coisas” tem de ter um sentido?
- Não será mais fácil assim, sem sentido!
Um dia alguém me disse que valia sempre a pena descobrir em nós uma palavra qualquer, por muito simples que fosse.
E foi essa que eu descobri – OBRIGADO.






Apeteceu-me


"Muitas vezes somos surpreendidos por um enorme Vazio." Charles de la Folie