quarta-feira, outubro 06, 2010

Aqui há pena de Morte - Diário de um sem-abrigo



terça-feira, outubro 05, 2010

Vidas (Em)cruzadas - Fogo cruzado I

Caraças! Humm… que Porra esta, o telefone a esta hora! A esta hora? E será que esta tem uma hora!? E será que a hora tem esta!? E esta é quem? Que horas serão?! E sei lá eu que horas são, aliás não faço a mínima ideia a quantas ando, parece que aterrei agora, e deve ter sido uma aterragem forçada, resta saber se com hospedeiras ou nem por isso! Raios! Oito e meia! Quem será que está a ligar a esta hora? Isto é ou são lá horas para alguém ligar!? Deve estar louco, às oito e meia da manhã! Ainda se fosse às oito e trinta e cinco, agora às oito e meia!? Nem que fosse a Cristina Rica a propor-me casamento, ou a propor-me ter uma carrada… um rancho mesmo de filhos meus. Claro que parava para pensar, mas… casar?! Não… nunca para casar, isso seria cometer haraquiri, mas pois… a esta hora e nestas condições… Nega, nega mesmo, levava uma nega, uma enorme tampa, não e não, faço birra, bato o pé, raios!

Mas, supondo que era a Cristina Rica, filhos não, «atão» e depois dava em alargar e perdia a graça toda… Não, nem pensar, prefiro encomendar filhos de uma outra maneira, treino com ela e alugo uns filhos ou adopto, ou coisa do género, mas claro, isto é apenas um sonho ou a minha imaginação a trabalhar para não mandar ninguém… claro a essa parte.

Raios o telefone não pára mesmo de tocar. Onde andará essa coisa, só assim percebo mesmo como é irritante o toque da porcaria do telemóvel, agora entendo a cara das pessoas quando ele toca… pois claro. Não está fácil… onde andará aquela coisa que guincha que parece uma matança de porco. Telefone…telefone… Isto não, não é… é uma garrafa de vodka, isto também não, é uma garrafita de tequilla daquelas de avião e mais uma, e mais outra… e telefone nada! Uma barra de chocolate, ups, aqui está ele, ora então o amiguinho está dentro de uma bota, da dita cuja, mais conhecida pela bota de cartolina. Belo sítio, belo mesmo!

Ora agora outra parte de malabarismo perigoso e complicado, será que eu consigo atender esta coisa? Um, dois, três… deixa-me cá atender. Só há uma coisa que ainda não entendi bem, o que se está a passar nesta cabeça. O melhor é passar para a posição de descanso - agarro no telefone, encosto-o ao ouvido e deixo-me cair para trás.

- Quem FALAAAA? (a conversa desenrola-se só com o Pilitas, não se consegue ouvir o outro lado, claro assim também perdia a piada, mas garanto que eu sei quem está do outro lado, psiuu…).

- Humm… Tu! A esta hora… sim?!

- Que queres?

- DESCULPA!?!

- A sério?!

- Estás a brincar, ai está, estás.

- Não estás?

- A SÉRIO?

- Estou tramado… mas como aconteceu?

- Quando???

- E mais alguém sabe?

- Só eu?

- E agora?

- Enviaste o quê?

- Por correio?!

- Pelo correio não, então como enviaste a carta?

- Pela dona Henriqueta?

- Ai valha-me Nossa Senhora dos Aflitos!

- Estou para ver a cara do Vasco!

- Claro sim, a cara dele quando receber essa carta.

- Claro que quero estar na primeira fila, mas tenho que me despachar ainda perco esse episódio.

- Ciao e boa sorte.

- Mas a coisa é assim tão grave como tentas pintar? Podias só… esquece…

- Até logo!

- Se precisares já sabes… há a Dra. Mónica, fica no 2º andar!

Está o baile armado, a coisa está complicada ali para aqueles lados. Ahahahahah - gargalhada sentida - não consigo parar de rir, não consigo evitar é mais forte que eu, aliás, o que posso eu fazer numa situação destas?! E depois, além da situação é das coisas mais engraçadas que ouvi nos últimos tempos, até estou com vontade de fumar aqui uma cacilhada e comemorar esta alegria, quer dizer não sei se alegria, mas apetece-me comemorar, com uma tequilla bum-bum, quer dizer a mim apetece-me sempre comemorar desde que seja pelo menos por duas boas razões, por tudo e também por nada.

Apeteceu-me



"Há sempre um acordar diferente, em dias diferentes, mas isso não nos torna iguais" Charles de la Folie