(…) Que vergonha, sentia-me despida de nada em especial. Sentia-me só, sem nada, mas com alguém. – Não entendo o porquê da vergonha, mas ali estava só, sentada em mim mesma, onde me interrogava sobre coisa alguma. Sobressaía nos meus pensamentos, alguns pequenos paralelismos frutos da minha pecaminosa mente, que me traia nos mais ínfimos sentimentos.
Como mulher, não me conseguia definir, como pessoa tinha medo de mim, como ser humano sentia-me animal. Muitas vezes o sangue nas minhas veias fervia, queimava-me o corpo, percorria-me as entranhas, fazia-me rastejar perante aquela estúpida solidão momentânea. Pedia a Deus algo que me saciasse aquela vontade de nutrir os meus pecados. - Parava o olhar, deixava de gesticular, sentia o silêncio. Percorria aquela imagem em circunferências que subiam e se distanciavam, onde a visão cada vez mais alta, mostrava a envolvência onde me encontrava, os vários mistérios que se escondiam perto de mim… a imagem, a minha imagem rodopiava, como se de uma estátua trata-se, numa qualquer exposição.
Quebrava-se o silêncio, o pensamento voltava. Os olhos, os meus olhos estavam vidrados, embargados numa neblina quase simétrica, a realidade estava longe de ser percorrida. Sentia algo a subir-me pelas pernas, pelo corpo, em direcção a tudo e ao mesmo tempo a nada, sentia o corpo a abrir-se, eu abria-me, não sabia a quê, não sabia por ignorância, nem sabia por falta de paladar.
(…) Passei as mãos pelo cabelo. Longos cabelos que retirei da face, enfiei a ponta dos dedos, e deixei-os caminhar, fechei os olhos, senti uma réstia de lágrima misturada com sonhos a serem empurradas por excesso pelas pálpebras ao fecharem. Com as palmas das mãos encostadas ás fontes, fechei os dedos e suavemente fui puxando os cabelos, devagar deixei desliza-las (mãos), aconcheguei com as palmas os olhos, e deixei percorre-las apertando o nariz até passar com os dedos nos meus lábios húmidos.
Senti crescer o meu corpo, apetecia-me acaricia-lo.
(…) Estava desequilibrada, não pelo que me apetecia, nem pela vontade de o fazer. Estava porque, ao cruzar as pernas, deixei-me tombar, muito devagar, até tocar com o cotovelo no chão, ao fazer força para me recompor, voltar a minha postura normal, deixei-me cair até vincar o ombro, e suavemente deixar cair a cabeça sobre nada… foi ai que senti como estava só. Numa tentativa desesperada de me recompor, ainda deitada, olhei para as minhas mãos, senti-as como se fossem parte das minhas vontades. Uma ponta de sangue, sangue real que percorria um dos meus dedos, passei com a língua e senti-me a reciclar, a criar-me e com vontade de me recriar.
Apeteceu-me
"Não me lembro de ser, mas tenho sempre vontade de acreditar". Charles de la Folie
9 comentários:
O desejo vem de dentro e não há como evitar que se exteriorize.
Um abraço. Augusto
sonhos são tesouros das noites sentidas.
beijinhos embrulhados em abraços
Erupção de sensações!
Fantástico texto
Beijinho
Maria
Hum.. escreves de uma forma que me transportas para lá, não sei bem onde, mas sinto-me fora daqui...
╔═══════════════════════════╗
ﻶﻉ •ώ •ﻶﻉ•ώ•ﻶﻉ•ﻶﻉ•ώ•ﻶﻉ•ﻶﻉ•ώ•ﻶﻉ
A vєrđαđєirα fσrçα ηãσ έ α đσ мαr
єηfµrєciđσ qµє tµđσ αrrєbєηtα,
мαs siм α đσ rσchєđσ iмóvєl
qµє α tµđσ rєsistє
Tєηhα µм fđs đє мµitα ραz!
βєijiηhσs ♥
ﻶﻉ •ώ •ﻶﻉ•ώ•ﻶﻉ•ﻶﻉ•ώ•ﻶﻉ•ﻶﻉ•ώ•ﻶﻉ
╚═══════════════════════════╝
Quando forem ver o mar, e sentirem um forte cheiro a maresia, lembrem-se de mim...estarei sempre por lá!...eu sou Mar...Margusta...
Abraço-Vos com emoção!!!...
Carlos,
Recriar é possível!
O desejo só morre, se o desejarmos.
Isso porque somos finitos e desejamos sempre o universo.
Abraços.
despiram me da minha imortalidade. vergonha vergonha...
Passei para ver as novidades... Desculpa-me o facto de não te comentar como devia. Abate-se sobre o corpo e a alma o cansaço esta semana .A falta de tempo também nao ajuda, no entanto tento sempre visitar os amigos da blogosfera que me acarinham e visitam. Beijinhos
Enviar um comentário