segunda-feira, abril 27, 2009
Apresentação - Ladrão de Livros - Alêtheia
(…) Respirei fundo como sempre. Um amargo percorreu-me o vazio do estômago, fechei os olhos e ali permaneci durante um segundo apenas. Viajei no primeiro silêncio, senti as notas de uma pequena melodia. Chegava a hora, finalmente estava rodeado de amigo. O corpo manteve-se retraído, na esperança que o momento permanecesse para sempre. Não estava preparado ainda para que o sonho se tornasse realidade. Nessa realidade que nos alimenta, sem mais sobressaltos.
(…) Acordei … um segundo depois. Reconheci a voz de uma amizade profunda, ali estava – como no dia em que alguém se foi – e tornou-a presente. Mais uma vez senti as lágrimas percorrerem-me, torneando a sombra da minha Alma. Sinto-me seguro, há um dia a renascer, uma palavra que sobrevive e um desejo de fugir à dor perigosa da solidão.
(…) Aos poucos, a liberdade de ser eu, foi-se entranhando naquela pequena fobia de falhar. O ar tornava-se finalmente respirável – para mim. A corda que me ornamentava o pescoço alargava-se. Os espasmos de ansiedade voltavam a resguardar-se numa solidão partilhável. Passo, após passo, descobri no meio de silêncios que afinal a compreensão vai muito mais além que coisa nenhuma. É por isso que sobrevivo a mim e aos meus erros.
Apeteceu-me
"Se a realidade não for sonhada como sobreviveremos!?" Charles de la Folie
segunda-feira, abril 20, 2009
Apresentação Lisboa : O Ladrão de Livros
Apeteceu-me
"O Hoje perde-se por entre a imaginação, projectado num futuro passado" Charles de la Folie
quarta-feira, abril 15, 2009
Música - O Ladrão de Livros
Música – “O Ladrão de Livros”
(…) Projecto o corpo para a frente, olhos fixos em nada, num movimento perdido pelo silêncio do momento. Lá fora somente a paisagem emoldurada por mim – que vai passando, passo após passo – na singeleza da sua função: existir por si só. Dentro de mim música. Os sons que me vão agitando as ideias, as personagens, os espaços e os desejos. Constroem-se nota sobre nota, como um edifício de coisa alguma.
(…) Foi com aquela música – lembras-te? Que te imaginei e criei. Cada vez que a assobio ou a trauteio, vens-me à memória. Sobes que sobes e não chegas cansada – esta é uma outra história onde não cabe a música como musa inspiradora – pelo dia em que te jogaste numa busca desenfreada da tua própria sombra. Vagueias pela margem do rio sonoro à procura das águas espelhadas para que soltem um dos muito egos presos em ti – personagem. (Matilde)
(…) O cinzento que se esvai das tuas veias, que fazem vibrar as tuas têmporas, procura as letras que roubas incessantemente. Há um medo constante em libertares todo o saber de uma memória. Há uma existência que coabita nos verdadeiros sons de uma cidade de pedra e de desejo. Rompe em pequenos círculos que vão chegando até mim a sua densidade e procuro a profundidade que necessitas. A melodia confere-me o desejo de te ir redesenhando ao seu próprio ritmo. (David)
(…) Viro página após página. Com os dedos dormentes carrego nas teclas em busca de um fundo, construído de palavras, frases. Procuro as lágrimas vertidas por escrita que dificilmente reconheço. A música parou, eu parei, o mundo ergue-se, as folhas movem-se: desfolhadas por ti.
Apeteceu-me
“A insegurança faz parte da nossa incapacidade de nos absorvermos” Charles de la Folie.
A Fronteira do Caos Editores e o autor convidam Vossa Excelência para a sessão de lançamento do livro, O Ladrão de Livros da autoria de Carlos J. Barros, a ter lugar no próximo dia 25 de Abril pelas 18 horas, na Livraria Alêtheia. A apresentação pública do livro será da responsabilidade de Paulino Coelho.
Já há data e espaço para o Porto...
quinta-feira, abril 09, 2009
Estão todos convidados
terça-feira, abril 07, 2009
1 segundo apenas (Um pouco do David)
(…) As notas metálicas de uma música «goda» – num colorido cinzento –, embrulhada na alma da sua própria predição. É assim que surge o dia na sua cabeça transtornada pela confusão que é a vida. A realidade reencontra-se com o sonho em que vive. Os pesadelos constantes, são marcas que rasgam a maturidade que cresce no dia-a-dia da sua nova viagem. O betão que o rodeia e parece querer desabar-lhe em cima é a sua máxima companhia.
(…) As letras que vão desaguando dentro de si fazem fluir um rio de histórias que permanecem imutáveis naquele silêncio vingativo. Há uma cláusula escrevinhada em notas que nunca se esgotam dentro das pregas da sua mente, aludindo a si e ao seu prazer. Mais uma vez esqueceu-se de que a sua existência é da sua própria responsabilidade.
(…) O Tempo não é mais que isso a sua própria passagem por ele, refazendo-se nos seus vários sentimentos. Há um dia, uma imagem, um silêncio ou uma vontade… há porque tem de haver é essa a sua existência, sem egoísmo, sem heroísmo, apenas o refazer de vícios que explicam num pequeno vazio, aquilo para que está destinado.
(…) Esgota-se aqui a precisão do seu olhar nada descrente. Numa onda de choque as imagens descem pelo seu ser e flúem em conivência com o seu respirar. O corpo move-se, lentamente até despertar com os ruídos que chegam do exterior. Uma musica de missão – Blood Brother – lancinante como a lâmina da navalha que a qualquer momento pode ser cravada em ti.
Apeteceu-me
“O tempo passa, a alma fica e o sorriso desaparece, só a imensidão das saudades resta” Charles de la Folie
quarta-feira, abril 01, 2009
60 minutos da minha vida - (Um pouco de Matilde)
(…) Soltei um sorriso e caminhei pela praia – São João – em minha companhia, solto e pensativo. O mar mantinha-se calmo, absorvia o brilho do Sol, na sua incandescência primaveril. Lembrei-me de uma das minhas personagens – Matilde – que um dia tinha estado naquelas dunas sentada a rever-se. Antes já tinha absorvido toda a cor – amarela – das Acácias que pintavam toda a mata que envolve o meu pequeno Mundo. A Matilde é mais que uma personagem, ela habita no meu espírito, tem cor, cheiro. Sempre soube quem era, pela sua singeleza e pelo olhar meigo e tímido. Deixei esse pensamento, por um instante recordei duma frase simples de um grande amigo meu: O não é garantido… Tinha de continuar a caminhar, o Sol já me queimava a alma e o dia apenas estava a começar.
(…) Dois cães negros, saltavam à volta da sua dona – elegante – escondia o rosto debaixo da pala de um chapéu. O colorido da paisagem abria-me os pulmões quase derrotados pelo cansaço de uma caminhada inócua. Fixei mais uma vez os dois «Labradores», brincavam numa euforia desmedida e descontrolada. Gosto do Caos provocado pela minha imaginação, mas era real. Estava viva a praia – de São João –, uma rapariga – bonita – caminhava num passo certo e ziguezagueante pela fímbria da maré. Olhar impenetrável nunca tirou os olhos do seu objectivo – e eu não era esse objectivo. Deixei a música por um instante e fui sugado por outros ruídos. Mergulhei num mar que tanto gosto e deixei-me abraçar pela água salgada. Só depois consegui aquele silêncio que o mar nos oferece.
Apeteceu-me
«Os dias correm de uma forma natural sem se lembrarem que nós estamos agregado a eles» Charles de la Folie