segunda-feira, outubro 31, 2005

Sem sentido (único)


(…) Entranhava-se por todo o lado, enquanto no outro lado ou num outro lado, ou em lado algum mal havia espaço para algo se entranhar.

(…) Havia quem lhe chamasse um tiro no escuro, mas naquele dia nem tiros, nem escuro, era um dia entre tudo e nada, entre o escuro e o claro, entre o cinzento e o amarelo canário, entre o limbo e o centro de qualquer coisa.
Nas paredes mais indivisíveis que há memória, nasciam flores, flores de todas as cores e nenhuma. Eram umas paredes inclinadas para dentro e que nada suportavam a não ser cheiros de cores, umas garridas outras meio abrutalhadas. Como o tempo teimava em não aparecer, aquele espaço de tempo que se podia tornar intemporal para sempre, estava ali… mesmo ali a frente de um olhar entre o catatónico e o absurdo.

(…) Sentado naquela cadeira mais ou menos direita, mas já muito torta de tanto ser usada, pensava em soluções para o irresoluto ou coisa no género. Era uma maneira de estar sempre em movimento com ele próprio, com os seus pensamentos. A dúvida era a única maneira de sobreviver ao seu próprio tédio e fugir aos medos que o assolavam.


(…) No tecto de algo sem sentido e sem geometria, corria-se o risco de ficar preso num esboço de vida para sempre, poderia ser um esquisso que nunca iria passar disso mesmo. A obra final seria sempre infindável porque assim, como assim, nada teria fim e o princípio estaria demasiado longe para ser ponto de partida para novas viagens.



(…) Aquela chuva que se entranhava por todo o lado, enquanto num outro lugar….


Apeteceu-me


“Os fantasmas mesmo que do passado continuam a pairar como abutres do presente” Charles de la Folie

quinta-feira, outubro 27, 2005

A ARTE DO POSSÍVEL


Há alguns anos atrás um amigo meu que hoje é presidente do mais novo país do Mundo dizia-me que tinha aprendido no mato que politica é: -“ A Arte do Possível”.
Esta frase anda comigo há já algum tempo porque não a consigo entender. Não consigo perceber o que “ele” quis dizer com ela.

Nos últimos dias comecei a ouvir dizer aos políticos que: -“este orçamento é o orçamento possível”.
Fez-se luz, mas depressa se fundiu porque esse amigo meu era e é incapaz de trair os seus princípios. Podem-no acusar de muitas coisas mas nunca de traidor. Por isso é que fiquei às escuras!
Em causa as possibilidades do possível do nosso orçamento.
Acho (acho porque hoje certeza são cada vez menos), que ouvi há uns tempos que iam aumentar os impostos do tabaco e dos combustíveis. Para que não se pagassem portagens nas SCUTS e lá fizemos o “favor” de em Junho ou Julho começarmos a descontar mais uns “tustos” para a colecta.
Ora além de ouvir o Ministro das Finanças –, de quem não sei o nome e também não quero saber –, a dizer que para o ano (2006) provavelmente algumas SCUTS vão ter portagens e que no O.E. do próximo ano os impostos do tabaco e combustíveis vão aumentar (outra vez). Foi aqui que bloqueei por completo. É que ouvi o ministro, o tal que é Primeiro, dizer que este orçamento não contemplava aumento de impostos! Serei eu o doido ou a “Arte do Possível” é enganar o próximo? O próximo não, porque os que estão próximos “deles” estão todos bem.
Vamos fazer só umas pequenas continhas, e tentar entender como nos comem os impostos:
Para ir de casa para o trabalho tenho de ir de carro devido ao meu horário, e à hora a que saio não há transportes públicos (para onde vão impostos meus? Meus não. Nossos).
O carro quando o comprei tive de pagar IVA e IVVA (este ilegal, mas que se dane), mais o imposto de circulação.
Depois o gasóleo: penso que são setenta e muitos por cento de imposto, mas não contentes com isso, tenho de pagar a portagem da ponte que está mais que paga e re-paga. (é um imposto quer queira, quer não). Se pensar que não posso ir nu e a roupinha que trago no corpo teve de pagar 21% de IVA, a ouvir rádio para a qual pago na factura da EDP -, isto para não falar nos imposto que já tive de pagar à cabeça quando recebi o ordenado - e daqueles que pago quando vou às compras para comer…
O melhor é não pensar nisto, porque vou enlouquecer. Eu e os restantes 10 milhões de compatriotas, retirando apenas uns quantos eleitos que têm reformas quando querem e lhes apetece, carros pagos pelos nossos impostos, indemnizações a premiar a incompetência pagos pelos nossos impostos! E mais, mas não posso dizer…
Não devo pelo menos! Não seria educado nem ético da minha parte.
Será que é isto que o meu amigo queria dizer, com a frase –“A politica é a arte do possível”?

Afinal para que servimos nós? Só para pagar impostos? Se não sobra mais nada para gastar, como querem eles que se gere riqueza para o país? Só se quiserem que a gente vá roubar! Mas onde se está tudo vazio?
Desculpem a minha angústia mas é que eu tenho filhos pequeninos para criar e não sei que futuro estes”Políticos” lhe reservam.


Apeteceu-me


"Na impossibilidade de ser, há a possibilidade de acreditar" Charles de la Folie

segunda-feira, outubro 24, 2005

MOMENTO


(…) Ela adorava o campo, aquele verde, o cheiro a manhã, toda aquela zona envolvente onde podia usar de um pensamento, mais que um pensamento… de liberdade.
O seu olhar, um olhar sério, profundo e meigo, de quem ousa andar no limite da vontade, do prazer, do desejo e mais que tudo da felicidade.
Ela era acima de tudo feliz, não se lhe conhece amor, um amor carnal, mas sim vários amores, é verdade que físicos, mas ao mesmo tempo naturais (de natureza), o seu grande amor, aquela pradaria imensa onde podia correr como Deus e a sua mãe a meteram no Mundo, era o seu espaço, seu dela de mais ninguém e a sua vida só dela dependia também.
Quem a viu, dizia que era parecida com o seu pai, de uma elegância estrema, fina, uma coxa alta, um peito de nobre recorte, o cabelo escuro, muito escuro que tapava o seu olho esquerdo, muitas vezes sacudia a sua cabeça para poder olhar como só ela sabia, aquele olhar directo, ao mesmo tempo discreto. Adorava passear perto do lago, onde a só a aragem que corria por aquelas paragens parecia não estar imóvel. Tudo o que por ali se mexia era de forma tão perfeita que parecia um quadro, uma aguarela acabada de pintar, parado, imóvel, mas não morto. Por vezes via-se os peixes quase com a sua cabeça de fora, como a conversarem com ela, passava por ali horas sozinha, junta com a natureza, a sua natureza… uma natureza quase utópica, mas era a sua.
Ouve um dia, que esteve quase a ser apanhada na teia da rotina, do dia a dia, esteve perto de se deixar apanhar pela inveja do homem, a sua resistência naquele dia, a sua confiança esteve perto de desvanecer. Sentiu o cheiro a queimado, aquele cheiro que lhe chamava a atenção e que lhe despertava instintos, viu as chamas e fugiu, fugiu para longe, para muito longe, para onde o horizonte era desconhecido, mas que ainda lhe pertencia….estava assustada muito assustada e ai quase perdeu tudo o que tinha, tudo o que a definia, a sua liberdade, a sua vontade de ser, de existir pelo prazer disso mesmo.
Perdeu-se nos seus pensamentos, no medo, no próprio medo, pavor do que estava a acontecer, medo de perder a sua preciosa liberdade.
Ela era linda, muito mesmo, o momento… em que parou de fugir foi magnífico, parou, rodopiou sobre si mesmo.

Foi ali que olhou para trás e percebeu que não podia fugir.
De uma vez só, começou um galope estonteante, a sua crina solta esvoaçava por cima do seu negro dorso e quando chegou relinchou forte para que todos ouvissem que era livre e que nunca ninguém se havia de apoderar dela ou do seu dorso.


Apeteceu-me


“A chuva molha, mas a água mata a sede” Charles de la Folie

quinta-feira, outubro 20, 2005

O Cachimbo


(…) A noite estava cerrada, só mesmo lá ao fundo se viam luzes, pequenas luzes que se misturavam com as estrelas.
Naquele momento, o cheiro a mar dava lugar ao cheiro intenso do cachimbo, estava habituado fumar o seu cachimbo no silencio da noite e das aguas razoavelmente calmas…
Não era o caso naquela noite, as vagas eram enormes, o barulho do rebentar das ondas contra o casco da pequena embarcação de pesca intenso, os pensamentos de outros tempos, davam lugar ao cepticismo do que se estava a passar.
Mas o medo, o medo não andava por ali, tinha fugido à mais de 30 anos, tinha dado lugar ao respeito, ao respeito pelo mar e pela natureza.
Estava perto de chegar a casa ele e mais 5 marinheiros, cinco experientes marinheiros a sua tripulação. O barco estava carregado ao fim de 6 meses seguidos no mar, a faina estava garantida e nos próximos 6 meses as suas famílias não iam ter falta de nada, mas era preciso passar mais aquela dificuldade, para as suas famílias não sentirem a sua falta para o resto da vida.
A borra do cachimbo incandescia fortemente cada vez que o pensamento era mais activo, debaixo daquele oleado amarelo que se via ao longe iluminado pela intensidade da golfada de tabaco.
No porão, perto do frigorífico onde estavam mais de 30 espécies de peixe, que por certo iam fazer as delícias de muitas famílias, dormitavam 4 dos 5 marinheiros, a noite podia ser complicada e era precisa toda a energia possível. Naquele sitio, naquele muito pequeno espaço o cheiro a peixe entranhado com o cheiro a suor de seis meses era impossível e insuportável para o mais comum dos mortais, mas no dia em que aquelas seis almas saírem dali as saudades de voltar vão ser de uma dificuldade doentia.
A noite vai alta e alta vai a embarcação, conforme as luzes da sua pequena aldeia se aproximam, as vagas parecem que vão tombar a embarcação, mas ela onda após onda aguenta-se estoicamente.

Ouve-se grito, um enorme grito, os homens acordam, quando chegam perto do capitão vêm um homem cansado, testa franzida, o sobrolho entreaberto como que vai dizer algo de muito sério, tira o cachimbo da boca com a outra mão, esfrega, acaricia a sua barba, meio branca, meio cinzenta, os homens olham-no olhos nos olhos em sinal do enorme respeito que por ele nutrem.
A voz parece estar embargada quando ele lhes diz, ele conhecedor daquele mar como ninguém:
- Homens parece que a coisa vai correr mal, muito mal mesmo, vamos chegar a terra ainda de noite e não vamos ter ninguém a nossa espera.


Apeteceu-me

"A Saudade por vezes é inimiga do concreto" Charles de la Folie

domingo, outubro 16, 2005

CINZENTO



(…) Voltava para casa todos os dias a mesma hora, era sistemático, a sua constante era por demais evidente até porque todos acertavam os relógios a sua passagem.
Naquele dia apesar de tudo, era um dia diferente dos outros com chuviscos, com o arco-íris a espreitar, um vento fresco, um cheiro por demais a terra molhada, aquele cheiro que aparece uma vez por ano misturado com o cheiro a castanhas assadas.
Mas… claro mesmo com um dia assim vestido não ouve nenhum sobressalto, a mesma hora, nos mesmos sítios, de casaco comprido, castanho-escuro, com a sua maleta de pele bem curtida oferecida por um dos seus mais fiéis amigos no Natal. O seu filho era o perfeito daquela cidade, era um dos seus orgulhos, não o único, porque aquele era apenas um dos seus 3 filhos o primeiro da sua segunda mulher, uma Romena de um porte estupidamente robusto, mas ao mesmo tempo de finos traços, por onde ela passava, os rostos abriam-se, uma pequena e ligeira musica parecia evadir aquele espaço… era como um novo episódio do dia a dia de alguém, uma energia era solta. Ali contrastavam as cores da felicidade com o cinzento do pragmatismo da nossa personagem.
As janelas começavam a abrir-se as pessoas começavam a sua azafama do dia a dia, o burburinho das “gentes” fazia um efeito sonoro dentro da cabeça “dele” mas lá ia de passo certo e firme rosto cerrado, a sua passagem o barulho dos seus sapatos, uma imitação cara de um bom sapato italiano brilhantemente engraxado, para não dizer metodicamente, mas a cada passo o ranger da pele macia, com solas grossas daqueles tapa extremidades se isso se pode chamar a um par de sapatos, deixava um marca sonora, uma marca como muitas outras no dia a dia desta distinta mas minha personagem.
Aqueles óculos de hastes de casca de tartaruga, pois pele não podem ser, com uma lentes muito bem limpas. A cada dez passos olhava para um dos lados, penso que aleatoriamente, mas a juntar ao seu passo firme, a sua postura, uma postura de um homem elegante, mas desconcertante que olhava sempre para a frente para o horizonte do seu caminho. Os caminhos, esse caminhos que percorria entre a saída de sua casa e a entrada de onde trabalhava.
(…) Passaram dois dias depois, do homem das castanhas ter misturado cheiros com a natureza… dois dias… dois dias na vida de um homem, de um homem não da humanidade, na imensidão da nossa existência, sim passaram dois dias, até para o que não existe passaram dois dias, sobre… pois sobre e sob tudo.
Naquele dia o Tribunal ficou vazio, vazio de muitas coisas, mas ficou vazio do seu homem, lá em cima da sua tribuna, faltava pela primeira vez o juiz ou seja a nossa personagem, cá em baixo um burburinho enorme um diz que disse tremendo.
O que se teria passado, a noite soube-se que tinha sido violenta, uma enorme onda de assaltos a bancos de violações e assassinatos, sim morte a queima-roupa. Nessa noite a Romena, a enorme Romena estava e assim ficou deitada no seu leito, foi violentíssima...


... estava irreconhecível, a nossa personagem estava de cabeça perdida, não sabia o que fazer, logo na noite em que comemoravam os 25 anos de casados, as suas mãos estavam ensanguentadas, onde tocava o sangue evadia e corria, era uma noite de terror. O que deveria ter sido uma noite de festa tornou-se num inferno, num enorme inferno.
O desespero apoderava-se cada vez mais da nossa personagem, de um lado deitada inanimada a Romena do outro ele, a sua rotina tinha sido quebrada, todas as regras tinham sido fracturadas. De um lado a sua companheira em coma alcoólico, do outro ele o Juiz daquela cidade uma das figuras mais importantes daquele burgo, com as mão completamente cortadas quando caiu sobre uma garrafa de champanhe.



Apeteceu-me

“Muitas vezes as cores que saiem da nossa vista não passam do cinzento do dia a dia”
Charles de la Folie


“Girl friend in a coma” Smiths é provavelmente a musica da minha vida, mas… tenho tantas que teria dificuldade em escolher só uma… mas por certo é a mais rápida a fazer-me verter lágrimas.

quinta-feira, outubro 13, 2005

F.D.P de País


Tenho dúvidas, muitas dúvidas. Gosto de duvidar, não por não acreditar em algo, mas porque gosto que me expliquem os porquês das “coisas”.
Gostava de entender porque somos os maiores em recordes. Não há recorde nenhum em que não estejamos metidos.
Meter também é um argumento nosso. Metemos umas lanças em África e metemos uns Portugueses em todos os locais do Mundo onde existe uma catástrofe. Basta ver as notícias:
- Rebentou um saco de água quente, no Barlaquistão Noroeste (isto dito, com uma voz forte do pivot e um ar de apreensão), “houve duas vítimas neste acidente” (aí as pessoas em casa ficam logo em êxtase sempre na esperança que esteja por lá um Português), “destas duas vitimas ainda não há a confirmação das suas nacionalidades, mas há fortes hipóteses que um deles seja um português”.
(o país entra logo em depressão, mas ao mesmo tempo com um enorme orgulho nacionalista. Afinal há um português no desastre do Barlaquistão noroeste).
A verdade é que passamos a vida a tentar descobrir a desgraça de um português em qualquer parte do mundo e em qualquer catástrofe, mas não era sobre isto que eu queria escrever. Acho que me perdi!
Ah, falava que somos os maiores em recordes é verdade! Somos até os recordistas do maior pão com chouriço do mundo, do maior bolo-rei do Mundo claro, (também não há bolo rei em mais parte nenhuma do mundo).
Só não compreendo uma coisa: o que ganha o nosso país com esses feitos? Prestigio?
Não me parece. Penso que devíamos agarrar em nós e com a força que temos de ultrapassar recordes, tentarmos ultrapassar esta crise que teima em ficar. É verdade que é muito complicado, com as indemnizações chorudas que se continuam a pagar por aí a gente que pouco ou nada fez. Será que queremos bater mais algum recorde?




Post-scriptum
– Eu que queria falar porque é que a prevenção rodoviária em Portugal é tão má. Imaginem os cofres do Estado sem mais estes milhões de Euros que entram à custa das multas! É certo que não respeitamos muito o próximo na estrada, mas também podia haver uma atitude mais pedagógica por parte dos senhores Agentes, que multam cegamente.

Apeteceu-me.

"Os dias chegam com hora marcada, a nossa paciência é acumulada de vespera" Charles de la Folie

segunda-feira, outubro 10, 2005

Que Importa, são "Souvenirs" ?!

Começo a não ter qualquer dúvida sobre a crise de valores que se instalou no nosso País.




Domingo, 09 de Outubro de 2005


Dia chuvoso aqui para os lados da Costa de Caparica, além do céu cinzento, o mar liberta espuma, a espuma que resulta da força das ondas que embatem e embalam as pessoas na sonolência do dia.
O repasto de Domingo é bom muito bom, um belo entrecosto com feijão preto um bela Tapada não sei de onde a regar esta bela dádiva do nosso trabalho, porque se não trabalharmos, acreditem que nada nos cai do céu… a não ser uma bela chuva de problemas.
A noite… o esperado, ver para crer, descobrir como o crime compensa, como o nosso País se está a desmoronar, a vitória de uns a derrotas de outros, outros derrotados e que não o aceitam, outros que culpam sei lá quem pela derrota e outros ainda que aparecem não sei de onde a cantar a vitória.
Sempre pensei que as eleições autárquicas tinham a ver com “gentes da terra”, ai até que aceito Fátima Felgueira, foram as gentes da terra que a quiseram eleger mesmo depois de fugir, acredito, sempre acreditei nos Dons Sebastianismos, só por isso aceito este facto, aceito o facto do crime compensar no nosso pais, estou a pensar muito sinceramente mudar de vida, vou começar a “roubar” a roubar-vos a todos, só assim vou ter muito mais leitores no meu blog, nesta minha República e vão todos venerar-me por eu seu um ladrão, por vos roubar.
Mas se entendo algumas dessas coisas, não entendo o que faz um homem de Évora em Santarém, como é que um homem de Évora ganha a câmara de Santarém.





Só o entendo por não haver gente capaz em terras Escalabitanas, não tem a ver com politica nem com qualquer outra coisa a não ser, como é que uma capital de Distrito não consegue um homem da terra para ser eleito presidente da câmara, acreditem que me faz confusão.
Hoje talvez entenda uma série de coisas, o Talvez de Santarém ser considerada uma cidade fantasma, claro só pode ser, só assim entendo que tenha um homem de uma outra cidade ter ido conquistar Santarém. Mas se votaram nele é porque gostam, por isso como dizia o meu Avô Padre - Tá-se Bem.


Apeteceu-me


“ O Povo por vezes cega-se com a sua ingenuidade!” Charles de la Folie

sexta-feira, outubro 07, 2005

Saxofone


(...) Por ali todos conheciam a harmonia da sua musica, as notas que saiam do seu saxofone eram puras e límpidas. As suas musicas confundiam-se com os sonhos, com os mais profundos sonhos que alguém quer muito... sonhos que raramente se transformam em realidade, por um facto simples:
- artistas como ele vivem numa ilusão constante só assim é possível, compor, compor daquela maneira e daquela forma e com aquele corrente que nos estremece o corpo.


(...) As folhas teimavam em cair, apesar do tempo ser já um tempo de Outono onde a folhagem deve despir a sua progenitora. Elas continuavam a resistir e por agora aquela dança desbravada de cada folha, insistia em ficar hibernada por tempo indefinido.


(...) Nem sempre os seus sons eram compreendidos, muitas vezes aquela magia era demasiada avançada para os ouvidos pouco treinados ou treinados para outros sons mais brejeiros. Mas a verdade é que nem sempre as pessoas são compreendidas quer pela musica, quer pela escrita ou pela pintura, a arte não é compreendida assim como os números, não os de Circo mas os números, os mais puro dos números.

(...) Era centenária aquela arvore vestida de uma vasta roupagem, uma roupa, uma já velha roupa em tons castanho, vários tons de castanho, um sem numero acastanhados, ou não fosse aquele castanheiro um dom da natureza, quer pelo seu porte quer pela sua longevidade.




(...) Adorava subir aquele morro pela tardinha onde via o por do Sol. Poisava a sua maleta ali bem perto, abria-a e retirava de lá dentro o seu Saxofone. Preparava-o, olhava para o por do Sol, e ali com aquele velho castanheiro como testemunha, fazia o seu Saxofone chorar de prazer aquelas melodias que só ele sabia tocar e inventar.


Apeteceu-me


"A robustez da nossa imagem nem sempre identifica o nosso ser" Charles de la Folie

segunda-feira, outubro 03, 2005

Pedras

(...) Era assombroso o seu brilho, cintilava de uma forma que até aquele dia nunca tinha visto era de uma beleza só comparável ao incomparável... se é que isso pode ser dito.


(...) Tinha um passo certo, pé ante pé, a sua forma de andar, de estar, as ancas bamboleavam de uma forma ritmada, como um pêndulo, como um metrónomo. Era uma mulher decidida, sabia o que queria onde chegar e como chegar


(...) Ninguém sabe ao certo de onde vinha nem por onde tinha andado, mas sabia-se que existia, e estava na sua forma mais pura. Era multifacetado, dificilmente alguém lhe resistia, mas nem sempre, nem sempre era bem amado, porque reflectia ódios, mas isso era mais outra história.


(...) Gostava de se arranjar.... de ser diferente, mas esmerava-se, não que quisesse agradar a alguém, queria essencialmente agradar a ela, era uma forma de alimentar o seu Ego, e despertar os pontos mais fortes da sua personalidade, mas se por um lado era uma mulher arrojada por outro era demasiado frágil.


(...) Toda aquela beleza, poderia mostrar algo frágil, mas não era indestrutível, além do mais por onde passava não deixava ninguém indiferente, seja numa passarelle, seja numa festa, seja em que circunstância for, mas indiferente ninguém fica.



(...) O seu cheiro era como aqueles quadros pintados de um realismo verdadeiramente assombroso, cheirava a “coisas” muito boas a “coisas” que só a imaginação sabe construir no nosso interior. Bastava fechar os olhos inalar aqueles cheiros e viajar para muitos lugares longe e perto, ao mesmo tempo muito perto.




( ...) Estava na altura de passar de mão, depois da morte... uma nova luz uma nova alma, uma nova mão para ser iluminada....


Apeteceu-me


“Nem sempre o nosso brilho chega para iluminar uma nova Alma” Charles de la Folie”