(...) Não me lembro ao certo, qual foi o dia da semana, seria domingo ou segunda-feira. Na realidade isso não me importava grade coisa – não me sentia com a vontade de outrora – mas afinal só tinham passado dois dias depois de a ter visto. Vestia simples e simplesmente caminhava rumo à minha imaginação.
(...) Certamente que não era real a imagem que havia chegado até mim. Ninguém pode ser assim tão perfeito. Aqueles contornos de personalidade, assentes num espirito quase livre e sem preconceitos que vagueavam nas ondas produzidas num oceano de ideias. O bafo que saia de sua boca era doce – como nada.
(...) Onde estava ela quando perguntei pela verdade dos sentimentos. Escondeu-se dentro daquela tela onde os verdes do campo sobressaiam, na esperança que o azul do céu não fosse atravessado pelo branco das nuvens. Tudo é cor, mesmo quando a dimensão do surreal se atravessa na «minha» direcção.
(...) O que foi que disseste? Sussurraste tão baixo que tenho dificuldade em descobrir-te. Existes mesmo? É verdade espanta-me como te podes esconder num dia como este. Afinal não é dia e a noite tarda em chegar – estamos no limbo, entre a vontade e o desespero de gritar – solta-o.
(...) Já não me lembro se foi ontem, não me lembro se eras tu - ela, se era ela – tu. Faz diferença pensar isso de ti – foi o que pensei, desde que se pense, não tem importância. Mas onde se pode transportar esse cogitar – nunca vi isso assim, nem mesmo no dia que saltei do cadafalso, solto de ti.
Apeteceu-me
