sexta-feira, setembro 30, 2005

Fodi*


(…) Vibrava com as vitórias, mas a sua Alma ficava em sobressalto sempre que a vida lhe pregava umas partidas, mas isso é normal as partidas da vida, mas ali era mais que isso. Mais que muitas coisas, mas isso…

(…) Nas águas tranquilas daquele lago, nos dias das derrotas, procurava ali a calma, com a sua cana de pesca…ouvia o coaxar das rãs…ele era o Conan o Homem-rã.


Apeteceu-me

“Quando o Sporting perde nada em mim se safa” Charles de la Folie


* Desculpem mas a musica é para me animar.

quarta-feira, setembro 28, 2005

O Mundo e nós.




Não sei se é o Mundo e Nós ou se seremos Nós e o Mundo.
Nos últimos dias dei por mim a olhar para as notícias que vinham e chegam lá de fora sobre o nosso país a beira-mar plantado, achei-as noticias sérias e com muito interesse mas como ninguém falou delas, fiquei a pensar que afinal eu tenho critérios um pouco diferentes, diferentes não, critérios com falsos juízos para a nossa Nação talvez por isso sem relevância para Nós.
Então fiquei a saber que o país quer saber é da Implosão da Torralta com direito a honras de Primeiro Ministro…primeiro, segundo e até um terceiro Ministro, honras de directos e até houve quem para lá enviasse os seus pesos pesados no que diz respeito ao jornalismo televisivo. Durante 3 dias foram comentadores e afins a falar da implosão de 3 torres da Torralta e como o Primeiro Ministro devia ter metido o dedo no detonador, ficamos todos a saber o que a manicura do senhor fez de especial ás unhas do nosso primeiro para esse dia tão especial.
Afinal perante tais factos o que importa que Daniel Kaufmann, responsável pelo Banco Mundial, (é verdade que ganha menos que o Governador do banco de Portugal) diga que há corrupção instalada em Portugal, e que se o nosso país parasse com isso, com a corrupção poderia estar ao nível da Finlândia, é verdade que só podia estar a gozar só por isso é que a maior parte dos órgãos de informação passaram de mansinho por esta noticia, diria mesmo facto. Aliás o texto do Kaufmann, tem como titulo: -“Dez mitos sobre governação e corrupção”.
A outra noticia que também ninguém ligou grande coisa vinha no El Pais e depois no Guardian e em mais outros dois que não me lembro não deviam ter grande importância, O título desta notícia: - “As ilusões devastadas de Portugal”. É verdade que aqui não há ilusões nenhumas dos portugueses a realidade é que andamos todos a rir e de que maneira. O artigo fala da nossa crise, da ausência de alternativas e de um país ingovernável e onde ninguém sabe que fazem aos impostos insuportáveis que nos obrigam a pagar, (será para as indemnizações chorudas que passam a vida a pagar?).
Adiante, mas em maré de educação visto que as aulas andam a correr de feição já que os conselhos directivos e consultivos conseguem fazer o que querem como autênticos “feudos” descobri que a OCDE (organização para a cooperação e desenvolvimento Económicos) tem o desplante de dizer que os Professores Portugueses são os que passam menos tempo por ano nas escolas, em media passam menos 379 horas por ano que o resto da OCDE, apesar das semanas serem iguais para todos. Acho que isto não é importante aliás porque havia de ser neste dia em que saiu este relatório até que havia Liga dos campeões, já não falta muito para voltar a politica dos 3 EFES, Fátima, Futebol e Fado, só não sei como encaixar ai a telenovela.



Apeteceu-me


"Porque será que achamos que o centro de tudo está no nosso umbigo?" Charles de la Folie


* A musica é uma coisa que eu tinha aqui em casa e descobri que é um sucesso algures por ai.

domingo, setembro 25, 2005

Vontade de....


(…) A vergonha é coisa que pouco ou nada importa, ali não se passava nada que a pudesse envergonhar. A sua vida sempre primou pela lisura e pelo bom senso.
Aliás nada que fizesse dizia respeito a alguém a não ser a ela, quem quer saber quantas mãos já lhe afagaram o corpo, quantas línguas já lhe descobriram os seus segredos.


(…) Aquele charco ou chabouco como se chamava na minha terra, a água vinha das chuvas, daquelas chuvas que nos tornavam os dias nostálgicos nas manhãs de Inverno, onde os sonhos se tornavam cinzentos como as nuvens, como alguns lampejos pensamentos de que se tornavam luminosos como os relâmpagos.


(…) Sentia-se calma apesar daquele respirar mais profundo de quem está prestes a ter uma torrente de emoções que percorrem o corpo todo, estava sozinha em casa, as suas mãos percorriam o seu corpo de uma forma mais ou menos ternurenta, não que fosse natural, mas apetecia-lhe sentir-se, sentir aquela forma abrupta de ….


(…) Gostava de nadar naqueles charcos de se despir por ali, sabia que ninguém iria aparecer… aquelas águas eram demasiado salobras para alguém as tentar sentir a violar o corpo… tinham demasiadas eroses e cobras de agua, que gostavam de se roçar pelos seus corpos…


(…) Viajava a espaços, pelos silêncios de sua casa, as cortinas a bater nos móveis para sentir a aragem fresca, naquele turbilhão de emoções onde o seu corpo se espraiava por cima do sofá, sentia uma musica na sua cabeça que faziam as suas mãos deslizar por si, a sua imagem parecia projectar-se pela sala… com vários prazeres.


(…) A ponta dos salgueiros que tocavam naquela agua meio esverdeada dos limos e dos musgos que se encontravam no fundo do charco, adorava ouvir o coachar dos sapos ou das rãs, andava por ali, só o murmurar das arvores e da vegetação nada rasteira, se sobrepunha ao barulho do rasgar da agua naqueles mergulhos calmos e elegantes.


(…) O despertador tocou, espreguiçou-se, esfregou os olhos, sentiu o cheiro do campo, daquele charco onde brincava á mais de sessenta anos o seu corpo estava mole e húmido de quem tinha acabado de ter uma noite de sexo. Puxou de um cigarro olhou para o lado viu que estava sozinha olhou para o espelho e sorriu.



Apeteceu-me


“A nossa vida é (e)terna enquanto duramos” Charles de la Folie

quarta-feira, setembro 21, 2005

Enconado

(…) Quem o conhecia… sabia que ele não era assim, que não era um enconado… era sim reservado, mas… todos faziam questão de lhe chamar isso mesmo enconado.
Era um moço simples, de famílias simples, gente humilde e trabalhadora. Tinha o cabelo liso, cortado geometricamente, fazia com que aquele castanho claro se transforma-se num rio de cabelos que espelhavam o Sol e o faziam cintilar.


(…) Nem sempre foi assim, naquela pequena aldeia, ladeada por muralhas de outros tempos. Há registos e Estórias que há muito tempo, no tempo em que o fogo ainda era vermelho e o céu se vestia de outras cores, aquela aldeia não passava de um sítio onde copular era uma arte e crescer uma dádiva.



(…) Os seus lábios eram de um vermelho esbatido os olhos claros e indefinidos. O seu nariz era de traço fino um traço de escultura agraciado por Deus. As suas mãos tinham prazer em tocar, em expressar sentimentos eram de uma veludez pouco ácida e corrupta, raramente pervertiam os seus sentimentos, talvez por isso o chamavam de enconado

(…) Havia um sítio onde tudo podia ser explicado, era no meio do bosque, um bosque com tantos anos, que nem se atreviam a conta-los. Mas era revelador, as árvores murmuravam sons só perceptíveis pelos eleitos, falavam de coisas estranhas, de homens que haviam de chegar, outros que haviam de partir e pouco ou nada destas histórias tinham a ver com o ciclo da vida, mas sim com….


(…) Era um rapaz alto para a idade, aliás ao certo ninguém sabia a sua idade, só que era um enconado. Mas andava por ai entre os muitos e poucos ou por muitos que fossem poucos pareciam, qualquer coisa assim do género. A sua maneira de vestir no mínimo era muito estranha, mas era a sua e ninguém tinha nada a ver com isso, só que nem sempre era assim, por vezes era ultrajado, injuriado e outras coisas mais.




(…) Aquele lugar, perdido no meio do nada onde o murmúrio era uma forma de falar e de dar a conhecer algo inexplicável… estava preste a perder a identidade ou talvez não, naquele dia quando alguém com um archote numa mão e uma lata velha cheia de gasolina, estava prestes a acabar com aquele lugar estranhamente lindo, naquele momento em que o archote ia ser lançado, uma mão apareceu do nada e agarrou-lhe com uma força fora do normal no pulso.
Ainda hoje se fala que a linha da vida do Enconado está encrostada naquele pulso.

Apeteceu-me


"As sombras por vezes são mais reveladores que o nosso EU" Charles de la Folie

terça-feira, setembro 20, 2005

MONUMENTO




(…) Sempre a conheci solta, mas nunca ninguém a tirou dali, muito menos a compôs. Desde os meus tempos de menino que via aquela pedra solta por ali. Mas… porquê pensar nela, naquela pedra ela não se movimentava por ali nem dali, fazia já parte da paisagem… e que paisagem!

(…) Parou, mesmo ali onde o sol se punha. As suas pernas eram imensamente belas, aquela claridade aquela hora do dia que ainda chegava do Sol fazia transparecer o opaco daquela saia curta. Como eram belas e sedutoras. A sua cor de ouro reluzia, o seu corpo de belíssimo efeito brilhava em todas as almas que o olhavam, era uma espécie de magia.

(…) Naquele dia nada se sabia das histórias que todos os dias nos chegavam um pouco de todo o mundo, falava-se por ali que tinha sido o vento. Mas nas minhas histórias de meninice sempre me disseram que o vento soprava histórias, mas naquele dia, mais uma vez fui surpreendido… o vento pouco ou nada disse. Mas algo soprou mais forte que o vento.

(…) De cima do seu porte, (diga-se do seu magnifico porte), olhava com aquele olhos de quem se enche de conhecimento em cada olhar, que absorve informação imagens, bebe todo aquele conhecimento. Os seus movimentos eram perfeitos, graciosos, de uma graciosidade incomparável.
Duas vezes, por duas vezes pisou aquele chão que quase ficou agradecido.



(…) As histórias a maior parte das vezes vinham de uma forma mais ou menos controlada, não eram fábulas mas sim contos, contos do diz que disse do antigamente, histórias que jorravam factos que por mais irreais que parecessem encaixavam na perfeição daquele dia que se fechava e prendia a si e em si.


(…) Ninguém se lembra do seu nome mas o seu corpo durante muito tempo ficou na cabeça de toda a Vila, mais nos homens que a veneravam mas as mulheres invejavam-na, mas todos sabiam ser impossível chegar perto dela, perto daquele “monumento” de mulher.
Só um homem, só um se chegou perto dela, uma vez a muitos anos, talvez por isso aquele ar mais ou menos triste que ela mantinha diariamente.



(…) Só mesmo um descuido, poderia fazer com que toda a vila lhe tocasse, foi o que aconteceu naquele dia calmo quando um dos carregadores do andor escorregou, naquela pedra de calçada solta a uma eternidade. Ela caiu lá de cima e a sua redoma partiu-se e foi ai, nesse dia que todos lhe tocaram, fala-se que foi a primeira e a ultima.


Apeteceu-me

“Pode-se pisar o chão mas mesmo assim é preciso alguma delicadeza no Passo”
Charles de la Folie


* Desculpem a musica mas apeteceu-me mesmo muito.

quarta-feira, setembro 14, 2005

Loucura X (ultima)




(...) O meu medo era não conseguir segurar as pontas, mas não havia de ser nada, apesar do meu ar jovem, já tinha alguns anos de experiência, o que me dava alguma tranquilidade. O meu pouco e pequeno nervosismo só tinha a ver com, aquela história era mais ou menos um drama familiar, para mim, aquela era a minha verdadeira família. Olha que giro, podia ser a Drª Mónica e os seus dois amantes, em versão paroquial. Aqui no nosso prédio só faltava mesmo um padre, o mais parecido que tínhamos, era mesmo, pois acho que não temos nada parecido como um padre, podia ser a Dona Henriqueta, mas acho que ela debaixo daquele seu ar angelical esconde muita coisa, ai esconde, esconde era capaz de meter as minhas mãos no fogo como ela esconde para ali muita coisa. Enfim, cada qual é livre para fazer e ser como quer. Agora o melhor é começar a arrumar esta sala, porque isto assim, dá mau aspecto entrarem por aqui e verem este arsenal sexual, o que iriam pensar, ah ah, que afinal sou vendedora de uma sex shop ou que tenho uma sex shop em casa.
Mas ante de arrumar isto o melhor é fumar mais uma ervinha do meu amigo Pilitas e beber um belo e grande café, devia de ser injectada com cafeína, a ver se deixava de beber tanto café, isto dá-me cabo do sistema, nervoso não, do meu sistema, de ar condicionado, o café faz-me flatulência, não me perguntem porquê, mas dá-me.
A coisa que mais adoro, é beber um café logo de manhã fumar uma broca e ai vou direita a casa de banho, é quase tiro e queda, é outras das coisas que não me perguntem porquê, mas é assim mesmo, e depois é ler até me aborrecer, muito gosto eu de estar na casa de banho a ler, é tão bom, tenho lá sempre um belo livro, daqueles tipo história de cordel que se lê nas calmas, e tenho outro livro daqueles, só com provérbios, adoro provérbios, se pudesse instituía o dia do provérbio, nesse dia só se podia dizer frases feitas, tipo: “quem deixa o certo pelo incerto ou é tolo ou é pouco esperto” ou então “com a mulher e com o dinheiro não zombes companheiro”, costumo rir-me que nem louca aqui, a ler esta coisas, e depois inventos os meus próprios, mas nada de muito especial, hehehe. Tipo: “Mais vale a ementa que o cimento” ou “ agua dura em pedra mole tanto fura que até que bate” coisas do género, mas enfim, a vida é feita de pequenos impulsos, e o meu impulso nesta altura era mesmo arrumar esta coisa toda, e fumar uma broca e dar um giro ali ao meu consultório para aliviar esta pressão, isto é uma forma de dizer que eu não tenha nada a pressionar-me agora mas mais logo espero. O melhor agora é meter já umas garrafitas de vinho branco e um champanhe no frigorifico, ver onde estão os números de telefone da comida feita, que eu não tenho paciência para cozinhar, nenhuma mesmo hoje quero mesmo é ter todo a jeito, para ver o que vai acontecer o que vamos fazer ao menino, ao meu Vasquinho ao meu querido e imaculado Vasquinho.
Vou ver se acordo o energúmeno e o mando embora durante 3 dias, a minha sorte é que ele vai se eu disser a ele para ir para a nossa casa, de campo vai a uma velocidade que nem vos conto, odeio acorda-lo, porque só meia hora depois é que posso dizer alguma coisa, ele já não é muito perceptível com aquele sotaque, meio sopinha de massa, com aquela língua enrolada de quem veio das colónias, e que ainda por cima foi imigrante.
Agora imaginem o energúmeno que já não é muito perceptível, a querer falar e as palavras a não saírem, e verter assim uns fluxos de coisa alguma, parece um gato, quando quer dizer alguma coisa e só sai aquele fssssss. Mas acho que ouve, este para ser completo só faltava mesmo ser gago, ai é que devia ser lindo com aquelas dificuldades todas e ainda por cima gago. Quer dizer teria a sua piada, na medida que cada vez que quisesse responder, demorava tanto tempo que já estava a milhas, o melhor é mesmo ir lá dar um berro, ou então fazer o numero do costume, gritar a dizer que há fogo, ele cai sempre nessa parece um maluco, e hoje está mesmo a jeito para isso está nú, boa, boa ai vou eu, deixa-me só abria a porta da rua.


- OH pá esta merda está a arder toda, foge, foge, estão ai os bombeiros.
- Ãnh,ãnh???!!! Porra, porra, ai meu deus.

Tiro e queda, agora é só fechar a porta, e ir a janela vê-lo todo nú na rua.

Apeteceu-me


"Não há certezas no nosso caminho, mas é nas dúvidas que avançamos" Charles de la Folie

sábado, setembro 10, 2005

Ela (a Vida)


(…) Nunca entendi o porquê da sua relação doentia com ela própria, de ver, de a ver assustava, mas todos os dias… já criava uma habituação no Cérebro. Era difícil explicar á nossa razão, á nossa mente de todo aquele cenário que já se tornara habitual.

(…) Calculava que o dia fosse durar uma eternidade, apesar do céu azul do vento correr de mansinho, das flores despertarem para uma nova e sangrenta manhã onde as abelhas murmuram-lhes mentiras para lhes sacarem a sua alma.
Por ali… os sentimentos corriam ao sabor de qualquer coisa pouco perceptível, mas que fazia parte integrante da imaginação que nos faz viver o dia a dia.


(…) Não se sabia ao certo quando tinha começado aquela interpretação da vida, uma maneira igual a tantas outras caso se misturasse com a vontade de viver, com a saudade mas, aquela nostalgia não tinha igual nem paralelo - é verdade que uma paralela nunca em caso algum se toca, mas se a focarmos, se os olhos deambularem por ali alguns segundos ela afunila e somos traídos por uma união que em caso algum é realidade.

(…) Era um tempo que sem duvida passava, devagar mas passava, com ele alguma, alguma não, muita angústia. A angústia de saber estar por ali algo incontornável ou mesmo incontrolável. São os poucos contornos de uma vida com pouca existência. Mas bastava aquele canto… canto encantado dos pássaros, das aves que não de rapina que poderiam querer rapinar o meu espírito ou a minha rara e lúcida alma.


(…) Os cheiros eram de terra queimada, queimada pelo homem, pela passagem da sua existência, de tantos passos que se perderam por aqueles dias, por aquelas vidas que fogem e nunca mais se acham pelas banalidades das coisa que se perdem e raramente se encontram como os amores de coisa alguma, de uma parte de qualquer coisa que não se mede, que não se pesa, que não se controla mas que se sente.


(…) Corria a procura do imediato, do inesperado e pouco ou nada fazia sentido, quanto mais corria mais passado ficava, tudo era passado e a vontade de correr ia desvanecendo e os passos passavam a serem mais certos, mais comedidos e pensados, mas aquela angústia de viver continuava nunca se ia, ficava. E era essa a certeza que da sua relação com ela própria, uma tempestade constante e uma relação com ela.


(…) A vida… lá está ela, bonita e preciosa.


Apeteceu-me

“Os passos por mais perdidos que sejam tem sempre uma direcção” Charles de la Folie

quarta-feira, setembro 07, 2005

Telemovelmania



Estou estupefacto! … Se é que ainda se pode dizer isso!
Naturalmente que estou estupefacto; basta olhar à minha volta. Provavelmente a noticia seria se eu dissesse que não estou estupefacto. Adiante.
Nós somos dez milhões. Nós Portugueses claro, falo de todos nós. Não é que existem no nosso país à beira-mar plantado 10,7 milhões de assinaturas de telemóveis e afins e que a percentagem aumentou de um ano para o outro, qualquer coisa como 8,8%?
O que me faz espécie ou confusão, como queiram, é que há 10 milhões de portugueses mas nem todos trabalham, nem todos são de maior idade e há muitos de tenra idade. Se por aqui ainda reinar algum bom senso (do que já começo a duvidar), haverá para ai 5 milhões de portugueses ou 6 milhões de portugueses que devem falar ao telefone que se fartam! Com medo que se gastem cada um de nós tem dois ou três!
Afinal onde anda a crise se pensarmos que um telemóvel -, falo do mais baratinho - custa cerca de 50€ que vezes os tais 10,7 milhões dá uma quantia de 535 milhões de euros, se cada um fizer uma chamada por dia a 10 cêntimos dá por dia 1 milhão e picos de euros. Ora isto vezes 31 dias dá 33 milhões e 700 euros, o que dá mesmo muito dinheiro gasto só para dar à língua.
Não entendo porque é que há gente que anda com vários telemóveis. Realmente faz-me confusão. Por ser mais barato? Pois para rentabilizar esse investimento são precisos geralmente 3 anos, mas isso sou eu aqui a falar que ninguém me ouve.
Outra coisa que também me faz muita confusão é os miúdos com 6 e 7 aninhos de telemóvel em riste! Estou a ver-me a ter de dar satisfações ao meu filho de 6 anos onde estou onde ando e o que faço. Porque não estou a ver nenhum miúdo a dizer aos pais que esta a fazer asneiras ou que faltou às aulas ou coisa do género só porque tem um telemóvel.

Será uma das maiores pragas em Portugal? - Depois dos sucessivos governos a pedirem-nos contenção, imaginem que os telemóveis funcionavam a gasolina e que o governo metia ao bolso, 80% de imposto sobre os combustíveis, mais 21% de Iva… era melhor que a taluda do Natal -.
Ainda bem que esta fobia de falar e de comunicar só apareceu agora, imaginem na altura dos pombos-correios! O sol ia-se só com a quantidade de pombos a esvoaçar por aí! Lá se ia o nosso cantinho à beira-mar plantado. Pelo menos este belo Sol.

Apeteceu-me


"Não é preciso falar muito para que alguém nos ouça" Charles de la Folie

sábado, setembro 03, 2005

Rasta Man


Kingston… baixa da cidade, 3 horas da manhã.
O cheiro, que paira por ali é uma mistura de odores corporais, com o muito fumo que por ali se faz sentir, uma mistela de frutos tropicais e de erva, de muita maconha.
Aquelas ruas estreitas da baixa da capital jamaicana arrepiam as pessoas olham com ar desconfiado, os esgotos ali correm a céu aberto, podia ser numa qualquer capital africana, mas não ali é o coração das Caraíbas.
Aqueles homens negros que foram reclamados, pela Espanha, pela Inglaterra, até Cristóvão Colombo a usou aquela ilha como, ilha privilegiada de férias.
Mas não tem a ver com isso, aquela zona que chega a arrepiar, de casas de um só piso, térreas como dizem os suburbanos, casas com muita gente sentada a porta de roupa garrida, não vive só de cheiros, vive da cor e dos seus sons… dos magníficos sons, inigualáveis sons, que se tocam e cantam por ali porta sim, porta não, na baixa de Kingston.
As festas, aqueles bailes em grande salas com enormes aparelhagens e com os mais famosos dj´s que há memória, eles cantavam aquela espécie de música que só eles conseguem um misto de Africa com o hip hop com as músicas geniais daquele país de ar e mulheres quente.
Rasta, rastaman terra de madeira e água é assim que começou por ser chamada a Jamaica, aquele som de Shabba Ranks, o culto do Rasta, dos homens com fartas cabeleiras, que fazem rastas… não são caracóis… mas rastas.
Naquela noite, numa das favelas, o calor apertava, o cheiro a ácido era muito a adrenalina apertava. Ouviam-se tiros por ali perto, perto de mais, mas a noite prometia. Os sons começavam a perfilar-se o Dj começava a ensaiar umas notas, da sua voz e do seu Inglês de sotaque tropical, saiam palavras soltas a espera de acompanhamento pelo publico de mais uma noite de baile no Meio de Kingston. O céu emergia estrelado depois de mais um desabafo com um enorme charuto de erva, a medida que os olhos ficavam mais desanuviados o céu compunha-se a estrelas perfilavam-se agora como sempre, com as suas constelações normais.
No meio daquela gente, de toda aquela gente, daquele magote, onde o verde o amarelo e o vermelho, começavam a fazer sentido os seus movimentos, afinal o baile já tinha começado, os sons saiam a uma velocidade alucinante. Ali estava eu… parecia um garoto embasbacado a sentir aquele calor dos trópicos, a sentir a minha transpiração a correr de forma descontrolada e a pensar foi ali que nasceu o homem do rasta, o rasta man, era Bob Marley não Shabba Ranks.

Apeteceu-me

"A cedência está no espirito e nunca no acto em si de ceder"

Charles de la Folie