quarta-feira, dezembro 28, 2005

BINOC


Há uns tempos atrás, entrou-me um amigo pela minha sala dentro e diz: tens de ir ver este blog. Esse amigo meu, ou o meu amigo como queiram (esta é uma formula de encher o texto, e esta outra) dá pelo nome de Adamastor e reina no SUBSTRATO.
O tal blog, encheu-me as medidas e fiquei logo invejoso de que teve tamanha ousadia e criatividade.
Falo do ABRUPTO SEXUAL do Blogger reconhecido internacionalmente Bino.
Já não me lembro porque estou a escrever isto, áh já sei. Tudo porque estava a ouvir uma música e de repente comecei a imaginar o Bino.
Com aquele ar indonésio e cabeleira farta, de estrela da musica asiática, vestido de cores garridas e de bengala. O pior é que no meu imaginário o Bino usa fio dental, não me perguntem porquê, mas usa.





A grande verdade é que eu escrevo consoante a música que ouço e nunca o contrario, não procuro uma música que se encaixe, mas um texto que se encaixe na música.
A outra verdade é que nem sempre isto se aplica…. Baralhados? Claro que sim eu sou um baralhado por natureza, não muita, mas adoro viver na confusão. Mas que confusão, nenhuma mesmo. Tudo isto para dizer Bino és o Maior.

Apeteceu-me

"A vida é feita de amizades, mas nem sempre feita de amigos" Charles de la Folie

quarta-feira, dezembro 21, 2005

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Apetecia-me desejar as boas festas a todos... mas isso não é o que faz toda a gente?
Não sou, nem nunca serei convencional. É claro que acredito no espírito de Natal, mas esse, partilho com os meus filhos, porque eles (ainda) são puros!!

(…) Lembro-me para os lados do Caribe, no tempo em que nasceram os Bandoleros.
Eram homens nobres, que cediam generosamente parte do que haviam roubado. Verdadeiros “Robin dos Bosques”, mas estes não são histórias, nem contos, nem hipocrisia alguma, “estes” existiram e deixaram um legado.
(…) O calor sufocava, a suas botas feitas a mão e por medida, arrastavam atrás de si uma imensa nuvem de pó.



O seu casaco de pele grossa, bordada a branco, com cordões que saíam da sua imaginação. Usava umas enormes esporas, mas somente para intimidar, naquela altura os cavalos ainda dormiam em sonhos distantes. Arrastava-se por aquelas paragens, com a boca esbranquiçada de saliva seca que esperava pelo momento de poder encontrar uma fonte para brutamente encher de agua todo a sua vestimenta com a água a escorrer pelos cantos da boca… como os porcos. A sua barba era cerrada e rala, meio esbranquiçada… lamina, somente o fio da sua inseparável faca com o cabo em madrepérola, oferecida a muitos anos pelo seu avô.
A sua volta, um horror, um deserto de ideias, um vazio de cores, um interminável rasto de coisa alguma, assim como os dias, os intermináveis dias, de dia nenhum.

Esta não é uma história, nem um conto de Natal, muito menos um estado de espírito, mas é a vida de um homem que nasceu para salvar um povo, numa ilha para os lados do Caribe. Perdeu-se na vida, perdeu a sua alma, conquistou um povo no ano em que nasceram os Bandoleros.


Apeteceu-me



“O espírito muitas vezes morre de tédio dentro de nós”! Charles de la Folie


A todos um bom Natal, Bino chega aqui ao pé de mim...sim eu estou constipado... é Pardal.
Beijos e Abraços e Boas Festas (no pelo que quizerem)

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Dá-me um desejo

Cada vez percebo menos o que se passa por cá no nosso Pais a beira-mar plantado.
Parece e segundo o tribunal de contas que a CP está falida, é uma falência técnica daquelas como a RTP.
Todos os dias ouço que os comboios estão atulhados de gente que é preciso mais e melhor.
Se há gente, se existem passageiros como pode a CP dar prejuízo?
Ora o tribunal de contas faz esta brilhante descoberta:

“há departamentos na CP com mais chefes do que chefiados e que os gestores receberam 14 vezes despesas de representação, quando deviam ter recebido apenas 12”

Isto só acontece na CP? Será?
Que raio de crise há no nosso pais em que os políticos dizem que temos de encolher o cinto, mas só a alguns. Basta ver as empresas do PSI 20 e descobrir os milhões de lucro que têm. Mas quem beneficia com isso? Claro que não são os trabalhadores, não podem ser eles porque esses andam de cinto apertado por causa da crise. Mas essas empresas que dão lucro esquecem-se que o Pais está em crise e passam a vida a fazer publicidade (no meu entender enganosa), a tudo o que mexe. É quase mais rápida que a sua própria sombra, rápida, fácil e dá milhões… em dividas claro.
O crédito é acessível e as pessoas são tentadas, o que fazemos quando estamos tristes, comemos um doce… e quando estamos muito tristes… ou então numa crise danada, claro que compramos um televisor LCD porque precisamos de estar animados apesar da crise, mas os senhores da televisão (publicidade) dizem que é fácil receber dinheiro, para comprar o quer que seja.
Mas voltando ao comboio desta terra de pouca terra e muito talento. A CP está em falência e ainda se pensa no TGV? Claro que se pensa, o Pais está triste é preciso um miminho, mais que um miminho, muitos miminhos. Portugal é a imagem dos portugueses, é uma terra pobre de gente que quer a força ser rica ter mais do que pode e é capaz. Endivida-se e endivida-nos, hipoteca o futuro aos nossos filhos e porque não netos, na esperança de que eles nunca nos venham a conhecer, para mais tarde não nos cobrarem e nos dizerem:

- “Onde estavas quando precisamos de ti”?



"esta é a retrete de um TGV, é o mais próximo que arranjo"



Apeteceu-me


"Muitos passos que são dados, são dados em direcção a porra nenhuma". Charles de la Folie

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Sonhos

(…) Nunca foi muito de pedir seja lá o que fosse. Naquele dia, naquela madrugada, saiu porta fora na esperança que o seu sonho se concretizasse.
Aquele cabelo desalinhado de quem acaba de acordar, os olhos ainda semicerrados, os cantos da boca ainda com resquícios de quem lambeu vários laivos de saliva que saíram com a emoção daquele sonho.
Os sapatos ecoavam naquele paralelo, naquela pedra de calçada em que as sombras pareciam tremer com o frio seco da madrugada.
O sol ainda estava escondido, muito longe dali. O casaco apertado com um cruzar de braços forte, contra o corpo que ainda escaldava da violência dos cobertores que apertavam naquela cama de casal ocupada por uma só alma.
O passo era decidido, um passo ritmado pela ânsia de encontrar, de ter de poder usufruir de um sonho, de uma vontade, por vezes um devaneio meio misterioso e incompreendido.
Os olhos começavam a abrir, as ramelas que se opunham começavam a quebrar-se tal qual gelo quando sente um whisky a encavalitar-se num a noite de copos.
Olhar fixo, começava a sentir os cheiros, os cheiros da madrugada, da labuta que ninguém conhece, mas todos sabem que existe. Dos homenzinhos incógnitos que apanham peixe e o levam para a praça, nos homenzinhos que fazem o pão e o metem nas padarias, os homenzinhos que transportam os nossos sonhos, em envelopes cravados a selo.



O seu sonho cheirava-lhe cada vez que se recordava, estava ali ao virar de uma esquina, começou a saborear aquela caminhada, olhou a sua volta, não viu ninguém que lhe fizesse frente ou mesmo que a fizesse esperar pelo seu sonho.
E… ao virar a esquina, quando descruzou os braços, e fixou o seu olhar naquela velha casa, descobriu que os seus são conteúdos de coisa alguma, são promessas adiadas no dia a dia… mas ali estava de frente ao que mais sonhava. O mistério dos seus sonhos poderia ser desvendado a qualquer momento.
Foi a i que percebeu, que no aconchego da sua cama aquele mistério duraria mais tempo, seria mais confortável, mais quente mais terno e que poderia acordar sempre que o desejasse.
Olhou mais uma vez e virou-se de forma repentina e foi sonhar novamente a espera que o seu sonho lhe revelasse a verdade do seu medo.


Apeteceu-me

"Um dia vou-me cruzar com os pensamentos que se escondem na Lua" Charles de la Folie

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Carta ao Borges

Olá! Acreditas que Sonhava ainda com o tempo dos poemas. Quando soltava o cabelo e sorria, quando o que me escreviam em toalhas de mesa, ainda fazia sentido.
Quando os poemas afinal eram escritos com os olhos, e um simples tocar fazia-me arrepiar!
Sabes? Talvez não te lembres, mas ouve tempos em que corria por ai, com uma ânsia de viver, que me embebedava com o ar, tal era a sofreguidão com que o respirava.
Hoje olha para tudo com nostalgia, a poeira parece cair-me pelos olhos sobre o futuro que ainda não vivi. Mas viver porquê? Viver das memórias que os outros querem que eu tenha!?
Viver um conto com alguém ao meu lado que já não existe?!
Sabes?! É isso que me pedem todos os dias para fazer, para continuar lado a lado contigo, de preferência de braço dado e com um sorriso nos lábios.
Tenho saudades dos tempos Paris, daqueles tempos em que a magia por aquelas vielas bem parecidas com aquelas onde vivemos. Mas essas, ainda me julgam ainda me perseguem, não consigo fugir a identidade que não é minha.
Sabes, eu sei que sabes está na hora, os nossos 5 minutos terminaram, vou ter de me fazer a tua vida, para indo sobrevivendo ao nosso (e)terno amor.

Saudades da sempre tua Maria.



Maria Kodama e Ana Maria Cabrera

Apeteceu-me


"Por vezes o tempo corrompe-nos as nossas memórias" Charles de la Folie

sábado, novembro 26, 2005

“Por quem sois – se é que entendem!” (La Revancha del Tango)





“Cada um é como cada qual” diz o povo e é bem verdade. Não é menos verdade que não temos tido governantes de quem nos orgulhar e isto para dizer o quê: - Para dizer que nós (eu incluído) temos muitas culpas no cartório em todos os sentidos, mas muito por culpa do nosso laxismo e egoísmo.
Há 3 anos atrás fiquei muito impressionado com uma notícia que li e com as imagens que vi, e fiquei a pensar como era possível isso acontecer e o que iria acontecer as pessoas. O que vi passou-se na Argentina, na terra de Carlos Gardel e de Jorge Luís Borges, de Diego Maradona ou de Evita Peron. O que aconteceu, as contas bancárias desapareceram, as pessoas ficaram sem dinheiro, de um dia para o outro chegaram ao Multibanco e não havia lá o “vil metal”.
Três anos depois, ainda não chegaram ao topo, mas estão a reerguer-se, a vida continua, as pessoas sorriem sabem que juntas vencem, por uma razão essencial, os governantes vão e vêem, mas a sua bandeira e a sua pátria ficam, é deles há que ter orgulho. Fazem da simpatia a bandeira de um povo que precisa de outros para se ir levantando e conseguem-no. Os mendigos, porque os há, escondem-se para os “estrangeiros” não os verem. Os Argentinos são contestatários por natureza, por isso não me espantou ver uma manifestação a meia-noite com muitos milhares de pessoas, assim como não me espantou ver o parlamento do município de Buenos Aires ser evadido ás duas da manhã. É por isso que os políticos respeitam os “Portenhos”.
Ora foi ai que descobri também como funciona o orgulho de ser Português, mesmo que esses 5 milhões saibam que estão vetados ao esquecimento por 10 milhões que por “opção” se encontram em Portugal. É verdade que nesta altura todos os políticos se lembram deles, porque aqui os seus votos contam a sério, é o voto pelo voto e não o método Dont das legislativas, aqui a comunidade portuguesa lá fora já é muito importante, ai e nas remessas (de dinheiro) que enviam para cá.



Também ai, na Argentina entendi que há uma outra forma de saudade. Quando alguém me respondeu a tradicional pergunta se tem saudades de Portugal. A resposta foi simples:
- "~Tenho saudades quando lá vou, da minha família que cá deixo, dos dois ou três mil portugueses que cá ficam, que são a minha família e com quem convivo e com quem conto, esse agora é o meu Portugal".


Apeteceu-me

"Somos o que somos e por nós respondemos". Charles de la Folie

quarta-feira, novembro 23, 2005

O Rei vai nu (alguém salve a Rainha)

Segui com particular (des) interesse, as várias festas de candidatura às próximas eleições Presidenciais. Não me tinha ainda pronunciado sobre o assunto porque… vá-se lá saber porquê! Não vou falar de nomes porque não quero influenciar ninguém. Porém houve uma candidatura que me despertou a atenção. Porque foi bem conseguida e concebida com imensa aquela expectativa. Gostei, muito da decoração, com muito decoro. Ora aqui está a palavra que eu procurava, decoro, uma palavra que sugere nobre e/ou nobreza. Mas estamos a falar de presidenciais! De eleições presidenciais, onde vamos escolher um presidente, não um… pois. E também não percebo esta quase mania pelo cargo. É verdade que Portugal é um país de cargos. De muitos cargos diga-se a bem da verdade.
Mas vejamos as coisas por um outro prisma: eu lembro-me quando era mais novinho, lembro-me que adorava brincar aos Reis, Rainhas, Príncipes e afins. Claro que os afins são os cavalos era sempre a personagem que me tocava. Isto de ser Rei tem muito que se lhe diga. Ou se é, ou não, não há meios-termos. Ou se nasce predestinado ou nem por isso. Não me lembro de ninguém querer brincar aos Presidentes, todos queriam brincar aos Reis, ser o D. Afonso Henriques, o D. Sebastião é que não, andava muito desaparecido apesar de dizerem que anda (va) por ai, por terras de Boliqueime ou coisa parecida. Quem é que queria - falo na minha época ser o Nixon ou coisa que o valha?

É verdade que há por aqui quem tente fazer da república uma monarquia e passar a pasta ao filho, mas não há pena que lhe valha. Do Palácio claro que fica para os lados da medieval Sintra. Depois há os cultos que vêm de leste com idealismos a cheirar a mofo mesmo com algumas cosméticas não resultam. Andar andam, mas pelas ruas da amargura. Os blocos como sempre deslocam-se a grande velocidade, se é verdade que as pirâmides foram construídas com grandes blocos, não é menos verdade que os blocos de gelo derretem-se e cá no nosso país à beira-mar plantado, é mais gelo!
A verdade é que a Monarquia tem “glamour”, basta olhar para as noites do Mónaco, ou para a Movida de nuestros hermanos, ou seguir os tesouros Suecos, ou os caminhos para norte da Noruega, dois países com o mais alto desenvolvimento humano, para não falar dos Vikings da Dinamarca, do Liechtenstein, ou do Luxemburgo onde a maior parte da População é Portuguesa e têm como ordenado mínimo 2 mil euros. Ou então usar umas tamanquinhas da Holanda e viver ao pé de um moinho. Já não me lembro porque é que estava a falar da monarquia. Também não interessa porque nos contos de fadas onde aparecem as princesas bonitas, elas acabam sempre com príncipes bonitos e isso deixa (va) -me sempre de fora.
O mais próximo mesmo que estivemos nos últimos anos de um Rei, foi mesmo de um bolo-rei e daquela mostra do bolo alimentar do dito cujo.


Apeteceu-me


"Onde está a nossa diferença para os animais, só se for na crueldade" Charles de la Folie"

segunda-feira, novembro 21, 2005

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Aprendi uma coisa na Terra do Tango:




Que em casa a ultima palavra tem de ser sempre minha -"SIM QUERIDA!!"



Esta é do meu amigo Oswaldo

domingo, novembro 20, 2005

Um dia.....

Talvez um dia quando a civilização chegar a terra, eu volte.
Por enquanto sinto-me magoado, eu e a minha familia com algumas coisas que se foram comentando por aqui pondo em risco a minha relação.

Abraço.

Ps. parem de escrever em meu nome, eu ainda sei quem sou. Sempre gostei de gente anónima, mas não gosto do anonimato.



"Um dia quando crescer, vou ser criança." Charles de la Folie

segunda-feira, outubro 31, 2005

Sem sentido (único)


(…) Entranhava-se por todo o lado, enquanto no outro lado ou num outro lado, ou em lado algum mal havia espaço para algo se entranhar.

(…) Havia quem lhe chamasse um tiro no escuro, mas naquele dia nem tiros, nem escuro, era um dia entre tudo e nada, entre o escuro e o claro, entre o cinzento e o amarelo canário, entre o limbo e o centro de qualquer coisa.
Nas paredes mais indivisíveis que há memória, nasciam flores, flores de todas as cores e nenhuma. Eram umas paredes inclinadas para dentro e que nada suportavam a não ser cheiros de cores, umas garridas outras meio abrutalhadas. Como o tempo teimava em não aparecer, aquele espaço de tempo que se podia tornar intemporal para sempre, estava ali… mesmo ali a frente de um olhar entre o catatónico e o absurdo.

(…) Sentado naquela cadeira mais ou menos direita, mas já muito torta de tanto ser usada, pensava em soluções para o irresoluto ou coisa no género. Era uma maneira de estar sempre em movimento com ele próprio, com os seus pensamentos. A dúvida era a única maneira de sobreviver ao seu próprio tédio e fugir aos medos que o assolavam.


(…) No tecto de algo sem sentido e sem geometria, corria-se o risco de ficar preso num esboço de vida para sempre, poderia ser um esquisso que nunca iria passar disso mesmo. A obra final seria sempre infindável porque assim, como assim, nada teria fim e o princípio estaria demasiado longe para ser ponto de partida para novas viagens.



(…) Aquela chuva que se entranhava por todo o lado, enquanto num outro lugar….


Apeteceu-me


“Os fantasmas mesmo que do passado continuam a pairar como abutres do presente” Charles de la Folie

quinta-feira, outubro 27, 2005

A ARTE DO POSSÍVEL


Há alguns anos atrás um amigo meu que hoje é presidente do mais novo país do Mundo dizia-me que tinha aprendido no mato que politica é: -“ A Arte do Possível”.
Esta frase anda comigo há já algum tempo porque não a consigo entender. Não consigo perceber o que “ele” quis dizer com ela.

Nos últimos dias comecei a ouvir dizer aos políticos que: -“este orçamento é o orçamento possível”.
Fez-se luz, mas depressa se fundiu porque esse amigo meu era e é incapaz de trair os seus princípios. Podem-no acusar de muitas coisas mas nunca de traidor. Por isso é que fiquei às escuras!
Em causa as possibilidades do possível do nosso orçamento.
Acho (acho porque hoje certeza são cada vez menos), que ouvi há uns tempos que iam aumentar os impostos do tabaco e dos combustíveis. Para que não se pagassem portagens nas SCUTS e lá fizemos o “favor” de em Junho ou Julho começarmos a descontar mais uns “tustos” para a colecta.
Ora além de ouvir o Ministro das Finanças –, de quem não sei o nome e também não quero saber –, a dizer que para o ano (2006) provavelmente algumas SCUTS vão ter portagens e que no O.E. do próximo ano os impostos do tabaco e combustíveis vão aumentar (outra vez). Foi aqui que bloqueei por completo. É que ouvi o ministro, o tal que é Primeiro, dizer que este orçamento não contemplava aumento de impostos! Serei eu o doido ou a “Arte do Possível” é enganar o próximo? O próximo não, porque os que estão próximos “deles” estão todos bem.
Vamos fazer só umas pequenas continhas, e tentar entender como nos comem os impostos:
Para ir de casa para o trabalho tenho de ir de carro devido ao meu horário, e à hora a que saio não há transportes públicos (para onde vão impostos meus? Meus não. Nossos).
O carro quando o comprei tive de pagar IVA e IVVA (este ilegal, mas que se dane), mais o imposto de circulação.
Depois o gasóleo: penso que são setenta e muitos por cento de imposto, mas não contentes com isso, tenho de pagar a portagem da ponte que está mais que paga e re-paga. (é um imposto quer queira, quer não). Se pensar que não posso ir nu e a roupinha que trago no corpo teve de pagar 21% de IVA, a ouvir rádio para a qual pago na factura da EDP -, isto para não falar nos imposto que já tive de pagar à cabeça quando recebi o ordenado - e daqueles que pago quando vou às compras para comer…
O melhor é não pensar nisto, porque vou enlouquecer. Eu e os restantes 10 milhões de compatriotas, retirando apenas uns quantos eleitos que têm reformas quando querem e lhes apetece, carros pagos pelos nossos impostos, indemnizações a premiar a incompetência pagos pelos nossos impostos! E mais, mas não posso dizer…
Não devo pelo menos! Não seria educado nem ético da minha parte.
Será que é isto que o meu amigo queria dizer, com a frase –“A politica é a arte do possível”?

Afinal para que servimos nós? Só para pagar impostos? Se não sobra mais nada para gastar, como querem eles que se gere riqueza para o país? Só se quiserem que a gente vá roubar! Mas onde se está tudo vazio?
Desculpem a minha angústia mas é que eu tenho filhos pequeninos para criar e não sei que futuro estes”Políticos” lhe reservam.


Apeteceu-me


"Na impossibilidade de ser, há a possibilidade de acreditar" Charles de la Folie

segunda-feira, outubro 24, 2005

MOMENTO


(…) Ela adorava o campo, aquele verde, o cheiro a manhã, toda aquela zona envolvente onde podia usar de um pensamento, mais que um pensamento… de liberdade.
O seu olhar, um olhar sério, profundo e meigo, de quem ousa andar no limite da vontade, do prazer, do desejo e mais que tudo da felicidade.
Ela era acima de tudo feliz, não se lhe conhece amor, um amor carnal, mas sim vários amores, é verdade que físicos, mas ao mesmo tempo naturais (de natureza), o seu grande amor, aquela pradaria imensa onde podia correr como Deus e a sua mãe a meteram no Mundo, era o seu espaço, seu dela de mais ninguém e a sua vida só dela dependia também.
Quem a viu, dizia que era parecida com o seu pai, de uma elegância estrema, fina, uma coxa alta, um peito de nobre recorte, o cabelo escuro, muito escuro que tapava o seu olho esquerdo, muitas vezes sacudia a sua cabeça para poder olhar como só ela sabia, aquele olhar directo, ao mesmo tempo discreto. Adorava passear perto do lago, onde a só a aragem que corria por aquelas paragens parecia não estar imóvel. Tudo o que por ali se mexia era de forma tão perfeita que parecia um quadro, uma aguarela acabada de pintar, parado, imóvel, mas não morto. Por vezes via-se os peixes quase com a sua cabeça de fora, como a conversarem com ela, passava por ali horas sozinha, junta com a natureza, a sua natureza… uma natureza quase utópica, mas era a sua.
Ouve um dia, que esteve quase a ser apanhada na teia da rotina, do dia a dia, esteve perto de se deixar apanhar pela inveja do homem, a sua resistência naquele dia, a sua confiança esteve perto de desvanecer. Sentiu o cheiro a queimado, aquele cheiro que lhe chamava a atenção e que lhe despertava instintos, viu as chamas e fugiu, fugiu para longe, para muito longe, para onde o horizonte era desconhecido, mas que ainda lhe pertencia….estava assustada muito assustada e ai quase perdeu tudo o que tinha, tudo o que a definia, a sua liberdade, a sua vontade de ser, de existir pelo prazer disso mesmo.
Perdeu-se nos seus pensamentos, no medo, no próprio medo, pavor do que estava a acontecer, medo de perder a sua preciosa liberdade.
Ela era linda, muito mesmo, o momento… em que parou de fugir foi magnífico, parou, rodopiou sobre si mesmo.

Foi ali que olhou para trás e percebeu que não podia fugir.
De uma vez só, começou um galope estonteante, a sua crina solta esvoaçava por cima do seu negro dorso e quando chegou relinchou forte para que todos ouvissem que era livre e que nunca ninguém se havia de apoderar dela ou do seu dorso.


Apeteceu-me


“A chuva molha, mas a água mata a sede” Charles de la Folie

quinta-feira, outubro 20, 2005

O Cachimbo


(…) A noite estava cerrada, só mesmo lá ao fundo se viam luzes, pequenas luzes que se misturavam com as estrelas.
Naquele momento, o cheiro a mar dava lugar ao cheiro intenso do cachimbo, estava habituado fumar o seu cachimbo no silencio da noite e das aguas razoavelmente calmas…
Não era o caso naquela noite, as vagas eram enormes, o barulho do rebentar das ondas contra o casco da pequena embarcação de pesca intenso, os pensamentos de outros tempos, davam lugar ao cepticismo do que se estava a passar.
Mas o medo, o medo não andava por ali, tinha fugido à mais de 30 anos, tinha dado lugar ao respeito, ao respeito pelo mar e pela natureza.
Estava perto de chegar a casa ele e mais 5 marinheiros, cinco experientes marinheiros a sua tripulação. O barco estava carregado ao fim de 6 meses seguidos no mar, a faina estava garantida e nos próximos 6 meses as suas famílias não iam ter falta de nada, mas era preciso passar mais aquela dificuldade, para as suas famílias não sentirem a sua falta para o resto da vida.
A borra do cachimbo incandescia fortemente cada vez que o pensamento era mais activo, debaixo daquele oleado amarelo que se via ao longe iluminado pela intensidade da golfada de tabaco.
No porão, perto do frigorífico onde estavam mais de 30 espécies de peixe, que por certo iam fazer as delícias de muitas famílias, dormitavam 4 dos 5 marinheiros, a noite podia ser complicada e era precisa toda a energia possível. Naquele sitio, naquele muito pequeno espaço o cheiro a peixe entranhado com o cheiro a suor de seis meses era impossível e insuportável para o mais comum dos mortais, mas no dia em que aquelas seis almas saírem dali as saudades de voltar vão ser de uma dificuldade doentia.
A noite vai alta e alta vai a embarcação, conforme as luzes da sua pequena aldeia se aproximam, as vagas parecem que vão tombar a embarcação, mas ela onda após onda aguenta-se estoicamente.

Ouve-se grito, um enorme grito, os homens acordam, quando chegam perto do capitão vêm um homem cansado, testa franzida, o sobrolho entreaberto como que vai dizer algo de muito sério, tira o cachimbo da boca com a outra mão, esfrega, acaricia a sua barba, meio branca, meio cinzenta, os homens olham-no olhos nos olhos em sinal do enorme respeito que por ele nutrem.
A voz parece estar embargada quando ele lhes diz, ele conhecedor daquele mar como ninguém:
- Homens parece que a coisa vai correr mal, muito mal mesmo, vamos chegar a terra ainda de noite e não vamos ter ninguém a nossa espera.


Apeteceu-me

"A Saudade por vezes é inimiga do concreto" Charles de la Folie

domingo, outubro 16, 2005

CINZENTO



(…) Voltava para casa todos os dias a mesma hora, era sistemático, a sua constante era por demais evidente até porque todos acertavam os relógios a sua passagem.
Naquele dia apesar de tudo, era um dia diferente dos outros com chuviscos, com o arco-íris a espreitar, um vento fresco, um cheiro por demais a terra molhada, aquele cheiro que aparece uma vez por ano misturado com o cheiro a castanhas assadas.
Mas… claro mesmo com um dia assim vestido não ouve nenhum sobressalto, a mesma hora, nos mesmos sítios, de casaco comprido, castanho-escuro, com a sua maleta de pele bem curtida oferecida por um dos seus mais fiéis amigos no Natal. O seu filho era o perfeito daquela cidade, era um dos seus orgulhos, não o único, porque aquele era apenas um dos seus 3 filhos o primeiro da sua segunda mulher, uma Romena de um porte estupidamente robusto, mas ao mesmo tempo de finos traços, por onde ela passava, os rostos abriam-se, uma pequena e ligeira musica parecia evadir aquele espaço… era como um novo episódio do dia a dia de alguém, uma energia era solta. Ali contrastavam as cores da felicidade com o cinzento do pragmatismo da nossa personagem.
As janelas começavam a abrir-se as pessoas começavam a sua azafama do dia a dia, o burburinho das “gentes” fazia um efeito sonoro dentro da cabeça “dele” mas lá ia de passo certo e firme rosto cerrado, a sua passagem o barulho dos seus sapatos, uma imitação cara de um bom sapato italiano brilhantemente engraxado, para não dizer metodicamente, mas a cada passo o ranger da pele macia, com solas grossas daqueles tapa extremidades se isso se pode chamar a um par de sapatos, deixava um marca sonora, uma marca como muitas outras no dia a dia desta distinta mas minha personagem.
Aqueles óculos de hastes de casca de tartaruga, pois pele não podem ser, com uma lentes muito bem limpas. A cada dez passos olhava para um dos lados, penso que aleatoriamente, mas a juntar ao seu passo firme, a sua postura, uma postura de um homem elegante, mas desconcertante que olhava sempre para a frente para o horizonte do seu caminho. Os caminhos, esse caminhos que percorria entre a saída de sua casa e a entrada de onde trabalhava.
(…) Passaram dois dias depois, do homem das castanhas ter misturado cheiros com a natureza… dois dias… dois dias na vida de um homem, de um homem não da humanidade, na imensidão da nossa existência, sim passaram dois dias, até para o que não existe passaram dois dias, sobre… pois sobre e sob tudo.
Naquele dia o Tribunal ficou vazio, vazio de muitas coisas, mas ficou vazio do seu homem, lá em cima da sua tribuna, faltava pela primeira vez o juiz ou seja a nossa personagem, cá em baixo um burburinho enorme um diz que disse tremendo.
O que se teria passado, a noite soube-se que tinha sido violenta, uma enorme onda de assaltos a bancos de violações e assassinatos, sim morte a queima-roupa. Nessa noite a Romena, a enorme Romena estava e assim ficou deitada no seu leito, foi violentíssima...


... estava irreconhecível, a nossa personagem estava de cabeça perdida, não sabia o que fazer, logo na noite em que comemoravam os 25 anos de casados, as suas mãos estavam ensanguentadas, onde tocava o sangue evadia e corria, era uma noite de terror. O que deveria ter sido uma noite de festa tornou-se num inferno, num enorme inferno.
O desespero apoderava-se cada vez mais da nossa personagem, de um lado deitada inanimada a Romena do outro ele, a sua rotina tinha sido quebrada, todas as regras tinham sido fracturadas. De um lado a sua companheira em coma alcoólico, do outro ele o Juiz daquela cidade uma das figuras mais importantes daquele burgo, com as mão completamente cortadas quando caiu sobre uma garrafa de champanhe.



Apeteceu-me

“Muitas vezes as cores que saiem da nossa vista não passam do cinzento do dia a dia”
Charles de la Folie


“Girl friend in a coma” Smiths é provavelmente a musica da minha vida, mas… tenho tantas que teria dificuldade em escolher só uma… mas por certo é a mais rápida a fazer-me verter lágrimas.

quinta-feira, outubro 13, 2005

F.D.P de País


Tenho dúvidas, muitas dúvidas. Gosto de duvidar, não por não acreditar em algo, mas porque gosto que me expliquem os porquês das “coisas”.
Gostava de entender porque somos os maiores em recordes. Não há recorde nenhum em que não estejamos metidos.
Meter também é um argumento nosso. Metemos umas lanças em África e metemos uns Portugueses em todos os locais do Mundo onde existe uma catástrofe. Basta ver as notícias:
- Rebentou um saco de água quente, no Barlaquistão Noroeste (isto dito, com uma voz forte do pivot e um ar de apreensão), “houve duas vítimas neste acidente” (aí as pessoas em casa ficam logo em êxtase sempre na esperança que esteja por lá um Português), “destas duas vitimas ainda não há a confirmação das suas nacionalidades, mas há fortes hipóteses que um deles seja um português”.
(o país entra logo em depressão, mas ao mesmo tempo com um enorme orgulho nacionalista. Afinal há um português no desastre do Barlaquistão noroeste).
A verdade é que passamos a vida a tentar descobrir a desgraça de um português em qualquer parte do mundo e em qualquer catástrofe, mas não era sobre isto que eu queria escrever. Acho que me perdi!
Ah, falava que somos os maiores em recordes é verdade! Somos até os recordistas do maior pão com chouriço do mundo, do maior bolo-rei do Mundo claro, (também não há bolo rei em mais parte nenhuma do mundo).
Só não compreendo uma coisa: o que ganha o nosso país com esses feitos? Prestigio?
Não me parece. Penso que devíamos agarrar em nós e com a força que temos de ultrapassar recordes, tentarmos ultrapassar esta crise que teima em ficar. É verdade que é muito complicado, com as indemnizações chorudas que se continuam a pagar por aí a gente que pouco ou nada fez. Será que queremos bater mais algum recorde?




Post-scriptum
– Eu que queria falar porque é que a prevenção rodoviária em Portugal é tão má. Imaginem os cofres do Estado sem mais estes milhões de Euros que entram à custa das multas! É certo que não respeitamos muito o próximo na estrada, mas também podia haver uma atitude mais pedagógica por parte dos senhores Agentes, que multam cegamente.

Apeteceu-me.

"Os dias chegam com hora marcada, a nossa paciência é acumulada de vespera" Charles de la Folie

segunda-feira, outubro 10, 2005

Que Importa, são "Souvenirs" ?!

Começo a não ter qualquer dúvida sobre a crise de valores que se instalou no nosso País.




Domingo, 09 de Outubro de 2005


Dia chuvoso aqui para os lados da Costa de Caparica, além do céu cinzento, o mar liberta espuma, a espuma que resulta da força das ondas que embatem e embalam as pessoas na sonolência do dia.
O repasto de Domingo é bom muito bom, um belo entrecosto com feijão preto um bela Tapada não sei de onde a regar esta bela dádiva do nosso trabalho, porque se não trabalharmos, acreditem que nada nos cai do céu… a não ser uma bela chuva de problemas.
A noite… o esperado, ver para crer, descobrir como o crime compensa, como o nosso País se está a desmoronar, a vitória de uns a derrotas de outros, outros derrotados e que não o aceitam, outros que culpam sei lá quem pela derrota e outros ainda que aparecem não sei de onde a cantar a vitória.
Sempre pensei que as eleições autárquicas tinham a ver com “gentes da terra”, ai até que aceito Fátima Felgueira, foram as gentes da terra que a quiseram eleger mesmo depois de fugir, acredito, sempre acreditei nos Dons Sebastianismos, só por isso aceito este facto, aceito o facto do crime compensar no nosso pais, estou a pensar muito sinceramente mudar de vida, vou começar a “roubar” a roubar-vos a todos, só assim vou ter muito mais leitores no meu blog, nesta minha República e vão todos venerar-me por eu seu um ladrão, por vos roubar.
Mas se entendo algumas dessas coisas, não entendo o que faz um homem de Évora em Santarém, como é que um homem de Évora ganha a câmara de Santarém.





Só o entendo por não haver gente capaz em terras Escalabitanas, não tem a ver com politica nem com qualquer outra coisa a não ser, como é que uma capital de Distrito não consegue um homem da terra para ser eleito presidente da câmara, acreditem que me faz confusão.
Hoje talvez entenda uma série de coisas, o Talvez de Santarém ser considerada uma cidade fantasma, claro só pode ser, só assim entendo que tenha um homem de uma outra cidade ter ido conquistar Santarém. Mas se votaram nele é porque gostam, por isso como dizia o meu Avô Padre - Tá-se Bem.


Apeteceu-me


“ O Povo por vezes cega-se com a sua ingenuidade!” Charles de la Folie

sexta-feira, outubro 07, 2005

Saxofone


(...) Por ali todos conheciam a harmonia da sua musica, as notas que saiam do seu saxofone eram puras e límpidas. As suas musicas confundiam-se com os sonhos, com os mais profundos sonhos que alguém quer muito... sonhos que raramente se transformam em realidade, por um facto simples:
- artistas como ele vivem numa ilusão constante só assim é possível, compor, compor daquela maneira e daquela forma e com aquele corrente que nos estremece o corpo.


(...) As folhas teimavam em cair, apesar do tempo ser já um tempo de Outono onde a folhagem deve despir a sua progenitora. Elas continuavam a resistir e por agora aquela dança desbravada de cada folha, insistia em ficar hibernada por tempo indefinido.


(...) Nem sempre os seus sons eram compreendidos, muitas vezes aquela magia era demasiada avançada para os ouvidos pouco treinados ou treinados para outros sons mais brejeiros. Mas a verdade é que nem sempre as pessoas são compreendidas quer pela musica, quer pela escrita ou pela pintura, a arte não é compreendida assim como os números, não os de Circo mas os números, os mais puro dos números.

(...) Era centenária aquela arvore vestida de uma vasta roupagem, uma roupa, uma já velha roupa em tons castanho, vários tons de castanho, um sem numero acastanhados, ou não fosse aquele castanheiro um dom da natureza, quer pelo seu porte quer pela sua longevidade.




(...) Adorava subir aquele morro pela tardinha onde via o por do Sol. Poisava a sua maleta ali bem perto, abria-a e retirava de lá dentro o seu Saxofone. Preparava-o, olhava para o por do Sol, e ali com aquele velho castanheiro como testemunha, fazia o seu Saxofone chorar de prazer aquelas melodias que só ele sabia tocar e inventar.


Apeteceu-me


"A robustez da nossa imagem nem sempre identifica o nosso ser" Charles de la Folie

segunda-feira, outubro 03, 2005

Pedras

(...) Era assombroso o seu brilho, cintilava de uma forma que até aquele dia nunca tinha visto era de uma beleza só comparável ao incomparável... se é que isso pode ser dito.


(...) Tinha um passo certo, pé ante pé, a sua forma de andar, de estar, as ancas bamboleavam de uma forma ritmada, como um pêndulo, como um metrónomo. Era uma mulher decidida, sabia o que queria onde chegar e como chegar


(...) Ninguém sabe ao certo de onde vinha nem por onde tinha andado, mas sabia-se que existia, e estava na sua forma mais pura. Era multifacetado, dificilmente alguém lhe resistia, mas nem sempre, nem sempre era bem amado, porque reflectia ódios, mas isso era mais outra história.


(...) Gostava de se arranjar.... de ser diferente, mas esmerava-se, não que quisesse agradar a alguém, queria essencialmente agradar a ela, era uma forma de alimentar o seu Ego, e despertar os pontos mais fortes da sua personalidade, mas se por um lado era uma mulher arrojada por outro era demasiado frágil.


(...) Toda aquela beleza, poderia mostrar algo frágil, mas não era indestrutível, além do mais por onde passava não deixava ninguém indiferente, seja numa passarelle, seja numa festa, seja em que circunstância for, mas indiferente ninguém fica.



(...) O seu cheiro era como aqueles quadros pintados de um realismo verdadeiramente assombroso, cheirava a “coisas” muito boas a “coisas” que só a imaginação sabe construir no nosso interior. Bastava fechar os olhos inalar aqueles cheiros e viajar para muitos lugares longe e perto, ao mesmo tempo muito perto.




( ...) Estava na altura de passar de mão, depois da morte... uma nova luz uma nova alma, uma nova mão para ser iluminada....


Apeteceu-me


“Nem sempre o nosso brilho chega para iluminar uma nova Alma” Charles de la Folie”

sexta-feira, setembro 30, 2005

Fodi*


(…) Vibrava com as vitórias, mas a sua Alma ficava em sobressalto sempre que a vida lhe pregava umas partidas, mas isso é normal as partidas da vida, mas ali era mais que isso. Mais que muitas coisas, mas isso…

(…) Nas águas tranquilas daquele lago, nos dias das derrotas, procurava ali a calma, com a sua cana de pesca…ouvia o coaxar das rãs…ele era o Conan o Homem-rã.


Apeteceu-me

“Quando o Sporting perde nada em mim se safa” Charles de la Folie


* Desculpem mas a musica é para me animar.

quarta-feira, setembro 28, 2005

O Mundo e nós.




Não sei se é o Mundo e Nós ou se seremos Nós e o Mundo.
Nos últimos dias dei por mim a olhar para as notícias que vinham e chegam lá de fora sobre o nosso país a beira-mar plantado, achei-as noticias sérias e com muito interesse mas como ninguém falou delas, fiquei a pensar que afinal eu tenho critérios um pouco diferentes, diferentes não, critérios com falsos juízos para a nossa Nação talvez por isso sem relevância para Nós.
Então fiquei a saber que o país quer saber é da Implosão da Torralta com direito a honras de Primeiro Ministro…primeiro, segundo e até um terceiro Ministro, honras de directos e até houve quem para lá enviasse os seus pesos pesados no que diz respeito ao jornalismo televisivo. Durante 3 dias foram comentadores e afins a falar da implosão de 3 torres da Torralta e como o Primeiro Ministro devia ter metido o dedo no detonador, ficamos todos a saber o que a manicura do senhor fez de especial ás unhas do nosso primeiro para esse dia tão especial.
Afinal perante tais factos o que importa que Daniel Kaufmann, responsável pelo Banco Mundial, (é verdade que ganha menos que o Governador do banco de Portugal) diga que há corrupção instalada em Portugal, e que se o nosso país parasse com isso, com a corrupção poderia estar ao nível da Finlândia, é verdade que só podia estar a gozar só por isso é que a maior parte dos órgãos de informação passaram de mansinho por esta noticia, diria mesmo facto. Aliás o texto do Kaufmann, tem como titulo: -“Dez mitos sobre governação e corrupção”.
A outra noticia que também ninguém ligou grande coisa vinha no El Pais e depois no Guardian e em mais outros dois que não me lembro não deviam ter grande importância, O título desta notícia: - “As ilusões devastadas de Portugal”. É verdade que aqui não há ilusões nenhumas dos portugueses a realidade é que andamos todos a rir e de que maneira. O artigo fala da nossa crise, da ausência de alternativas e de um país ingovernável e onde ninguém sabe que fazem aos impostos insuportáveis que nos obrigam a pagar, (será para as indemnizações chorudas que passam a vida a pagar?).
Adiante, mas em maré de educação visto que as aulas andam a correr de feição já que os conselhos directivos e consultivos conseguem fazer o que querem como autênticos “feudos” descobri que a OCDE (organização para a cooperação e desenvolvimento Económicos) tem o desplante de dizer que os Professores Portugueses são os que passam menos tempo por ano nas escolas, em media passam menos 379 horas por ano que o resto da OCDE, apesar das semanas serem iguais para todos. Acho que isto não é importante aliás porque havia de ser neste dia em que saiu este relatório até que havia Liga dos campeões, já não falta muito para voltar a politica dos 3 EFES, Fátima, Futebol e Fado, só não sei como encaixar ai a telenovela.



Apeteceu-me


"Porque será que achamos que o centro de tudo está no nosso umbigo?" Charles de la Folie


* A musica é uma coisa que eu tinha aqui em casa e descobri que é um sucesso algures por ai.

domingo, setembro 25, 2005

Vontade de....


(…) A vergonha é coisa que pouco ou nada importa, ali não se passava nada que a pudesse envergonhar. A sua vida sempre primou pela lisura e pelo bom senso.
Aliás nada que fizesse dizia respeito a alguém a não ser a ela, quem quer saber quantas mãos já lhe afagaram o corpo, quantas línguas já lhe descobriram os seus segredos.


(…) Aquele charco ou chabouco como se chamava na minha terra, a água vinha das chuvas, daquelas chuvas que nos tornavam os dias nostálgicos nas manhãs de Inverno, onde os sonhos se tornavam cinzentos como as nuvens, como alguns lampejos pensamentos de que se tornavam luminosos como os relâmpagos.


(…) Sentia-se calma apesar daquele respirar mais profundo de quem está prestes a ter uma torrente de emoções que percorrem o corpo todo, estava sozinha em casa, as suas mãos percorriam o seu corpo de uma forma mais ou menos ternurenta, não que fosse natural, mas apetecia-lhe sentir-se, sentir aquela forma abrupta de ….


(…) Gostava de nadar naqueles charcos de se despir por ali, sabia que ninguém iria aparecer… aquelas águas eram demasiado salobras para alguém as tentar sentir a violar o corpo… tinham demasiadas eroses e cobras de agua, que gostavam de se roçar pelos seus corpos…


(…) Viajava a espaços, pelos silêncios de sua casa, as cortinas a bater nos móveis para sentir a aragem fresca, naquele turbilhão de emoções onde o seu corpo se espraiava por cima do sofá, sentia uma musica na sua cabeça que faziam as suas mãos deslizar por si, a sua imagem parecia projectar-se pela sala… com vários prazeres.


(…) A ponta dos salgueiros que tocavam naquela agua meio esverdeada dos limos e dos musgos que se encontravam no fundo do charco, adorava ouvir o coachar dos sapos ou das rãs, andava por ali, só o murmurar das arvores e da vegetação nada rasteira, se sobrepunha ao barulho do rasgar da agua naqueles mergulhos calmos e elegantes.


(…) O despertador tocou, espreguiçou-se, esfregou os olhos, sentiu o cheiro do campo, daquele charco onde brincava á mais de sessenta anos o seu corpo estava mole e húmido de quem tinha acabado de ter uma noite de sexo. Puxou de um cigarro olhou para o lado viu que estava sozinha olhou para o espelho e sorriu.



Apeteceu-me


“A nossa vida é (e)terna enquanto duramos” Charles de la Folie

quarta-feira, setembro 21, 2005

Enconado

(…) Quem o conhecia… sabia que ele não era assim, que não era um enconado… era sim reservado, mas… todos faziam questão de lhe chamar isso mesmo enconado.
Era um moço simples, de famílias simples, gente humilde e trabalhadora. Tinha o cabelo liso, cortado geometricamente, fazia com que aquele castanho claro se transforma-se num rio de cabelos que espelhavam o Sol e o faziam cintilar.


(…) Nem sempre foi assim, naquela pequena aldeia, ladeada por muralhas de outros tempos. Há registos e Estórias que há muito tempo, no tempo em que o fogo ainda era vermelho e o céu se vestia de outras cores, aquela aldeia não passava de um sítio onde copular era uma arte e crescer uma dádiva.



(…) Os seus lábios eram de um vermelho esbatido os olhos claros e indefinidos. O seu nariz era de traço fino um traço de escultura agraciado por Deus. As suas mãos tinham prazer em tocar, em expressar sentimentos eram de uma veludez pouco ácida e corrupta, raramente pervertiam os seus sentimentos, talvez por isso o chamavam de enconado

(…) Havia um sítio onde tudo podia ser explicado, era no meio do bosque, um bosque com tantos anos, que nem se atreviam a conta-los. Mas era revelador, as árvores murmuravam sons só perceptíveis pelos eleitos, falavam de coisas estranhas, de homens que haviam de chegar, outros que haviam de partir e pouco ou nada destas histórias tinham a ver com o ciclo da vida, mas sim com….


(…) Era um rapaz alto para a idade, aliás ao certo ninguém sabia a sua idade, só que era um enconado. Mas andava por ai entre os muitos e poucos ou por muitos que fossem poucos pareciam, qualquer coisa assim do género. A sua maneira de vestir no mínimo era muito estranha, mas era a sua e ninguém tinha nada a ver com isso, só que nem sempre era assim, por vezes era ultrajado, injuriado e outras coisas mais.




(…) Aquele lugar, perdido no meio do nada onde o murmúrio era uma forma de falar e de dar a conhecer algo inexplicável… estava preste a perder a identidade ou talvez não, naquele dia quando alguém com um archote numa mão e uma lata velha cheia de gasolina, estava prestes a acabar com aquele lugar estranhamente lindo, naquele momento em que o archote ia ser lançado, uma mão apareceu do nada e agarrou-lhe com uma força fora do normal no pulso.
Ainda hoje se fala que a linha da vida do Enconado está encrostada naquele pulso.

Apeteceu-me


"As sombras por vezes são mais reveladores que o nosso EU" Charles de la Folie

terça-feira, setembro 20, 2005

MONUMENTO




(…) Sempre a conheci solta, mas nunca ninguém a tirou dali, muito menos a compôs. Desde os meus tempos de menino que via aquela pedra solta por ali. Mas… porquê pensar nela, naquela pedra ela não se movimentava por ali nem dali, fazia já parte da paisagem… e que paisagem!

(…) Parou, mesmo ali onde o sol se punha. As suas pernas eram imensamente belas, aquela claridade aquela hora do dia que ainda chegava do Sol fazia transparecer o opaco daquela saia curta. Como eram belas e sedutoras. A sua cor de ouro reluzia, o seu corpo de belíssimo efeito brilhava em todas as almas que o olhavam, era uma espécie de magia.

(…) Naquele dia nada se sabia das histórias que todos os dias nos chegavam um pouco de todo o mundo, falava-se por ali que tinha sido o vento. Mas nas minhas histórias de meninice sempre me disseram que o vento soprava histórias, mas naquele dia, mais uma vez fui surpreendido… o vento pouco ou nada disse. Mas algo soprou mais forte que o vento.

(…) De cima do seu porte, (diga-se do seu magnifico porte), olhava com aquele olhos de quem se enche de conhecimento em cada olhar, que absorve informação imagens, bebe todo aquele conhecimento. Os seus movimentos eram perfeitos, graciosos, de uma graciosidade incomparável.
Duas vezes, por duas vezes pisou aquele chão que quase ficou agradecido.



(…) As histórias a maior parte das vezes vinham de uma forma mais ou menos controlada, não eram fábulas mas sim contos, contos do diz que disse do antigamente, histórias que jorravam factos que por mais irreais que parecessem encaixavam na perfeição daquele dia que se fechava e prendia a si e em si.


(…) Ninguém se lembra do seu nome mas o seu corpo durante muito tempo ficou na cabeça de toda a Vila, mais nos homens que a veneravam mas as mulheres invejavam-na, mas todos sabiam ser impossível chegar perto dela, perto daquele “monumento” de mulher.
Só um homem, só um se chegou perto dela, uma vez a muitos anos, talvez por isso aquele ar mais ou menos triste que ela mantinha diariamente.



(…) Só mesmo um descuido, poderia fazer com que toda a vila lhe tocasse, foi o que aconteceu naquele dia calmo quando um dos carregadores do andor escorregou, naquela pedra de calçada solta a uma eternidade. Ela caiu lá de cima e a sua redoma partiu-se e foi ai, nesse dia que todos lhe tocaram, fala-se que foi a primeira e a ultima.


Apeteceu-me

“Pode-se pisar o chão mas mesmo assim é preciso alguma delicadeza no Passo”
Charles de la Folie


* Desculpem a musica mas apeteceu-me mesmo muito.

quarta-feira, setembro 14, 2005

Loucura X (ultima)




(...) O meu medo era não conseguir segurar as pontas, mas não havia de ser nada, apesar do meu ar jovem, já tinha alguns anos de experiência, o que me dava alguma tranquilidade. O meu pouco e pequeno nervosismo só tinha a ver com, aquela história era mais ou menos um drama familiar, para mim, aquela era a minha verdadeira família. Olha que giro, podia ser a Drª Mónica e os seus dois amantes, em versão paroquial. Aqui no nosso prédio só faltava mesmo um padre, o mais parecido que tínhamos, era mesmo, pois acho que não temos nada parecido como um padre, podia ser a Dona Henriqueta, mas acho que ela debaixo daquele seu ar angelical esconde muita coisa, ai esconde, esconde era capaz de meter as minhas mãos no fogo como ela esconde para ali muita coisa. Enfim, cada qual é livre para fazer e ser como quer. Agora o melhor é começar a arrumar esta sala, porque isto assim, dá mau aspecto entrarem por aqui e verem este arsenal sexual, o que iriam pensar, ah ah, que afinal sou vendedora de uma sex shop ou que tenho uma sex shop em casa.
Mas ante de arrumar isto o melhor é fumar mais uma ervinha do meu amigo Pilitas e beber um belo e grande café, devia de ser injectada com cafeína, a ver se deixava de beber tanto café, isto dá-me cabo do sistema, nervoso não, do meu sistema, de ar condicionado, o café faz-me flatulência, não me perguntem porquê, mas dá-me.
A coisa que mais adoro, é beber um café logo de manhã fumar uma broca e ai vou direita a casa de banho, é quase tiro e queda, é outras das coisas que não me perguntem porquê, mas é assim mesmo, e depois é ler até me aborrecer, muito gosto eu de estar na casa de banho a ler, é tão bom, tenho lá sempre um belo livro, daqueles tipo história de cordel que se lê nas calmas, e tenho outro livro daqueles, só com provérbios, adoro provérbios, se pudesse instituía o dia do provérbio, nesse dia só se podia dizer frases feitas, tipo: “quem deixa o certo pelo incerto ou é tolo ou é pouco esperto” ou então “com a mulher e com o dinheiro não zombes companheiro”, costumo rir-me que nem louca aqui, a ler esta coisas, e depois inventos os meus próprios, mas nada de muito especial, hehehe. Tipo: “Mais vale a ementa que o cimento” ou “ agua dura em pedra mole tanto fura que até que bate” coisas do género, mas enfim, a vida é feita de pequenos impulsos, e o meu impulso nesta altura era mesmo arrumar esta coisa toda, e fumar uma broca e dar um giro ali ao meu consultório para aliviar esta pressão, isto é uma forma de dizer que eu não tenha nada a pressionar-me agora mas mais logo espero. O melhor agora é meter já umas garrafitas de vinho branco e um champanhe no frigorifico, ver onde estão os números de telefone da comida feita, que eu não tenho paciência para cozinhar, nenhuma mesmo hoje quero mesmo é ter todo a jeito, para ver o que vai acontecer o que vamos fazer ao menino, ao meu Vasquinho ao meu querido e imaculado Vasquinho.
Vou ver se acordo o energúmeno e o mando embora durante 3 dias, a minha sorte é que ele vai se eu disser a ele para ir para a nossa casa, de campo vai a uma velocidade que nem vos conto, odeio acorda-lo, porque só meia hora depois é que posso dizer alguma coisa, ele já não é muito perceptível com aquele sotaque, meio sopinha de massa, com aquela língua enrolada de quem veio das colónias, e que ainda por cima foi imigrante.
Agora imaginem o energúmeno que já não é muito perceptível, a querer falar e as palavras a não saírem, e verter assim uns fluxos de coisa alguma, parece um gato, quando quer dizer alguma coisa e só sai aquele fssssss. Mas acho que ouve, este para ser completo só faltava mesmo ser gago, ai é que devia ser lindo com aquelas dificuldades todas e ainda por cima gago. Quer dizer teria a sua piada, na medida que cada vez que quisesse responder, demorava tanto tempo que já estava a milhas, o melhor é mesmo ir lá dar um berro, ou então fazer o numero do costume, gritar a dizer que há fogo, ele cai sempre nessa parece um maluco, e hoje está mesmo a jeito para isso está nú, boa, boa ai vou eu, deixa-me só abria a porta da rua.


- OH pá esta merda está a arder toda, foge, foge, estão ai os bombeiros.
- Ãnh,ãnh???!!! Porra, porra, ai meu deus.

Tiro e queda, agora é só fechar a porta, e ir a janela vê-lo todo nú na rua.

Apeteceu-me


"Não há certezas no nosso caminho, mas é nas dúvidas que avançamos" Charles de la Folie

sábado, setembro 10, 2005

Ela (a Vida)


(…) Nunca entendi o porquê da sua relação doentia com ela própria, de ver, de a ver assustava, mas todos os dias… já criava uma habituação no Cérebro. Era difícil explicar á nossa razão, á nossa mente de todo aquele cenário que já se tornara habitual.

(…) Calculava que o dia fosse durar uma eternidade, apesar do céu azul do vento correr de mansinho, das flores despertarem para uma nova e sangrenta manhã onde as abelhas murmuram-lhes mentiras para lhes sacarem a sua alma.
Por ali… os sentimentos corriam ao sabor de qualquer coisa pouco perceptível, mas que fazia parte integrante da imaginação que nos faz viver o dia a dia.


(…) Não se sabia ao certo quando tinha começado aquela interpretação da vida, uma maneira igual a tantas outras caso se misturasse com a vontade de viver, com a saudade mas, aquela nostalgia não tinha igual nem paralelo - é verdade que uma paralela nunca em caso algum se toca, mas se a focarmos, se os olhos deambularem por ali alguns segundos ela afunila e somos traídos por uma união que em caso algum é realidade.

(…) Era um tempo que sem duvida passava, devagar mas passava, com ele alguma, alguma não, muita angústia. A angústia de saber estar por ali algo incontornável ou mesmo incontrolável. São os poucos contornos de uma vida com pouca existência. Mas bastava aquele canto… canto encantado dos pássaros, das aves que não de rapina que poderiam querer rapinar o meu espírito ou a minha rara e lúcida alma.


(…) Os cheiros eram de terra queimada, queimada pelo homem, pela passagem da sua existência, de tantos passos que se perderam por aqueles dias, por aquelas vidas que fogem e nunca mais se acham pelas banalidades das coisa que se perdem e raramente se encontram como os amores de coisa alguma, de uma parte de qualquer coisa que não se mede, que não se pesa, que não se controla mas que se sente.


(…) Corria a procura do imediato, do inesperado e pouco ou nada fazia sentido, quanto mais corria mais passado ficava, tudo era passado e a vontade de correr ia desvanecendo e os passos passavam a serem mais certos, mais comedidos e pensados, mas aquela angústia de viver continuava nunca se ia, ficava. E era essa a certeza que da sua relação com ela própria, uma tempestade constante e uma relação com ela.


(…) A vida… lá está ela, bonita e preciosa.


Apeteceu-me

“Os passos por mais perdidos que sejam tem sempre uma direcção” Charles de la Folie

quarta-feira, setembro 07, 2005

Telemovelmania



Estou estupefacto! … Se é que ainda se pode dizer isso!
Naturalmente que estou estupefacto; basta olhar à minha volta. Provavelmente a noticia seria se eu dissesse que não estou estupefacto. Adiante.
Nós somos dez milhões. Nós Portugueses claro, falo de todos nós. Não é que existem no nosso país à beira-mar plantado 10,7 milhões de assinaturas de telemóveis e afins e que a percentagem aumentou de um ano para o outro, qualquer coisa como 8,8%?
O que me faz espécie ou confusão, como queiram, é que há 10 milhões de portugueses mas nem todos trabalham, nem todos são de maior idade e há muitos de tenra idade. Se por aqui ainda reinar algum bom senso (do que já começo a duvidar), haverá para ai 5 milhões de portugueses ou 6 milhões de portugueses que devem falar ao telefone que se fartam! Com medo que se gastem cada um de nós tem dois ou três!
Afinal onde anda a crise se pensarmos que um telemóvel -, falo do mais baratinho - custa cerca de 50€ que vezes os tais 10,7 milhões dá uma quantia de 535 milhões de euros, se cada um fizer uma chamada por dia a 10 cêntimos dá por dia 1 milhão e picos de euros. Ora isto vezes 31 dias dá 33 milhões e 700 euros, o que dá mesmo muito dinheiro gasto só para dar à língua.
Não entendo porque é que há gente que anda com vários telemóveis. Realmente faz-me confusão. Por ser mais barato? Pois para rentabilizar esse investimento são precisos geralmente 3 anos, mas isso sou eu aqui a falar que ninguém me ouve.
Outra coisa que também me faz muita confusão é os miúdos com 6 e 7 aninhos de telemóvel em riste! Estou a ver-me a ter de dar satisfações ao meu filho de 6 anos onde estou onde ando e o que faço. Porque não estou a ver nenhum miúdo a dizer aos pais que esta a fazer asneiras ou que faltou às aulas ou coisa do género só porque tem um telemóvel.

Será uma das maiores pragas em Portugal? - Depois dos sucessivos governos a pedirem-nos contenção, imaginem que os telemóveis funcionavam a gasolina e que o governo metia ao bolso, 80% de imposto sobre os combustíveis, mais 21% de Iva… era melhor que a taluda do Natal -.
Ainda bem que esta fobia de falar e de comunicar só apareceu agora, imaginem na altura dos pombos-correios! O sol ia-se só com a quantidade de pombos a esvoaçar por aí! Lá se ia o nosso cantinho à beira-mar plantado. Pelo menos este belo Sol.

Apeteceu-me


"Não é preciso falar muito para que alguém nos ouça" Charles de la Folie

sábado, setembro 03, 2005

Rasta Man


Kingston… baixa da cidade, 3 horas da manhã.
O cheiro, que paira por ali é uma mistura de odores corporais, com o muito fumo que por ali se faz sentir, uma mistela de frutos tropicais e de erva, de muita maconha.
Aquelas ruas estreitas da baixa da capital jamaicana arrepiam as pessoas olham com ar desconfiado, os esgotos ali correm a céu aberto, podia ser numa qualquer capital africana, mas não ali é o coração das Caraíbas.
Aqueles homens negros que foram reclamados, pela Espanha, pela Inglaterra, até Cristóvão Colombo a usou aquela ilha como, ilha privilegiada de férias.
Mas não tem a ver com isso, aquela zona que chega a arrepiar, de casas de um só piso, térreas como dizem os suburbanos, casas com muita gente sentada a porta de roupa garrida, não vive só de cheiros, vive da cor e dos seus sons… dos magníficos sons, inigualáveis sons, que se tocam e cantam por ali porta sim, porta não, na baixa de Kingston.
As festas, aqueles bailes em grande salas com enormes aparelhagens e com os mais famosos dj´s que há memória, eles cantavam aquela espécie de música que só eles conseguem um misto de Africa com o hip hop com as músicas geniais daquele país de ar e mulheres quente.
Rasta, rastaman terra de madeira e água é assim que começou por ser chamada a Jamaica, aquele som de Shabba Ranks, o culto do Rasta, dos homens com fartas cabeleiras, que fazem rastas… não são caracóis… mas rastas.
Naquela noite, numa das favelas, o calor apertava, o cheiro a ácido era muito a adrenalina apertava. Ouviam-se tiros por ali perto, perto de mais, mas a noite prometia. Os sons começavam a perfilar-se o Dj começava a ensaiar umas notas, da sua voz e do seu Inglês de sotaque tropical, saiam palavras soltas a espera de acompanhamento pelo publico de mais uma noite de baile no Meio de Kingston. O céu emergia estrelado depois de mais um desabafo com um enorme charuto de erva, a medida que os olhos ficavam mais desanuviados o céu compunha-se a estrelas perfilavam-se agora como sempre, com as suas constelações normais.
No meio daquela gente, de toda aquela gente, daquele magote, onde o verde o amarelo e o vermelho, começavam a fazer sentido os seus movimentos, afinal o baile já tinha começado, os sons saiam a uma velocidade alucinante. Ali estava eu… parecia um garoto embasbacado a sentir aquele calor dos trópicos, a sentir a minha transpiração a correr de forma descontrolada e a pensar foi ali que nasceu o homem do rasta, o rasta man, era Bob Marley não Shabba Ranks.

Apeteceu-me

"A cedência está no espirito e nunca no acto em si de ceder"

Charles de la Folie

segunda-feira, agosto 29, 2005

Loucura IX


(...) eu deveria ser mais sexóloga do que psiquiatra, acho mesmo, aliás acho que eu deveria se assim uma coisa que até me custa explicar, porque o mais próximo que existe, não me deixa, se quer pensar, aborda-lo, por isso ficamos por aqui.
É verdade que já me passou pela cabeça, vamos dizer que só me passou pela cabeça coisas com o Cão Guru, se olharem bem para ele vêm que o cão até é sexy e...!?
O melhor é estar calada, não vale a pena esforçar-me mais, a vida tem coisas magnificas, por isso o melhor, é estarmos atentas que elas logo aparecem, uma das coisas que eu mais digo aos meus pacientes, é que sejam pacientes, he he que logo tudo aparece, tudo se define, a vida é isso mesmo, uma grande indefinição até ao dia em que tudo se define. Nem imaginem o La Palisse diria melhor, o rei das concordância ou seria da redundância!? Pois não sei e não quero saber, ou seria porque as suas verdades eram demasiado evidentes, quem sabe, há quem saiba, eu sei, mas não vos digo. O que posso eu fazer? Gosto e pronto, gosto muito é verdade, gosto estupidamente, mas, mas, continuo sem perceber o porquê de ter aquele energúmeno ali na minha cama, mas esse, era um daqueles mistérios que nós, quem sabe nunca vamos saber, ou será que algum dia vou perceber, penso que não, e porque raio havia eu de tentar perceber, para ter de ir a algum colega meu, não me parece, que isso venha a acontecer, até pode, mas não creio.
Há ainda muitas coisas que estão fora do nosso alcance, mas não quer dizer que sejamos estúpidas, nem idiotas, nem ignorantes, porque nem tudo é perceptível a nossa massa cinzenta.
Agora entender o que se vai passar na cabeça do vasco na hora que abrir aquela carta, já é uma outra coisa, ai já entendo, já sei todo o mecanismo da coisa e até mesmo como aquela cabeça vai funcionar, aqui até que vai ser claro, sem querer ser ordinária até porque é um conceito meramente clinico, dizia eu já sei como as cabeça, sim cabeças vão funcionar.
Aquele Vasco, é como qualquer homem, as mulheres nas horas mais complicadas, desatam ou a chorar ou a comer, os homens desatam a nada, é o que lhes vier a cabeça, como vêem, a cabeça está sempre presente, nem que seja pela ausência dela, numas circunstâncias e a sua fraca utilização noutras.
Mas a verdade é que a hora cada vez se aproximava mais, tinha que pensar, numa forma de afastar o energúmeno aqui de casa durante uns 3 diazinhos, era mesmo o ideal, não é que eu não pudesse estar a vontade no consultório, mas com a casa livre a coisa podia melhorar muito mesmo. Agora vinha-me a memória o Pilitas, pois o Pilitas, vai querer apoiar o amigo, e se ninguém notar apoia-se também em mim, coisa, que eu não levo a mal, claro até agradeço. Quem um dia viesse a saber destas promiscuidades entre médico e paciente poderia pensar uma série de coisas, e até poder-me processar deontologicamente, mas a verdade, é que eu fazia aquilo porque eles eram meus amiguinhos, amigos mesmo, não lhes levava nada pelas consultas e eles não me levavam nada por me alegrarem a alma era como se fosse uma permuta, de conceitos de vida, eram mesmo uma vida levada da breca, e se eu gostava daquilo.
Mas a verdade e pensando friamente nos assuntos acho que o Vasco é capaz de estar tramado, receio por ele, acho que é capaz de se ir abaixo, ou talvez não, não sei como ele anda, se anda muito longe da realidade, que por vezes anda, a coisa até lhe pode passar ao lado, o que ai pode ser muito complicado, mas penso que vai reinar o bom senso, é para isso que aqui estou. Se a coisa estiver para o complicado, reuno-me em conclave sexual com o Pilitas, e está tramado, nem sabe onde se vai enfiar, ai isso garanto.
A verdade é que toda esta história me faz espécie, porque foi uma conversa muito superficial, e se é mentira, bom se é mentira a coisa ainda se complica mais, agora para outra direcções. Ora aqui está uma daquelas histórias que eu adoro, ai adoro, adoro, vou rir-me a brava, seja lá o que acontecer.

Apeteceu-me

"Pior que a indignação é mesmo a ausência infundada" Charles de la Folie

quinta-feira, agosto 25, 2005

Porquê “calamidade pública”? Mas porquê?!



Porquê “calamidade pública”? Mas porquê?!
Estou farto de ler jornais, ouvir noticias, ver telejornais, e realmente não consegui ver que nenhuma casa de um político, ou terreno tenha ardido. Não consegui descobrir nenhuma figura pública que tenha ficado sem nada, que o seu meio de subsistência tenha ficado no meio das labaredas.
Não me lembro mesmo que alguém das revistas cor-de-rosa tenha ficado sem o pouco, que tinha conseguido ao longo de uma vida de trabalho. Então porque há-de o estado de “calamidade pública” ser decretado em algumas zonas do país? Teria sido decretado, se na zona de São Bento, tivesse ocorrido um fogo, e devastada toda aquela zona, com a casa do primeiro-ministro incluída. Estou a imaginar os senhores deputados sem local de trabalho! Era o descalabro Nacional!!!
Penso mesmo que o país –, o país não, o Mundo – parava para decretar “calamidade pública”.
Outro assunto que não me parece que mereça contestação, tem a ver com os meios de combate a incêndios. Pelo que tenho visto, lido e ouvido, o nosso país tem os meios mais que suficiente e adequados para combater incêndios! Mas ai é “limpinho” e não suscita dúvidas. Não me lembro de nenhum incêndio de 2004 ainda estar aceso e duvido que quando chover que a coisa não acalme em 2005, e que os incêndios deste ano cheguem a 2006, o que quer dizer que afinal os meios são mais que suficientes, pelo menos para os apagar. Agora duvido é que haja meios para que a mata e a floresta portuguesa continue de pé. Penso que vai ser mais difícil, ai vai, vai... mas pelo menos e por enquanto não há notícias de que anda gente a usar os helicópteros para combater os incêndios, para fazerem passeios turísticos.



Apeteceu-me

"Não é só o quente que queima" Charles de La Folie

domingo, agosto 21, 2005

Ler a Vida


Nada de especial, nada mesmo….
O tempo está quente, a vida rola, os dias passam e a vontade?!
Ela era quente, por vezes absorvia o que de melhor há nas nossas entranhas, mas mesmo assim gostava de deixar a sua marca.
Estava ali, sentada naquele banco de jardim, olhava para o horizonte… a sua mente ia devorando, aqueles estímulos, aquelas provocações de fim de dia onde a terra se fundia com o céu, onde o infinito se mistura com o finito.
Ali estava, pernas cruzadas, mãos entrelaçadas sob o seu colo, o peito firme crescia e diminuía conforme respirava, mas era digno se ser visto nos suspiros.
Naquele dia, o horizonte estava negro, não aquele para onde olhava, mas o seu próprio horizonte.
Não sabia o que fazer, nem porque fazê-lo, por isso manteve a calma, levantou-se, agarrou no seu livro, era um livro de pequenas histórias, um bonito livro, a história que começou a ler, começava:
“Nada de especial, nada mesmo…”
Achou que não devia ler o fim e foi…

Apeteceu-me


"Nem sempre a vida pode ser uma história com final..."

Charles de la Folie

domingo, agosto 14, 2005

U-2 um enorme bombardeiro de sons


Hoje tem 27 anos, conheci-o era um rapaz (Boy) simples, aliás ele foi sempre um rapaz simples, ainda hoje a sua simplicidade de processos impressiona.
Foi no Mês de Outubro (October), estávamos na Irlanda, um Pais sempre em ebulição, onde homens como Michel Collins, lutaram até a exaustão, com honra, por um pais livre e sem o jugo, sem o domínio, dos Ingleses.
Ali naqueles vales verdejantes, ouve guerra (WAR), grandes guerras, grandes lutas, Onde o exército de libertação da Irlanda explorou até à muito pouco tempo as fragilidades de um regime. As lutas em Belfalt foram feitas som um céu de sangue vermelho (Under a blood red sky), eram lutas por uma causa, como naquele domingo sangrento.
Foi um fogo inesquecível (The unforgettable fire), era um rapaz discreto, que queria viver e sonhar, as suas direcções eram diversas, um dia acordou na América (Wide awake in América), foi um dia inexplicavelmente fantastico, ver todos aqueles antigos companheiros, homens de lutas antigas, que foram a procura de uma família e de um sonho. Foi morar para um bairro lindo, onde comia todos os dias à beira da árvore de Joshua (The Joshua tree) aquela sombra fazia-o lembrar aqueles domingos na sua terra depois da missa, que tanto gostava. Eram dias magníficos, para trás ficava aquele som, aquele zumbido da matraca (Rattle and hum) fugia, deixava por completo os seus sonhos. Agora era preciso ter atenção ao bebé (Achtung baby), ainda estava nos domínios daquele programa de televisão (Zooropa) mas ele nunca iria autorizar que o pequeno fosse a vedeta principal, era apenas um menino que dançava ao som de música (Pop). Um dia havia de voltar á sua terra onde iria arranjar um milhão de dólares para comprar aquele hotel. (the million dollar hotel).
Aquele rapaz, conhecia o mundo tinha percorrido ao longo deste 27 anos, todas as paragens possíveis e imaginárias, até aprendeu a desarmar uma bomba atómica. (How To Dismantle An Atomic Bomb).



Madrid 2 vezes
San Sebastian
Paris
Londres 2 vezes
Lisboa
Sidney
Melbourne
Barcelona
Amsterdam

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"Os sons que nos fazem crescer, sobrevivem a Morte"
Charles de la Folie

sexta-feira, agosto 12, 2005

A ARDER


Sempre a Arder

Há coisas, pelas quais não meto as mãos no lume ou no fogo.
Há outras em que sou quase obrigado, (quase) se não obrigado mesmo, obrigado de obrigação e não de agradecimento.
Não é por acaso que no verão ando sempre com as mãos cheias de bolhas, de queimaduras dolorosas e horrorosas.
E uma coisa que posso garantir, é que não sou bombeiro, apesar de apagar imensos fogos, muitos mesmo… mas alguns até me dão gosto fazê-lo. As queimaduras também não têm a ver da exposição em demasia ao sol, até porque não sou de me queimar com o sol, já ouve tempos em que se a lua queimasse eu andava sempre moreno. Com o Sol ando moreno mas não é de estar quieto em imensos banhos de Sol cheio daqueles cremes que cheiram horrorosamente mal. Lembro-me de um que gostava, que era o “Bronzaline”, aquilo era pior que sei lá o quê, era castanho gorduroso quase sólido uma massa enorme de sei lá o quê, depois havia o nívea, que é como o “Melhoral”, não fazia bem nem mal. Tinham os seus cheiros, que chegavam e cheiravam na praia toda. A praia era dividida por cheiros e por bronzeadores, de um lados os “Bronzalines” do outro os “Níveas”.
A praia era porreira nessa altura, todos os anos encontrávamos os mesmas pessoas e os mesmos amigos, que ficavam sempre com a mesma barraca, o banheiro era um “gajo” porreiro com uma barriga que nem uma grávida, a bandeira sempre vermelha, porque o banheiro não sabia nadar ou estava sempre com a digestão por fazer.


Mas a grande verdade é que no Verão passo a vida com as mãos cheias de bolhas de queimaduras. É que é tramado virar Sardinhas no grelhador sem uma pessoa se queimar, tenho as pontas dos dedos todas queimadinhas, e o cérebro?! Nunca mais tenho ferias.

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"Porque será que o passado tem de estar sempre presente?!" Charles de la Folie

segunda-feira, agosto 08, 2005

O Natal está à Porta


Há dias e dias, uns mais que outros. Há outros assim - assim ou talvez não.
Agosto, belo tempo, belo mês, o mês de tantas coisas que não sei por onde começar, ou se devo começar.
È mês de Férias, de Saldos, de Emigrantes, de Festas da Santa terrinha e em todas as santas terrinhas, mês de Praia, de praias, de tantas e tantas coisas.
Talvez por ser um mês com tanta coisa boa, passe tão depressa, é um ápice enquanto passa, ainda não fui de férias e já parece que não as tenho, não admira que uma pessoa envelheça depressa, a uma velocidade estonteante.
O mês de Agosto passa depressa, os outros~, os outros meses também se vão num ápice. Passamos a vida a dizer nunca mais acaba a porra do mês, que é mês a mais para tão pouco ordenado.
Mas a vida sorri... essa é que é essa, será?

Apeteceu-me
"Nem sempre a busca de um provérbio dá um pregão" Charles de la Folie

quinta-feira, agosto 04, 2005

Está de Gesso








Hoje está de “gesso”


Afinal há água ou não?!
Pois a mim parece-me que há. Mas só para Espanhóis, porque para portugueses está de “gesso” como se costuma dizer. Grande Alqueva, obra do “ Cavaco” devia ser para extinguir os fogos do Diabo, (ou será o contrário?) porque para a Agricultura Portuguesa não serve para grande coisa, nem para grande... nem para pequena, nem mesmo para o “Ti” Jaquim levar o seu Jerico a acarretar uns baldes de água para regar os tomates.
Por falar em Cavaco: que grande salgalhada anda por ai. Estas presidenciais vão ser um mimo. Vou adorar. Ora vejamos: o Cavaco, está em estado de meditação familiar, mas faz-me lembrar as pilhas, aquelas, as do coelhinho que duram, duram…
Mais um tabu, do senhor dos alquevas.

Agora apareceu vindo sei lá de onde, o Soares, não o filho, o Original, a dizer que aos 81 anos está aqui para mais umas voltinhas a Portugal tal qual ciclista de fundo. O senhor das presidenciais que não se fecham e de outros marajás!

O Poeta Alegre, também já disse que se os portugueses quiserem, ele avança, avança em profunda poesia, como quem chama por ele.

Mas falam ainda do professor, aquele rapaz que fala, fala, fala e ao fim ao cabo… claro fala que se farta. Todos dizem que o rapaz é brilhante só deve estar à espera que o Tabu seja desvendado. É bem verdade que anda ai muita gente de venda nos olhos, mas enfim.

Já me esquecia de um está prestes a ir para o desemprego. A grande ambição era ser presidente, claro que Presidente da Republica. Já foi do Sporting, da Figueira, e de Lisboa... disseram-me que já lhe cortaram as pernas, ou será que foi um tiro no pé?!

Esquecia-me de um, pois é claro. Onde anda a minha cabeça?... Freitas! - Esse mesmo! -, Mas ainda é cedo, deve estar à espera do agreement do Bush, digo eu em Grego.

Mas estas Presidenciais devem ser as mais rápidas de sempre. “Cheira-me” que vão de lés a lés num ápice, agora com o TGV tão rápido, só mesmo o Concorde quando aterrar na Ota.

Psiu. Agora aqui que ninguém nos ouve, anda tudo louco. Agora (M.E.) até querem limitar condições para professores poderem dar explicações. Ora se nós já não somos brilhantes com explicações imagino sem...
Passo a explicar. Melhor: não passo. Desculpem-me: estou limitado.

Apeteceu-me

"Porque são sempre os outros os culpados, dos nossos erros?" Charles de la Folie

segunda-feira, agosto 01, 2005

ROCK em STOCK


Ele ai está, o mês mais esperado, mais… mais que tudo, o mês onde todos esperam descansar de todas as formas e maneiras e feitios. Procura-se a Praia o Campo, procura-se o subsídio de férias, enfim procura-se uma forma de descansar e estar descansado. É nesta altura que gosto de rodar o botão do rádio e ouvir as musicas que nos deixam felizes, bem dispostos, nos fazem “pregar pulos” e suspirar.
Há muitos, muitos anos tinha um ídolo, chamava-se e chama-se Luís Filipe Barros.
Lembro-me do tempo em que levava o rádio a pilhas para o Liceu com aqueles auriculares que mais parecem “sonotone, para poder ouvir o “Rock em Stock”.
O Rock e as Ondas Luisianas, fizeram parte do meu crescimento, talvez por isso cresci feliz. Lembro de percorrer as discotecas onde ele ia animar a malta para poder regatear um olá ou um segundo de conversa, poder dizer: - um dia quando for grande gostava de trabalhar na rádio, ou outros disparates do género, mas lembro-me perfeitamente como se fosse hoje, que nunca me voltou a cara, nem nunca me sacudiu.
Passaram muitos anos, o Luís, hoje é o Luís ainda claro, é o meu Tio é assim que lhe chamo todos os dias, aquela personagem simpática e bem disposta que todos gostamos de cumprimentar e de estar, sentimo-nos bem ao pé dele, não mudou nada… ainda bem, ainda bem que há gente assim, gente bem formada, com encanto e que nos dá vontade de ir trabalhar, para nos podermos divertir a trabalhar, sim o trabalho deve-nos divertir, se isso acontece é porque gostamos daquilo que fazemos.
Um “homem” como o Luís Filipe Barros podia viver daquilo que fez, daquilo que foi, do que percorreu, de quem conheceu de onde andou e com quem. Acho que ele conheceu personagens da música que pensamos ser impossível. Mas “ele” o Luís continua a trabalhar com o mesmo gosto de sempre, 20 anos depois, reeditou as “Ondas Luisianas” e que maravilha ele partilhar aquelas músicas connosco, que coisa deliciosa escutar aqueles sons que nos fazem voar. Só tenho pena das novas gerações serem tão desligadas, ou por outra serem tão ligadas ao seu umbigo, tenho mesmo pena. A ignorância por vezes assusta e pior que isso é não fazerem nada para o deixar de ser, não perguntarem quando não sabem mas a vida é assim anda para a frente e é tomada de assalto por quem não tem competência, pelos “amigos” e Homens como O Luís Filipe Barros, vão ficando para trás.
Mas a vida é feita assim, um dia esses “incompetentes” vão acordar e dizer eu trabalhei com o Luís…. Eu espero poder continuar a dizer ele é meu amigo.


Apeteceu-me

"A incompetência é uma outra forma perigosa de cobardia"

Charles de La Folie