Vazio de Cores(...) As palmas eram merecidas, mesmo muito. O Grande Mestre, que tinha chegado das grandes cidades, afinal tinha feito desaparecer todas as tristezas daquela pequenina Aldeia. (...)
(...) Ela entrou de rompante, apareceu em palco e não se intimidou mesmo com as luzes a baterem-lhe de frente e pela frente no seu desnudado corpo, mesmo sem saber se havia muita gente a assistir ao seu desempenho, aquela rapariga vinda da Aldeia não mostrou medo à grande cidade. (...)
Entre a Cidade e a Aldeia ficava o Vazio, podiam ser uns parêntesis, uma fase intercalada ente os dois espaços, nas extremidades daquele buraco ficavam duas vidas, mas ali nada existia, nada, a não ser uma tela pintada a negro, podia-se tentar visualizar, sintonizar mesmo, paisagens lindas e belas, verdejantes, montanhosas, sinuosas, brilhantes, com vales, pequenos vales, rios, ribeiros, ribeirinhas, árvores, arvoredos, moitas, cães, gatos, coelhos, pássaros, mas uma cortina cinzenta transparente teimava em cair sucessivamente naquele vazio espacial.
Naquele desprovido, desocupado e destituído caminho, podia fazer-se uma auto- estrada de sons, estridentes contínuos, com ligeiras protuberâncias, ligeiras bossas, no aproximar desses sons que atingem velocidades irracionais, velocidades fora do controlo humano, aqueles sons formavam uma música com batidas ritmadas, na ordem dos 60 batimentos por minuto mais coisa menos coisa, era uma música ao ritmo cardíaco.

(...) No meio dos movimentos do Grande Mestre, movimentos estudados pelos anos de saltar de Aldeia em Aldeia a levar o seu espectáculo de Magia e ilusionismo, movimentos quase graciosos, que levavam o seu longo manto, capa, isso mesmo, a sua enorme capa a esvoaçar, a passar pelos rostos das pessoa que se sentavam na primeira fila, num desses movimentos, enquanto na sua enrugada mas hábil mão mostrava um baralho de cartas, tudo parou à sua frente. (...)
(...) No calor e no meio de bafos ressabiados, de gentes ávidas de ternuras fictícias, de gentes que se alimentam de sonhos, naquele palco sozinha, mas sem se intimidar com aquela panóplia de gentes que estavam ali para extorquir a sua vida, para se alimentar da sua graciosidade, eles que sonhavam um dia em ter uma mulher assim na sua cama, elas que sonhavam e fantasiavam um dia poderem dançar assim.
Num dos seus saltos que a tornaram famosa, num axel, numa perseguição dantesca imaginária, ficou suspensa no palco e na sua respiração. (...)
Naquele corredor de som que se abriu, no lugar vazio, sem tempo, onde aquelas almas se cruzaram, onde a bailarina regressou à Aldeia que a viu nascer e o Grande Mestre voltou à Cidade onde teve noites de glória.
No cruzamento daquelas Almas daqueles espíritos, no meio daquele vazio daquele parêntesis, estava uma caixa vermelha, vermelha como o Sangue.
A
E EU (CARLOS BARROS) CONVIDAM-VOS, DIA 13 DE MAIO, (DIA DE MILAGRE), PARA A APRESENTAÇÂO DO LIVRO "VAZIO DE CORES" EM VILA NOVA DE GAIA, NO SOUND CAFFÉ (PRAIA da MADALENA)ÁS 22 HORAS.desta vez
APETECEU-LHES"Por vezes os sonhos podem tornar-se em milagres, ou os milagres em realidades."
Charles de la Folie