terça-feira, março 13, 2007

Panóplia

(…) Não me lembro do dia em que senti toda a verdade do meu corpo.
Parecia querer rebentar. As dores abundavam, percorriam-me de cima abaixo, como se uma machadada bem media tivesse sido desferida com a violência de 100 ódios. Fragmentei o meu corpo, mas sabia que tinha de conviver com ele até ao fim dos meus dias.


(…) A Razão estava do lado dela, estava! Toda a gente sabia disso, mas nunca ninguém ousou perguntar, qual a razão! Era difícil entender a forma diferenciada da razão, mas ela subsistia sobranceiramente sobre todas aquelas cabeças que emanavam conhecimentos tão diferente como a própria razão que teimava em deitar-se numa cama que não era a dela.


(…) Aquela dança era quase tribal, não era de tribo, nem de “ porra ” alguma. Era simplesmente uma dança simples, sentida, que se resumia a isso mesmo: - uma dança
Aquele corpo sucumbia aos sons que saíam pela sua alma, e lhe faziam estremecer os seus próprios prazeres. Recebia por cada passo uma nova salva de acordes que se confundiam com gemidos de…


(…) Já se sabia mesmo antes de acontecer, era quase inevitável que tal não sucedesse!
O ar estava carregado de nuvens negativas, as suas descargas recaíam sobre coisa alguma, mas estavam lá prontas a ser disparadas contra nada. Era a história do vazio, do bacoco e daquilo que realmente não interessa. Por outras palavras era a história da vida dos outros.



(…) A música que saia, era inconfundível. Eram melodias a roçar o celestial, se é que isso existe. Havia a musica da Celeste, que não passavam de pequenas cantorias, inventadas no prazer da brincadeira com os seus amigos invisíveis e indivisíveis. Cantorias cantadas em tom desafinado, que soavam a pequenos deleites de ternura.

(…) Estava ali sentado, sobre si mesmo. Cotovelos vincados no ventre, mãos bem abertas sobre o rosto. As nádegas resfriavam naquela pedra fria, que fazia as tripas andar num virote. Encolhido, pensava nos dias que ainda restavam, para o fim da sua ainda curta vida. Pensava em tudo o que não fez e que não sabia se algum dia ia conseguir fazer… mas pensava.



(…) Ontem descobri que me faltava viver o dia de amanhã. Descobri que o dia que ontem passou, já não existe, que os erros perduram mesmo que se corrijam. A nossa imagem desgasta-se como o pensamento, desvanece como as tempestades, mas que é forte como … Senti isso ontem quando preparava aquele enorme salto para descobrir se sou eterno.


APETECEU-ME


"Ontem revi-me no meu pensamento, senti-me falso no meu olhar". Charles de la Folie

7 comentários:

InConfidências disse...

Descobri-se a si mesmo é umas das maiores virtudes Carlos.
Os erros passados pertencem ao passado, mas isso não quer dizer que com eles não apreendemos algo, apreendemos sim, é muito!

Excelente texto!!!

Abraços.

augustoM disse...

Não é a primeira vez que me deixas pendurado nos teus textos, leio sempre à espera, não sei bem de quê, mas espero, espero e no fim verifico que não achei nada, no texto em que tu consegues dizer tanto.
Um abraço. Augusto

Bernardo Banana disse...

Carlos num processo de instrospecção...e os pescadores que te aturem, não é? eheh

Bom texto.

Titá disse...

Excelente post...perdi-me em tuas palavras e sentir...

InConfidências disse...

Carlos!

Refleti, refleti, refleti....
e vim te reler!!!
Gostei da parte que fala sobre a música.

“A música que saia, era inconfundível. Eram melodias a roçar o celestial, se é que isso existe”.
Existe sim, pelo menos na nossa imaginação.

Bom fds!

Luís Galego disse...

Ontem descobri que me faltava viver o dia de amanhã. Descobri que o dia que ontem passou, já não existe


pena que constantemente nos esqueçamos disso...é um exercicio mental a fazer diariamente.
Um abraço

LUIS MILHANO (Lumife) disse...

II ENCONTRO DE BLOGS EM ALVITO


AOS 21 DE ABRIL DE 2007


ESTAMOS ELABORANDO O PROGRAMA:

-COMUNICAÇÕES S/ BLOGS

-MOMENTOS DE POESIA

-CANTARES ALENTEJANOS

-VISITA AO PATRIMÓNIO CONCELHIO


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