sábado, fevereiro 11, 2006

Sombreado

(…) Nada de extraordinário!
Percorria-lhe pelo corpo um corrupio de sensações que lhe avivavam a memória de dias já idos há muito tempo.
Eram dias sem demoras, muitas vezes conduzidos vagarosamente a procura de pequenos detalhes que faziam e fazem a diferença.
Sonhava muitas vezes com esses dias, que não eram mais que meses, que anos que passaram pela sua vida como balas barradas a mel que lhe atingia as vísceras da sua alma. Insignificante a passagem dos seus dias por este espaço que mais não são que pequenas, pequeníssimas peças que moldam no seu todo um enorme vazio.
Cai-se tantas vezes na esperança, que se esquece a existência. Como viver, dizer e procurar, aquilo que se sabe que pode ou não existir, que num ápice “nos” deixa nus de qualquer coisa.



Nesse dia perdeu-se, sem nunca pensar no desmoronamento da sua razão, começou lentamente a preencher os seus vazios, com pequenos medos. Começava a perceber o sentido de tudo o que viveu com uma enorme paixão.
Calma, com as mãos entrelaçadas em várias dúvidas, começava a transparecer em si, aquele brilho, o brilho de um corpo ofegante. Não eram duvidas, talvez sentimentos já muito gastos de tantos dias a deriva com um só entendimento. Foi uma vida mesmo assim sempre em fuga ao tédio e a monotonia, mesmo que aos olhos de quem não vê, nem sabe, assim o pareça.
Uma vida sem história, que por isso nunca irá sem contada, mas com um sentido de amor único que poderá ser trauteada na surdina de quem ama.
A sombra que percorre e se arrasta ao longo da vida, é essa a história que se posiciona conforme o brilho da vida que nos arrasta.

Apeteceu-me


“A sombra que nos persegue, perde-se para além da nossa existência” Charles de la Folie

15 comentários:

Bino disse...

Tu és um poeta !
Olha, quando tiveres hipotese de ir ao meu blog com o som ligado vai lá ver a paródia que te fiz.
hehehehe viva a rádio república dos pêssegos.
Aquele abraço

Avó do Miau disse...

Olha, agora que te conheço um pouco mais, por causa deste blog fantástico, posso imaginar que também vás gostar do meu?
www.amar-ela.blogspot.com

Anónimo disse...

oh eu acho k o amor é a coisa mais importante de todas as coisas.
acho k é o k dá sentido à vida (se é k ela tem k fazer sentido).
eu sei la, é tao cliché dizer isto, mas é o k penso.




um bjinho*

Micas disse...

Infeliz daquele que nunca amou...

Su disse...

gostei de ler

"A sombra que percorre e se arrasta ao longo da vida, é essa a história que se posiciona conforme o brilho da vida que nos arrasta. "


jocas maradas

JL disse...

Aqui se prova que a poesia também se escreve em prosa.
Boa semana, Carlos

Maria Carvalho disse...

Adorei este teu texto! Vem de encontro ao meu 'era uma vez...'!!! Fiquei sem palavras depois de te ler. Beijos, Carlos.

blue velvet disse...

Bom texto! Gostei muito de te ler.

Aproveito para dizer que o Blue Velvet está de volta com o seu sarcasmo e a sua ironia. Visita-o e lê a Lenda de S. Valentim Revisitada...

www.thebluevelvet.blogspot.com

Abraço

Titá disse...

Adorei este texto.
Parabéns!
Bjs

Unknown disse...

Olá,
Happy Valentine´s Day... Como nao podia deixar de ser, deixei uma pequena mensagem aos meus amigos lá no meu blog, e, claro, esta mensagem é para ti também!
Beijos, flores e muitos sorrisos para ti!

maresia disse...

já não me lembrava do quanto gosto deste cantinho... voltei no texto certo!

moon between golden stars disse...

E como sabe bem um pêssego a meio da tarde...
boas tardes veludo!!

Andrea Rodrigues disse...

oiiii
vim conhecer!
sucesso!

augustoM disse...

Quem se arrasta ao longo da vida, outra coisa não fez se não só consumir o tempo da sua existência.
Um abraço. Augusto

Lua disse...

"Cai-se tantas vezes na esperança, que se esquece a existência."

nao se pode virar um repolhinho.... nunca.