segunda-feira, fevereiro 12, 2007

...QUE DIA !

(…) Respirou fundo, olhou para o lado esquerdo, depois de uma pausa olhou para o lado direito, respirou mais uma vez fundo até sentir a alma e seguiu caminho.
Tinha sido um dia complicado, teve de tomar decisões. Decisões nada fáceis para uma mulher, decisões que só a ela lhe competia.

(…) Estava sentado na ponta de um passeio, o frio da pedra causava-lhe arrepios, mas nada que se parecesse ao vazio que ia na alma. Cabeça entre os joelhos, palma das mãos a aparar-lhe a fronte, olhos despojados e desabitados. Pensava na vida, na sua, na dela e… como iria encher a mesa de “nadas”. O demagogos insistiam em não abrir mão as suas margens de lucro.





(…) No vazio de uma sala escura, onde o cheiro a bolor abundava entre pequenos odores fortes de fármacos. Estava prostrada, sozinha, abandonada a ela própria. Naquele momento o seu sentimento era de frustração. Daria tudo por uma mão que lhe apertasse a sua. No rosto ainda estavam as marcas de ciúme do seu progenitor ao vê-la feliz com o seu amigo de sempre.

(…) As portas a bater, ecoavam no patim daquele prédio que ficava nos confins de uma memória não muito rebuscada. As caixas de correio estavam a abarrotar de papéis já muito amarelados pela humidade e pelo tempo. O frio do mármore chegava ás suas entranhas. O medo, o pavor, estremecia o seu corpo enquanto esperava… e desesperava.





(…) Aquele sorriso iria perder-se ali para sempre. O doce dos seus olhos iriam contrastar com a amargura da sua alma, que se iria apoderar dela para o resto dos seus dias. Deixava de ser menina, deixa de ser e o ser que transportou durante umas semanas. Para a frente restava-lhe a amargura do seu acto com o qual iria viver para sempre na sua consciência. Foi uma decisão sua e por isso não se arrepende.


(…) Perdeu-se no dia em que pediu ajuda e o olharam de cima – abaixo, e com desprezo o mandaram esperar. Da mesma forma que espera hoje conseguir trabalhar para aqueles que lhe prometeram auxílio. Hoje perdido entre dividas a agiotas que percorrem os bairros pobres, procura no lixo a sua sobrevivência.


(…) As lágrimas percorriam-lhe o rosto de menina que já não era. O corpo desprendia-se da sua alma… a sua consciência vomitava conceitos á muito esquecidos.
O lenço branco com o seu nome bordado estava gasto de tanto acolher o seu pranto.
Vendeu a alma ao Diabo, mas foi por opção sua…

APETECEU-ME

"O Bom senso deve andar de mãos dadas com a coerencia". Charles de la Folie

5 comentários:

Eric Blair disse...

... e com a coragem, já agora.
E com a falta de egoísmo, e ...

augustoM disse...

É difícil definir a fronteira entre a amrgura do acto praticado, quase arrependido, e a habituação despreendida motivada pela irresponsabilidade.
Por isso eu não fui votar. Obrigado pelo mail.
Um abraço. Augusto

Crepúsculo Maria da Graça Oliveira Gomes disse...

Olá amigo, afinal és super romantico, adorei ler-te. Beijo

Unknown disse...

se sou super romantico? talvez...
claro que sou e?

beijo

Anónimo disse...

A noite se prolonga,
e como sombra viva:
o vento.
Oiço-o rondar pelas janelas, vigiando-me
e murmurando ameaças em voz estranha.
Eis que gargalha e lança chalaças
sibilantes.
A noite corre e os sons já são distantes...
Mas não morrem!
Eis que o vento regressa
e as vozes correm.
São perguntas e respostas,
lamentos
e clamores de revolta.

só o vento se ouve na amargura da tua história.
beijo