(Fogo) Cruzado VIII
...) Casar era uma palavra que me assustava, não que eu tivesse alguma vez, pensado muito no assunto, mas a verdade é que casar, assusta, claro que assusta, casar partilhar, deixar de fazer uma série de coisas que estamos habituados a fazer, isso tornava a palavra verdadeiramente assustadora. Imaginar, que não podia deixar as cuecas onde quero, como quero, beber o leite pelo pacote, deitar-me no sofá e peidar-me loucamente, industrialmente, até ficar verde de intoxicação, aquelas coisas que só fazemos quando não partilhamos a casa com outras pessoas, aliás eu partilho a minha casa, mas é com o meu fiel amigo, e ás vezes partilho-a para uma sessões muito másculas de visonamento de pornografia, não é que fosse fã mas tinha graça pelo menos ver o enredo daqueles filmes, ou qualquer coisa que se pareça com isso. Partilhava para uma coisas suplementares, uns suplementos do namoro, porra umas infidelidades, mas poucas, nada de monta pelo menos desde que ninguém soubesse, mas vou deixar de falar de “gajas” estes pensamentos fazem-me mal.
Estava a ficar melhor da dor de cabeça e da má disposição, por falar nisso, deixa-me ir ver ali a dispensa, se já está seca a minha ultima colheita, procurei uma lista telefónica, uma paginas amarelas, e lá bem metidas estavam umas folhitas de erva a secarem, já ali havia umas com muito bom aspecto, muito mesmo, só tinha agora que encontrar os “lençois” sim as mortalhas, estava a ficar com a pica toda, aquela aceleração de principio da manhã, com uma adrenalina fabulosa para descobrir afinal o que vai acontecer, ao meu grande amigo Vasco, com certeza vou ter de fazer mais um risco na minha agenda, aquele risco, que eles odiavam, e de que maneira eu também me odiaria ver assim na agenda de uma amigo, mas também eles provocam as situações depois querem o quê ? A adrenalina começava a correr-me pelas veias, era a sensação que eu mais adorava sentir, adorava ter aquele frenesim dentro de mim, parecia as mulheres quando estão grávidas todas orgulhosas por sentirem o filho dentro delas, eu ali estava tal e qual uma mulher, a sentir aquela sensação dentro de mim, agora para a coisa melhorar, bastava encontrar a “seda”, mas estava difícil, já tinha dado a volta a casa toda e, nada, mas não era muito problemático lembrava-me daqueles cigarros indianos e indonésios de cravinho que eram a folha enrolada, ali podia tentar fazer a mesma coisa.
Vamos lá ver o que isto dá, o pior mesmo é estragar uma folha desta coisa, o que é um desperdicio, mas que se lixe está-me mesmo apetecer, rir-me com isto, a erva dava-me uma boa disposição infernal, se eu já era um bem disposto, por natureza e estupidez natural, com aquela pedrada, nem me imaginam, ficava com um sorriso de orelha a orelha, olhos pequeninos sempre avermelhados, um perfeito sacaninha, mas era fantástico, era uma bela maneira de ver a vida e olhar para a vida dos outros e aperceber-me que há coisas bem piores que a minha, assim deixava de ser um chorão nato, para ser uma verdadeiro optimista, tinha piada muita piada mesmo era essa a minha maior arma, era a piada.
Agora mãos à obra, vamos lá fazer aqui um belo “habano” de fazer rir, uma bela peça, está aqui uma coisa quase perfeita, agora só falta mesmo acender esta coisa e falta também uma maquina fotográfica ou de filmar para ficar para a posteridade, a glorificação deste acto, que vai ser memoravel, o meu primeiro charuto de erva, a primeira passa ia morrendo aquilo era directo, porra quase que parecia um exaustor a puxar o fumo, tem de ser com mais calma, que isto assim ia aquecer, bom aquilo assim era muito mais apetitoso e de que maneira só tinha um senão ardia muito mais rápido mas actuava muito mais depressa, bendita a hora em que as mortalhas desapareceram aqui de casa que isto assim é muito melhor, já me grisava (ria) todo, bastava olhar para qualquer coisa e ria-me, estava a ficar um delicia sentia-me nas nuvens, só faltava ver ali o Pavarroti a dançar ballet de maiôt e em pontas a dar uns belos saltos, só mesmo isso, e não conseguia parar de rir.
Apeteceu-me
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