quarta-feira, junho 29, 2005

A QUEDA

A Queda




(...) Parecia em camera lenta a sua queda, de braços abertos, os cabelos soltos, e desfiados, os olhos fechados, lentamente parecia uma arvore a tombar. Caiu redondo no sofá, aquela ultima passa tinha sido mortal.

(...) Naquele dia, naquele inóspito dia, lembra-se de estar á conversa com um aborigene, uma longa e leal conversa. O sitio parecia tenebroso, escuro como breu, mas cheio de significados que demoravam a aparecer e a saltarem cá para fora.
O seu interlecutor, era uma pessoa escura, muito escura mas de cabelo branco, um cabelo liso, desgrunhado, mas simétricamente desalinhado, cada desarranjo do seu cabelo parecia estar no sitio certo.



Os olhos eram uns olhos escuros, penetrantes, com muita história, e também histórias, muitas, eram uns olhos sábios, com muito, bastante mesmo para dizer. Um nariz grande, enorme, com umas narinas que abriam de uma forma espantosa cada vez que enalavam e expeliam ar, dai aquela caixa toráxica fora do normal.
Uns lábios finos, cada vez que debitavam sons, palavras, frases, pareciam musicas, se uma janela imaginária se abrisse de par em par, e só focasse aqueles lábios poderiam vê-los dançar ao som da sua música, da musica, da sua própria musica.
As suas mãos, as suas enormes mãos, eram rasgadas por grandes linhas, daquelas que se querem da vida, do amor e de muitas outras que só as ciganas conhecem os segredos. Eram umas mão cheias de Estórias, cheias de trabalho, cheias de grandes silêncios e segredos.
Era, era um enorme homem, um grande judicioso, um grande fazedor de carácteres.
A conversa com este homem, este sábio homem, a conversa, dizia, corria como as cerejas. Conseguia dizer, sem nunca o referir, que a vida, a "sua" vida levava uma direcção errada, muito errada, que as consequências poderiam ser graves, muito graves e irreversiveis.
Mas era a forma como o fazia, a sua calma, até a sua transpiração parecia falar, parecia desenhar no seu rosto respostas ás dúvidas, ás suas imensas dúvidas. Olhava para as mão aquelas mãos, que já foram desenhadas por ai, que hà muitos anos, mãos iguais foram, escritas, escrevinhadas e redesenhadas em grutas, há mesmo muitos anos. Aquelas mãos, que agora manuseavam com habilidade, uma pasta, era uma mistura, que só ele sabia e conhecia, era um segredo bem guardado que tinha sido transmitido pelos seus antepassados, de geração em geração.
Focava a massa, a mistura, mas gentilmente e suptilmente, fez-o olhar para os seus olhos, para aqueles olhos que pareciam uma televisão, estava a ver os erros que cometera, aqueles erros que poderiam modificar a sua vida para sempre, parecia ver, a sua morte ou algo parecido, estava algo deturpado. Os olhos iam dizendo coisas, tais como as mortes que iria provocar, os muitos “males” que ia fazer.
Aquilo ia mesmo acontecer ele sentia-o. Aquele velho sábio tentava dizer-lhe alertar-lhe, parecia encolher-se, cada vez que se soltavam coisas más na vida que estava a passar de relance naquela visão ou naqueles olhos, talvez não fosse muito nitido para ele, mas para o aborigene, era claro. A posição e pelo esgar de dor, pareciam facadas que se estavam a cravar naquele corpo cheio de história e de histórias era evidente que a vida seria um inferno e que tornaria um inferno a todos que tocasse, por isso... aquele alerta, ele o velho não era uma visão, mas sim um alerta.
De uma bolsa feita de pele, uma pele vermelha, bem curtida, curtida pelas suas mãos tirou, um cachimbo também ele vermelho cor do deserto, por onde toda a vida deambulou...
Agarrou no pedaço de qualquer coisa que manusiava, aquela pasta que só ele conhecia, enfiou com muito jeito, dentro do cachimbo. Acendeu-o, puxou com uma força infernal, esperou alguns segundos e expeliu um fumo cor de nada cá para fora, passou o cachimbo, ao nosso personagem, que naquela altura, no seu primeiro folego, caiu redondo no sofá, na sua primeira e ultima passa.(acordou 2 dias depois)


Apeteceu-me

“ Os alertas existem, mesmo que não se dê conta” Charles de la Folie

sábado, junho 25, 2005

LOUCURA V

Loucura V



(...) Isto digo eu que ninguém me ouve há sempre gente para tudo, com o tempo que ele passa sozinho...até que pode muito bem ter uma amante, mas não estou a ver ninguém com perfil para ele.
Contra mim falo, porque como posso estar junta com uma coisa destas, isto é mesmo uma obsessão, o melhor é mais um charrito, que é para a minha alma começar a levitar.
Ah, e como me costumam dizer, que tenho uns olhos lindos, e isso só acontece quando estou pedrada, o melhor é embelezar-me.
Por acaso hoje apetecia-me sentir o cheiro do Vasco, umh, o miúdo tem um cheirinho que é, nem sei como o descrever, e só de pensar que quando o conheci era virgem, aquela primeira vez, foi mesmo hilariante, nunca me tinha acontecido. O rapaz estava tão nervoso que não sei se “mijou” se teve um orgasmo ainda nem tinha tirado o “coiso” das cuecas, foi mesmo uma tarde daquelas que não me vou esquecer, adoro lembrar-me, faz-me sentir viva. E não só diverti-me como só eu sei o rapaz, está atónito a olhar para mim, os olhos pareciam sair das orbitas, ele que julgava que estava doente, naquele caso e naquela idade a ida ao Psiquiatra era sinónimo de estar maluco, por isso até que imagino aquela cabecita arejada a pensar. Era mesmo engraçado, adoro quando eles são puros e inocentes, com aquele sangue na guelra, mas quando são confrontados com o quer que seja, borram-se todos, mas é normal. O Vasquinho era assim mas era um querido, era mimado, um mimado áspero, daqueles que só apetece, esborrachar com beijos, além disso muito divertido, e depois deaquelas primeiras vezes um óptimo amante, que delicia, uma veradeira delicia, de “comer” e chorar por mais, ai se chorava, só de pensar, no animal que vivia comigo.
Mas não era só isso que me desanimava, mas ao mesmo tempo me animava, quer dizer, às vezes só faltava dizer a mim própria - óh Mónica vê lá se atinas, então és uma mulher séria.
Evidentemente que sou uma mulher séria, quando não me estou a rir, e não é por fazer amor com um miúdo que adoro, que deixo de ser séria, aliás nunca, quer dizer... nunca uma ova, é claro que sou casada, mas se alguém for casada com um energúmeno como o meu marido, que me condene, ou então que se cale para sempre.... pois bem me pareceu, pelo silêncio que eu tenho razão.
Mas o vasco além de muito meigo tinha uma sensibilidade que até doía, aquelas mãos depois de ensinadas, foram uma coisa, mas enfim porque estou agora a lembrar-me de uma coisa dessas. Sabia perfeitamente, que... que... mais ou menos era preciso também alguma coragem era preciso alguns jogos de sedução nesta altura já não era como à 5 anos atrás, agora tinha de haver mesmo sedução pura e crua, dura, sei lá. Só de olhar para a sala pensava que havia por ali muitos Vascos espalhados, e fui eu que os seduzi, ou por outra obriguei-os a seduzirem-me, mas os artefactos são assim mesmo, uns belos objectos de prazer e sedução, com eles não é preciso negociar grande coisa , só é mesmo preciso vontade, e força, não de vontade, mas, uma força interior de... ai, ai... acho que não vou aguentar muito mais, estava ali um com um aspecto apetitoso, e aqueles cremes deitavam um cheiro a sexo, a amor a prazer, os “gajos” que vendem estas “merdas” não deixam nada ao acaso, não deixam não. Aqueles cremes, os óleos, e sei lá que mais, bastava olhar, mais olhar e cheirar, isso gostava eu de saber, o que teria feito por ali, quer dizer eu saberia de certeza, mas, estava a ver ali uma coisa mais grossa, e estava a olhar e a rir-me cá para mim, que aquilo bem oleadinho, com o energumeno a dormir, era capaz de ser uma bela surpresa, seria? Caso para experimentar, o “gajo” dorme como uma bestinha, por isso posso sempre tentar divertir-me, arranjava-lhe um andar novo e poderia sempre dizer que foi o Cão Guru, bom ai o rapaz dava-lhe mesmo uma travadinha, depois de ter metido um pé na merda dele, agora ele Cão Guru meter um... na merda dele seria bonito, seria, mesmo lindo, magnifico.


Apeteceu-me



"A loucura sabe bem quando bebida fresquinha" Charles de la Folie


LoUcuRa SeXuAl
A rEvOluçÃo em MaRcHa
ProNtO a VesTir

quinta-feira, junho 23, 2005

PELA SUA SAUDE

Pela sua saúde...


“ Pela sua Saúde Fume ”, mais dia, menos dia deve ser este o spot publicitário ou o aviso como queiram, que deve abundar pelos maços de cigarros. Com o aumento do imposto dos cigarros e a sua aplicação na saúde, presumo que a campanha de sensibilização para não fumar vá por água abaixo. Com que direito agora, um médico vai dizer: “olhe você têm de deixar de fumar, não pode fazer sob pena de poder ser despedido”. Não vendem cigarros não há imposto. Não há imposto não há dinheiro. Não há dinheiro não podem pagar aos médicos, não há manutenção dos hospitais, não há material novo. Em suma não há Saúde. Por isso já estou a ver, em vez dos técnicos de propaganda Médica, os técnicos de propaganda tabagistica. Uma seita, que vai invadir as portas dos hospitáis, centros de saúde, clinicas e até as maternidades. Aí o slogan deve ser do tipo :

-” Não sofra mais em vez da epidoral, fume um cigarro melhoral”.



E a tendência a esta furiosa vontade de mandar fumar, vai agravar-se, porque a promessa é que o imposto aumente muito nos próximos anos, porque, quanto mais se fumar, melhor saúde. Agora penso que vai haver uma nova espécie de fundamentalistas: Os fumadores pela sua saúde”.
Estou a ver as senhoras ao domingo à porta da Igreja a evocar todos os santinhos para que se fume, pois os doentes precisam da nossa ajuda.
Um dia destes há uma alma iluminada que se lembra e pede para aumentar os impostos sob o álcool e ai passamos a ter uma briga titânica: pelos técnicos de propaganda tabagistica, pelos técnicos de propaganda alcoólica. Mas como estamos num país de brandos costumes, estou a ver duas novas classes a partilharem experiências e a trocar brindes.
Ou seja, festas de arromba porta dos hospitais, dos centros de saúde e afins em plena hora de expediente.
Falta uma parte importante: o “chop, chop”, vulgo, comida. Falta comida, um enorme imposto sobre a comida. Que provoca Hipertensão. - Aquela coisa que mais mata em Portugal.
Tínhamos o Baile completo, os médicos já podiam dizer para se fumar:


- Oh meu amigo você pela sua “Saúde” coma toucinho com fartura (100% de imposto para a saúde), depois beba um vinho de excelência (99% de imposto para a saúde) e no fim fume uma cigarrada ( 88% de imposto para a Saúde) e no fim se se sentir ainda bem beba um belo bagaço ( 120% de imposto para a saúde).


E assim a nossa Saúde endireitava-se de certeza absoluta.
Para quê prevenir? Para quê as campanhas de sensibilização?
Impostos é que está a dar.
Portanto já sabe quanto mais fumar, mais se pode aumentar os ordenados aos médicos, pagar-lhe as horas extraordinárias, e comprar-lhes “batas” novas (esta das batas era dispensável) mas também os impostos.

RECOMENDO

Apeteceu-me


"Nem sempre o fumo nos mata ás vezes dá-nos sinais"
Charles de la Folie

terça-feira, junho 21, 2005

Cada Lua, cada lunático!

Cada Lua, cada lunático!



Finalmente... sentei-me!
Hoje o dia não foi fácil... Passei o dia a ouvir - "Ó Traquinas, acordaste com o cú virado pá Lua???"
Dai aquela bela frase, o sorriso da lua, mas porque será?
Ainda ontem pensava eu que a corrida do dia anterior, era uma corrida medonha, cheia de graça e agua benta.
A verdade é que não estava virada para os sorrisos e todos me pareciam amarelos e cheios de cáries.
Um enjoo de meia-noite e ainda não passavam das 4 da tarde.
Essa era aquela hora, a hora que ninguém desconfia, ou será que desconfiam?
Pode ser que sim. Por essa hora andava eu com um tubo na boca, ou seria um daqueles respiradores idiotas, que o tarzan usava quando se deslocava a Peniche?
Desconfiavam mais, se fosse 4.30... a famosa hora Coca-cola Light, mas eu continuava com o tubo do Action Man... ou será do Tarzan... bem, não sei!?
Não interessa... só fazia contas de cabeça.
Mas de cabeça ouvi falar que só o Jardel, mas mesmo assim já ninguém tem aquelas palavras de outrora, ou seja, uma mulher alucinada com vontade de jogar a cabeça do marido de encontra um comboio, mas coisa pouca... a partir dai ele foi considerado uma cabeça ao vento, ou seria ao fumeiro?
Como vi que daqui já não saía nada altamente produtivo, ou seja, que trouxesse algum benefício à Humanidade, decidi por unanimidade (cabeça, tronco e membros), atirar-me à primeira caixa de Donuts que apanhasse. Foi o azar da Felisberta... cantou aos quatro ventos, como encontrara um esconderijo bestial, para os docinhos.
Filha da mãe! Já foste!!!
Não, como poderia alguém ir com tantos doces e donuts, aliás não seria bolo rei?...não estás a ver o D. Duarte, com um gorro na cabeça a fazer de cozinheiro? Eu não acredito que aquele programa estivesse a dar... como poderia realizar aquele desejo se tinha um piercing na unha do pé?
Tal foi a moca de glucose, que fui acordar vestida de sapo Cocas, a pensar que era o Sapo Xixi e passei a noite a dizer: "Comando na mão e carrega no botão!"
Tal foi a crise, que passei ao pé dum prédio em construção e oiço em coro: "Vem cá carregar no botão, óóóó Sapinho!!!!".
Foi ai que o mundo acordou...comando na mão a lamber o sapão...
Acordou tudo com uma moca a rebolar no chão.


Post-it verdes, escritos por Tânia Traquino (Moon do Universo Inculto) e Carlos Barros (Kula da República dos Pêssegos), dedicado ao Homem Invisível, também conhecido por Miguel M. (aquele que será sempre o Chá no Deserto)... o nosso querido amigo.

"Olhós post-it QUENTINHOS!"



Apeteceu-me

"Quero saber sempre para onde vou, para não ter de ficar"
Charles de la Folie

sábado, junho 18, 2005

FLASH

Flash


(...) Estava mesmo a beirinha, um pequeno balanço,um pequeno descuido ou propósito, caía da ponte mais alta da terra.

(...) Que dia mais esquisito, o tempo custava a passar, nunca mais chegava a hora que tinha marcado para saltar.

(...) A morte por mais que se pense não tem hora marcada, quando chega, chega e deixa um enorme vazio, que se vai apagando devagarinho, muito devagarinho e a muito custo das nossas vidas, por isso aquele salto não fazia sentido, mas era sua convicção aquela filosofia de vida.

(...) Além do tempo não passar, as nuvens estavam carregadas de ódio, estavam cinzentas, cheias de energia, as dores cabeça... só podia ser energia negativa.
Ficava a dúvida, uma dúvida, porque adorava estar a janela a ouvir trovejar, e a ver os relâmpagos nas suas mais variadas formas? Adoraria algo de mau, de ruim?






(...) O corpo estava humido, humido de suor, não de prazer, apesar da adrenalina que aquele salto poderia trazer.. noutras circunstâncias pensaria que saltar de uma ponte é adrenalina pura, o suicidio em si pode dar, ou trazer, ou transmitir, ou descarregar, ou mesmo.. isso porque não isso, mas nunca vai ter tempo para saborear esse prazer essa descarga essa adrenalina.

(...) Que pensamento se podia ter naquela altura, aliás porquê pensar numa situação daquelas, porquê!? Os pensamentos devem fluir, vaguear, alucinar quando, pois quando... ainda há descernimento para o fazer. Podia sonhar, mas seria um sonho que terminaria num pesadelo.

(...) As nuvens continuavam cinzentas, o estado de espirito acompanhava as nuvens, naquela viagem negativa, uma viagem que à partida sabia que ia ter fim. Havia silêncios por todo o horizonte, por muito que o barulho do dia a dia pairasse por ali, era um enorme silêncio, talvez fosse mais um enorme vazio.

(...) A hora estava quase a chegar, fazia confusão como iria chegar lá abaixo, como iria ser a sua forma, como iria estar, aquelas “coisas” todas, aqueles pensamentos deixavam-no ainda mais ansioso, mas porquê? Porque teria ele tanta ansiedade para chegar lá.. porquê !? se a hora estava marcada.

(...) Ao longe começava a ver os flashs dos relâmpagos, mas o som não os acompanhava, claro que sabia, toda a gente sabe que a velocidade da luz é muito mais rápida que a do som, aliás ele era engenheiro, sabia isso perfeitamente, mas estava muito longe tão longe, que o som não chegava... e visto dali de cima.. era um espectáculo.. sem dúvida fantástico.

(...) A hora estava a chegar, o céu estava avermelhado, podiam ver -se os pássaros a cruzar os vários cabos de tensão que seguram a ponte, ou que a suspendem. Naquela altura estava também suspenso a sua vida, a sua alma, o seu espirito. Estava ali parado e em nada pensava, até que.

(...) chegou a hora... suspirou... chegou a hora, arrumou tudo religiosamente, como se no outro dia viesse a precisar, ou se voltasse ali aquele local, naquele momento susteve a respiração como quem vai mergulhar num profundo sonho de agonia no meio das chamas do inferno.

(...) atirou-se, pulou, saltou, o termo certo voou, do cimo daquela ponte ainda em construção, cá em baixo, quando chegou cá abaixo, quando aterrou no ultimo degrau cá estava ela á sua espera.. não.. não era a morte...
era a sua nova namorada.


Apeteceu-me

“ A vida percorre um caminho, mas nem sempre a vida deve correr.”
Charles de la Folie.

quarta-feira, junho 15, 2005

LOUCURA IV

Loucura IV


(...) Pois não fosse o ronco ele bem poderia estar morto, mas que lhe podia dar uma coisinha má podia, mas também faz-me confusão esta maldade na minha cabeça, bastava mandá-lo à mãe, era muito mais fácil, ele não faz népia a uma porrada de tempo, se ainda tivesse filhos, agora um gajo que vive à minha conta, só quer é sofá?
Ora que porra aqui o sofá paga-se, ou não fosse o melhor e grande apetrecho dos psiquiatras, lá por ser casado comigo ou amancebado comigo, devia de pagar, quanto mais não fosse em géneros, mas o estúpido nem isso ela anda muito acomodado mesmo.
Mas dar-lhe uma coisinha ruim não é suficiente, porque assim não dava para eu retirar prazer nisso, acho que ele têm de sofrer ás minhas mãos, ter assim uma paralisia, parcial, ia dizer cerebral, mas o coitado já não pensa grande coisa.
Eu penso é que um dia destes estou no sofá não tarda, bom espero que seja mais rápido do que se possa pensar, acho mesmo que 5 minutos depois daquela carta chegar ás mãos do Vasco, rebenta ai uma excursão, de gente... bom mas o Vasco têm a primazia.
Só de pensar naquilo que eu e o miúdo já fizemos, mas apetece-me pensar numa boa maldade para o energumeno, tenho tempo para pensar no Vasco e no Pilitas, e quem sabe no Cão Guru, pois quem sabe!?
Deixa cá ver um bom castigo, hipnotisa-lo, e mete-lo por ai com alguém a filmá-lo, todo nú, bom todo nú era uma maldade demasiado grande para as pessoas e não para ele, mas imagino que ele por ai a fazer de galinha tinha alguma piada, as galinhas até que são os animais mais porcos que conheço, deveria ter alguma graça.
Não esta, não me parece, mas dar-lhe por exemplo uns soporíferos, levá-lo para o cimo de alguma coisa, por exemplo de uma torre da igreja, e meter-lhe a cabeça dentro de um sino, e fazer com que aquilo tocasse umas duzentas vezes era capaz de ter graça, muita graça mesmo, imagino que saísse dali com a cabeça a vibrar, a cabeça e outra coisas, uiiiii até que não seria mal pensado, aquela vibração toda mete-me em ponto de rebuçado e como a cabeça dele esta toda atrofiada, nunca se lembraria do comboio que lhe tinha passado por cima, ando com uma vontade, que até atrofio.
Podia pensar noutra coisa, cortar-lhe o pirilau e deitar-lho aos porcos com ele a ver os porcos come-lo, ui até a mim me arrepia, mesmo ele merecer esta maldade, tenho de pensar que um dia pode ser o único homem a face da terra e eu já não conseguir manipular os meus apetrechos, por isso é melhor não!? Fica como reserva, das reservas, das reservas....
Mas quanto mais me tentava concentrar numa maldade mais me lembrava de coisas parvas, estava-me a lembrar de um paciente meu, porque será um paciente? Eles pagam e ainda têm de ser pacientes? Que parvoíce, mas estava a pensar num cliente meu, que têm o trauma do Peter pan, e estava a lembrar ou a pensar como o Capitão Gancho teria morrido, acho que foi mesmo a coçar os tomates, desculpem lá este foi o momento Zen, de coisa alguma, é a erva a subir-me a cabeça, a erva do Pilitas é mesmo boa.
Estava a começar a sentir um enorme balanço para o meu dia, e que dia, acho que ia ser fantástico, pouco passam das 9 horas da matina e eu estou com uma velocidade que até me apetece gritar. Não fosse tão cedo e que até ia um Gin tónico, se ia, com uma bela rodela de limão, uma quantas, pedras de gelo e pimba. Espera lá por falar em Gin, se o energúmeno fosse de tomar banho, atirava-lhe para lá o secador que até os cabelos do rabo batiam palmas, mas isso ai, estorricava-lhe, e dai talvez não com aquele sebo todo é capaz de estar protegido por alguma coisa, quem sabe, quem sabe, mas que era bonito de se ver era, com os cabelos todos em pé cheio de electricidade estática, imagino os pintelhos tipo clips de arame abertos todos espetado, hahahahah.
Não sei como aquele gajo ainda dorme com o xinfrim que tenho feito por aqui, mas a besta é mesmo assim, todo o santo dia assim sai da cama vai para o sofá, deve ser para descansar de ter dormido tanto, só pode, este só pode é mesmo sem PH, porque ele, nem digo, nem digo.


Apeteceu-me


"O nosso sorriso é o culpado de muitas más disposições"
Charles de la Folie

segunda-feira, junho 13, 2005

HOMENAGENS

ALVARO CUNHAL 1913 - 2005




"Olhe que Não DR, Olhe que Não!" (6 de Novembro de 1975)


Fuga de Peniche


"A famosa fuga de Peniche foi uma das mais espectaculares da história do fascismo português, por se tratar de uma das prisões de mais alta segurança do Estado Novo.

No dia 3 de Janeiro de 1960 evadem-se do forte de Peniche: Álvaro Cunhal, Joaquim Gomes, Carlos Costa, Jaime Serra, Francisco Miguel, José Carlos, Guilherme Carvalho, Pedro Soares, Rogério de Carvalho e Francisco Martins Rodrigues.

No fim da tarde pára na vila de Peniche, em frente ao forte, um carro com o porta-bagagens aberto. Era o sinal de que do exterior estava tudo a postos. Quem deu o sinal foi o actor, já falecido, Rogério Paulo.

Dado e recebido o sinal, no interior do forte dá-se início à acção planeada. O carcereiro foi neutralizado com uma anestesia e com a ajuda de uma sentinela - José Alves - integrado na organização da fuga, os fugitivos passaram, sem serem notados, a parte mais exposta do percurso. Estando no piso superior, descem para o piso de baixo por uma árvore. Daí correm para a muralha exterior para descerem, um a um, através de uma corda feita de lençóis para o fosso exterior do forte. Tiveram ainda que saltar um muro para chegar à vila, onde estavam à espera os automóveis que os haviam de transportar para as casas clandestinas onde deveriam passar a noite.


Álvaro Cunhal passou a noite na casa de Pires Jorge, em São João de Estoril, onde ficaria a viver durante algum tempo.

Esta fuga só foi possível graças a um planeamento muito rigoroso e uma grande coordenação entre o exterior e o interior da prisão.

Do interior a comissão de fuga era composta por Álvaro Cunhal, Jaime Serra e Joaquim Gomes. Do exterior, organizaram a fuga Pires Jorge e Dias Lourenço, com a ajuda de Otávio Pato, Rui Perdigão e Rogério Paulo."



EUGÉNIO DE ANDRADE 1923 - 2005




Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos.
Era no tempo em que o teu corpo era um aquário.
Era no tempo em que os meus olhos
eram os tais peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade:
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus

Eugénio de Andrade


Apeteceu-me


"A Hipocrisia não nos leva as memórias, fortifica-as"

Charles de lá Folie

sexta-feira, junho 10, 2005

JOGO de CINTURA

Jogo de Cintura.



.


Lembram-se da Maria Armanda, que cantava “ Eu vi um Sapo, um grande sapo” .
Era uma menina amorosa que ganhou o Sequim d’Ouro, naquela altura esse feito foi quase ao nivel da medalha de ouro do Carlos Lopes ou da entrada de Portugal na C.E.E..
Bom, hoje a Maria Armanda já é bem grandinha, e já não é anorosa como era. Mas podia fazer uma “remix”, da sua Musica, tipo : “ Eu engoli um sapo, um grande Sapo, lalalallaalal”. E que grandes sapos tenho engolido ultimamente, eu que odeio sapos, por outro lado adorava perninhas, claro que todo o homem que se preze adora perninhas, mas não falo “nessas” perninhas, falo de perninhas de rã, muito eu gostava de comer as ditas, só que um dia dei por mim a olhar para a sua origem e vi que eram originárias da Indonésia e como bom Português deixei de comer as perninhas. Um dia dei por mim a pensar que algures no outro do lado do mundo, devia de estar um Indonésio preocupadissimo por um português não consumir as ditas perninhas, mas enfim, hoje dou por mim a pensar que os Portugueses já se esqueceram de Timor. Aliás pelo que vi 8 dias depois ouve uma grande maioria de Portugueses (ainda me tem de explicar esta maioria ) que se esqueceram por exemplo que tinha dito que Trapattoni era o maior, ora 8 dias depois voltava tudo ao mesmo o rapaz era mesmo muito mau, mas acho que o pior não foi isso o pior foi mesmo terem percebido que só por milagre esses ditos campões o foram, porque aquilo que viram no final da taça era realmente a verdade, os árbitros é que jogam.. enfim. Mas do outro lado da segunda circular não se podem rir muito, apesar da memória curta dos portugueses, o melhor futebol do mundo praticado pelo Real Madrid, foi o tal treinador que o conseguiu, a imprensa Espanhola fartou-se do afirmar quando viram o D. Sebastião Madrileño.. (que também só lá ficou 3 semanas) que fala-se que pode regressar. Mas o tal treinador de Coruche falta-lhe mão, não é que seja maneta, é mais Peseiro, mas não tem mão no balneário, há quem diga que só falta pedir autografos aos jogadores. Com história dos Sapos, perdi-me o que eu queria mesmo falar, é que agora ouvi por ai o P.R. a apelar ao patriotismo de cada um, um dia deste e pelo andar da carruagem, se a carruagem andar porque não sei se há “papel” para a meter em andamento, mas dizia eu que por este andar, acabam com o subsidio de Natal e oferecem-nos um Cinto, pode ser um qualquer, comprado numa loja dos 300 (agora 1,5 €) ou num chinês qualquer, desde que tenha muitos furos abaixo da nossa cintura. Tenho uma Amiga minha, que tinha um Psiquiatra, quer dizer tinha é uma força de expressão bem Portuguesa, somos donos de tudo, é a União Europeia do Durão, é o ACNUR do Guterres, è a Jordan do Tiago, o Real do Figo, o Chelsea do Mourinho, somos donos de tudo, eu quando era pequeno também tinha muitas namoradas elas é que não sabiam, já mes estou a estender. Voltando a minha amiga o Psiquiatra dela dizia-lhe :
- o que é preciso é Jogo de Cintura.

Apeteceu-me


"Porquê o jogo se podemos ser nós próprios!" Charles de la Folie

quarta-feira, junho 08, 2005

MÁSCARA

Máscara



(...) Aquele olhar, era um olhar diferente, era diferente de todos os que já tinha conhecido. Era gelado, fechado, impenetrável, aquele olhar assustava, assustava de uma maneira cínica e clinica.
Não era má pessoa, nunca foi nem parecia, mas não se conseguia sentir o que lhe ia na alma, os olhos não expressavam nada, eram de difícil leitura, pior não se conseguia chegar lá ao fundo, ao fundo deles.

(...) Ninguém entendeu aquela atitude, talvez nunca ninguém a venha a perceber, naquele dia quem o julgou, e o andou a julgar durante anos deve se ter arrependido, mas gente dessa não tem escrúpulos.
Estava ajoelhado sobre si, cabeça prostrada nos joelhos tinha as suas mãos queimadas.

(...) Os olhos eram suportados por uma face que transmitia calma, uma face delgada, com umas orelhas salientes, um nariz arredondado, vulgo nariz de batatinha. Mas aquele olhar, aqueles olhos que coisa estranha, muito estranho, mesmo estranho, o som que saia da sua boca não condizia, era estranho a maneira de falar, não ligava a voz com o olhar, muito menos o articular dos lábios com a maneira que os olhos gingavam.

(...) Tinha as mãos queimadas, mas nem por isso se queixava, via-se na sua cara uma máscara de sofrimento, um esgar de dor, mas não se queixava.
Quando foi preciso avançou sem hesitar, não pestanejou, não perguntou a ninguém, simplesmente avançou, quando olhou a sua volta...

(...) mais que uma vez pensou, porque seria que as pessoas se preocupavam com o seu olhar, não entendia, nunca usou uma máscara era assim, e mais não podia fazer, mas arrepiava-se de pensar que lhe poderiam um dia roubar os seus olhos, mas isso era um pesadelo um pesadelo meio estúpido que chegava todos os dias... a mesma hora, mas depois acalmava.

(...) olhou de uma maneira, aquela que tinha claro... olhou a sua volta e não estava ninguém... ninguém mesmo a sua volta, fugiram, acobardaram-se e abandonaram-no. Não era isso que o demovia, não era mesmo, avançou de uma maneira decidida e nada o demoveu .. o seu rosto estava fechado, protegia-se, isolou o seu Cérbero, deixou os seu pensamentos voarem, e foi....

(...) A cor, qual era a cor, teria que Ter uma cor, ou podia a imaginar ? mas os olhares não tem cores! E a intensidade com que se olha, poderá se medir a intensidade de um olhar? Aqueles olhos não falavam, pareciam mortos, não cegos, mas mortos, algo se tinha passado por ali, algo de muito grave, algo de muito sentido. Mesmo sem olhar ela era uma mulher linda.

(...) no meio de todo aquele inferno conseguiu, visualizar o que queria, o seu objectivo, tinha de lá chegar a todo o custo, e depois teria de voltar mas ali, primeiro teria de chegar, tinha de conseguir. Estar por vezes é mais difícil que chegar, mas tinha mesmo que chegar, e não podia ficar, rapidamente tinha de tomar em seu braços e abandonar o local, muito rápido mesmo.

(...) naquele dia entendeu, que as pessoas são o que são, o seu olhar estava morto porque nunca quis acreditar nele, mas ele era um bom homem, a verdade é que ele era a melhor coisa que lhe tinha acontecido, apesar de preferir ligar mais a opinião de outros, os mesmos que fugiram e acobardaram-se quando ele arrancou destemido.
O seu olhar só voltou, no dia em que ele lhe disse que a perdoava, ai a sua máscara caiu. Dos braços queimados saltaram aquelas flores brancas que ela tanto gostava.


Apeteceu-me

“Perco-me em pensamentos que não são meus, porque teimo em não ser eu “
Charles de la Folie

domingo, junho 05, 2005

LOUCURA III

Loucura III



(...) Antes mulher que um híbrido qualquer, lá vou eu falar do energúmeno, coitado é tão bonitinho quando dorme , que lindinho, é mesmo uma pequena maravilha, por mim ficava assim “adi eterno”, estava capaz de lhe dar uma marretada, mas o melhor é não pensar nisso coitada da marreta, aliás coitado de tudo o que lhe toque mas interrogo-me eu porque não o mando para ... pois para, era o melhor a fazer, pelo menos começava a ficar menos stressada, mas enfim. Vou beber o meu cafézinho à sala e ver se há brocas ou não, oh não ai que horror, até fiquei vermelha o café ia-se baldando todo para fora, e ai “jesus” os apetrechos todos por ali a rebolar, pelo chão e pelo sofá, ainda bem que não veio a empregada, que ninguém foi convidado a entrar e o energúmeno está a dormir, porque ia ter uma coisinha ruim, quer dizer podia sempre dizer que aquilo era do outro que anda atravessar uma fase má da vida, podia ser uma coisa assim do género, eu tinha aqueles apetrechos todos? Nunca tinha dado conta, até uma coisa para coisar as coisas? Onde é que eu arranjo isto? Estava a ficar enervada em todos os sentidos, aquilo estava-me a deixar nervosa até estava com medo de agarrar aquela coisa, e o que era verdade, é que aquilo ali me deixava atarantada, deve ter sido uma noite e pêras eu sempre disse que o champanhe me põe doida, ninguém me ouve. Ninguém me liga o pior é que nem eu e pelos visto dei utilização aquilo tudo e de que maneira, e de que maneira, bom mas o cheirinho a sexo, que se passava naquela sala nada, era bom era agradável além de me excitar muito, não tinha aquele cheiro que de quando em vez fica no meu quarto, um cheiro horroroso, a bedum misturado com, sei lá o quê, ali via-se que a coisa tinha sido requintada comigo própria até velas, milhares de velas, estava a ferver, apetecia-me loucamente, era trágico, era mesmo trágico, umh deixa-me ver para que isto serve, três bolinhas num cordel, parece que não precisei de livro de instruções ontem. Aqui há duas coisas ou tenho dupla personalidade ou então, ou então o champanhe faz-me uma nova pessoa, constrói-me uma nova alma, uma desavergonhada, mas uma muito boa desavergonhada, adorava conhecer-me, adorava olhar para os meus disparates e introduzir novos dados na minha vida era óptimo, parecia que lhe dava um novo código genético, quer dizer, dava-me muito prazer e dá-me, nem imaginam quanto, não sei bem se é quantitativo, achom que não a escala de prazer é mais ou menos pessoal. Não me estou a ver dizer a alguém: - é pá tive um orgasmo do tamanho de um melão, ou – tive um orgasmo daqueles que tinha mais ou menos o tamanho da tua televisão. Não quando é bom é bom, quando é muito bom é mesmo muito bom, é o que eu penso, e como terá sido ontem? Pela disposição dos apetrechos de tudo o que me rodeia, das velas, sei lá , do que se passou ontem, até tenho medo de dizer, mas, pois. Outra coisa que me está a intrigar é um coisa fálica que está por ali com uma ventosa, na extremidade mais grossa, ai que me dá uma coisa, aquilo é para se segurar em qualquer lado e.... acho que aquele até dá prazer no tecto. A noite foi mesmo boa já percebi, até pela leveza que me sinto estou meio, abananada, mas uma garrafa de champanhe faz mossa, claro que faz, mas esta boa disposição, e só precisei mesmo do café e agora esta bela ervita, para dar o toque final, não é normal, não costumo andar por ai a fumar ganzas, mas há dias e dias, e este é um desses dias, têm todos os ingredientes para um dia em cheio.
Têm uma historia rocambolesca que vai dar que falar, têm uma data de gente com ressacas que até doem, vai haver por ai ciumeira que é obra, anda por ai uma mulher para cima e para baixo que não faz a mínima ideia da bomba que trás na mão, o energúmeno está a dormir que até parece que está morto, não fosse aquele ronco que parece uma traineira em perfeita laboração.


APETECEU-ME

"Porquê Pensar se podemos sonhar?" Charles de la Folie

sexta-feira, junho 03, 2005

1 SEGUNDO (Apenas)

1 Segundo (apenas)


(...) O remate era de uma violência impressionante, faltava muito pouco tempo para o jogo terminar...
... Estava uma tarde primaveril, no Estádio corria uma aragem de arrepiar a espinha, não é que fosse uma aragem vinda do artico ou coisa que o valha, mas sim porque naquela tarde, naquele jogo decidia-se muita coisa, as pessoas vibravam, gritavam. A festa estava bonita, era bonita, mas alguém ia sair triste dali.
A uns 25 metros da baliza, um dos jogadores fintou um adversário, simulou sobre outro, fixou a baliza, naquele momento, todos os movimentos pareciam ser feitos de uma violência demedida e barata, mas não, era em esforço, mas não era violento. Armou o remate, a bola saiu do seu pé com uma força brutal, estava ali colocada toda a esperança de um ano, estava ali a sua tristeza ou alegria, estava ali o seu momento de glória, um momento que podia transformar a sua vida, em menos de 1 segundo tudo podia mudar, a sua vida, o jogo, muitas familias apaixonadas pelo clube, muitas coisas mesmo, algumas que nem sequer estão ao alcance da imaginação de quem desferiu aquela ponta de esperança.
Por vezes parece.. mas ali dentro não se trata de vida ou de morte, mas.. mas lá dentro fica o suor de muitos dias de vida a treinar no duro em que se chega a casa cansado de morte, de vida ou de morte nunca, aliás falar nisso num jogo, que não é o jogo do dia a dia, o jogo das nossas vidas, parece-me demasiado cruel para quem pouco ou nada ganha para o sustento das suas familias e trabalha de sol a sol.
Pouco menos de 1 segundo, em pouco menos de 1 segundo sabe-se , quem fica triste quem fica alegre. Do outro lado.
Pés fixos na relva, pernas flectidas, braços descaidos sobre os calções onde os puxava, para não lhe prender os movimentos, o seu olhar era como uma auto estrada em direcção à bola, ali não havia mais nada a não ser a bola, um esférico, que pesa pouco mais que 400 gramas ou coisa o género, branca com efeitos pretos que com velocidade, parece fazer aquelas sombras chinesas, que se projectam com as mãos na parede.
A sua concentração era enorme, na altura em que o remate é solto, ou desfraldado com aquele pontapé fogoso, impetuoso, irasível, sei lá colérico, naquele momento, susteve a respiração e tudo parou à sua volta.
Ficou um silêncio ensurdecedor, a sua volta parecia ter ficado um vazio enorme, falamos em apenas 1 segundo ou menos, uma fracção apenas.
Nas bancadas, podia-se ver que havia gente a gritar. Naquele momento, os olhares estavam todos em cima dele, os casais agarravam-se alguns vincavam os dedos nos braços dos parceiros, ou vizinhos, de tanta força que faziam, os movimentos das bandeiras pareciam uniformes, os cachecois em cima, as gargantas pareciam estar afinadas e a espera do momento ideal para soltarem cá para fora toda tenção que se reuniu, que se foi guardando, o momento mais desejado por muitos.
Mas o momento agora era de outro personagem. Ali estava ele cara a cara com o seu utensilio de trabalho a bola, estava a estuda-la tinha uma fracção, só uma fracção para a estudar, para ver a sua trajectória, que caminhos queria tomar, pra onde ia viajar, não a podia deixar ganhar vontade própria, os seus olhos, pareciam querer fechar, para o seu pensamento ir mais longe, muito mais longe. Abstraiu-se de tudo, sabia que nas suas mãos podia estar a alegria ou tristeza de muitas gente, muitas pessoas, muitos adeptos, muitos e muitos seres, que vivem e respiram futebol no seu dia a dia, que fazem disso não o seu modo de vida mas o escape das suas vidas. Naquele momento, no momento que decidiu, que viu, que analizou, que observou que sentiu... deu um salto em frente vincou os pés nas relva, flectiu as pernas, ganhou elasticidade, pulou, voou, o seu corpo esticou-se por complecto, soltou-se do chão, naquele momento naquela fracção de segundos, deixou de estar em contacto com a terra, com o solo, com a relva, os seus olhos fixavam atentamente a bola, o seu caminho... por momentos, pensou em fechar novamente os olhos, mas não o fez, esticou um dos braços abriu a palma da mão, da sua enorme mão, onde uma enorme e fofa luva a envolvia. Naquele momento, onde já nada mais importava, aquele “Segundo” aquela fracção de segundo terminava.


Dedico este texto a uma pessoa que gosto bastante, chama-se RICARDO é Guarda Redes do Sporting e da Selecção Nacional.



E já agora obrigado Rui Jorge foste grande em Alvalade

Apeteceu-me

" Quer se queira, quer não tudo se passa numa fracção de segundos" Charles de la Folie

quarta-feira, junho 01, 2005

BANANAS QUENTES

Bananas quentes



Passo pelo menos 8 meses do ano a ouvir. - “Bolas nunca mais chega o calor, estou farto deste frio”. Não falo de uma pessoa em particular, falo nas mulheres em geral, depois deste 8 meses, é um ver se te avias, aquela ladainha que mais parece um carpir, passa:
- “está um calor insuportavel, não aguento mais este calor(a verdade seja dita, nunca falam em frio)”.
Do outro lado da barricada há aqueles que passam a vida a dizer,(pelo menos 8 meses) que este campeonato é uma porcaria, nunca mais vão ver a sua equipa se “X” lá se mantiver deixam de ser do clube. Depois passam 4 meses a tentar saber quem é o novo reforço nunca mais chega o campeonato isto assim é um marasmo.Adiante isto não interessa para nada.
Há uma nova classe, que anda por ai, são os gajos do “Cinto”... havia uma musica que era . – “ Oh Zé aperta o laço, oh zé aperta-o bem...” que bem podia ser: -“ Oh zé aperta o cinto,oh zé aperta-o bem” (tudo isto rima com Zé Ninguém).
Esses gajos do Cinto nunca tem frio e o calor não aperta com eles, estão quase de férias, com ordenados chorudos, quer dizer não são bem ordenados são mais subsidios, subsidios de porra nenhuma, ou de porra alguma e o que é certo, é que mesmo não sendo do governo esse “gajos do Cinto” GOVERNAM-SE muito bem.
Estava aqui a pensar em ir de férias para as Seixelles, mas não consigo ir mais longe que o Seixal, mas esses gajos nem pelo Seixal passam... olha lá!!! (não olhes que podes cegar, é só uma força de expressão) mas depois dá-me algum gozo, para virem à minha praia tem de pagar que se lixam...por isso é que eu digo... a Caravana ladra e os cães passam.
O Calor anda ai, e parece que é para ficar, se não for aqui que seja no Inferno.

Apeteceu-me
“ A frescura da nossa mente não deixa que outros nos torrem a alma” Charles de la Folie