terça-feira, março 06, 2007

Magia da Lua







(…) Sentada, naquela pedra fria perto de tudo e de nada pensava em ti!
Estava uma noite, bonita, de temperatura amena, com um pequeno sopro de vento, que mal dava para despentear os já muito desalinhados cabelos, de tanto passar com as mãos. Não sei se eram afectos em causa própria, mas gostava de passar as mãos pelos meus longos cabelos e senti-los a escaparem-se entre os dedos, agarra-los, puxa-los, e com a ponta, fazer pequenas massagens no couro cabeludo.
- Parecia magia, lá longe na imensidão do aquém, na infinidade do nada. Acendia-se uma luz, que não era dela, mas que também não era importante, não ela, mas a luz. Ela era mais que importante, era essencial ás pequenas coisas doces que a vida nos dá. Pensado bem era essencial a tudo o que a vida nos concede, – quantas vezes dei por mim a carpir mágoas com ela!? Quantas vezes me senti apaixonada por ela?! Quantas vezes senti a sua magia entranhar-se no meu corpo em forma de arrepio!?
















Estava a ficar com o corpo dormente do frio da pedra a entranhar-se por mim, era normal. Não era normal era estar com a mente empedernida de tanta beleza. Os pulmões respiravam a uma intensidade quase ciclónica. Os meus peitos quase rebentavam os botões da minha camisa branca de popelina, tão cintada que me deixava a barriga lisa e definida, atleticamente precisa.
Os meus lábios, encarnados de prazer, húmidos de deleite, os olhos vidrados de tanto deslumbramento. Mas sentia a minha linguagem corporal a balbuciar palavras sem sentido aparente.











A minha frente, mas bem lá em cima “Ela” dançava, uma dança estranha. Muitas vezes acompanhada por véus estranhos, umas vezes opacos e escuros como brancos e transparentes.
Gostava de a sentir, sentia a dentro de mim, sentia como as marés, como fluxo e o refluxo da imensurabilidade dos mares que se curvam no horizonte perante ela.
Naquela altura estiquei os braços bem para cima, juntei as mãos, entrelacei os dedos, voltei as palmas das mãos para cima, e espreguicei-me como se a estivesse a empurrar, respirei fundo:
- Fiz mais uma vez aquele movimento para sentir a camisa a passar pelos extremos dos meus seios. Senti um enorme arrepio a entrar-me pelas entranhas. Percorreu-me pelo corpo um ligeiro suor, que se agarrou ao corpo e libertou aquele cheiro de amor e paixão. Foi ai que senti mais uma vez a magia da Lua.








Apeteceu-me








" A Vontade de dizer, perde-se na alegria de olhar". Charles de la Folie

11 comentários:

InConfidências disse...

Possuidora de mil encantos e segredos, por ela, fascina-se todos os amantes, enamorados e sonhadores pela sua aura
de desejo misterioso.
Sua magia eterniza todo amor.

Belíssimo texto Carlos!


Deixo-te abraços de magia!

Klatuu o embuçado disse...

Belo texto... e grandes Police! ;)

Abraço.

Titá disse...

Fiquei perdida nas palavras. Adorei este post.

Catarina disse...

Ora... a lua.... bela e sinistra!!
Cada qual vê-a segundo o estado de espirito :)
Eu continuo a vê-la assim: bela e sinistra.
O olhar nunca subtitui as palavras, embora por vezes revele mais do que estas, é verdade!
Abraço;

Unknown disse...

Olá Carlos, a lua simboliza a mulher nada mais apropriado :) .
Beijos para ti

augustoM disse...

Estão dizendo que a Lua simboliza a mulher, por isso é que o lobisomem uiva ao luar.
Um abraço. Augusto

Seamoon disse...

Adorei...
bjs

Patrícia Pêra disse...

Foste inspirado pelo teu lado lunar, estou a ver...

Gostei.

Anónimo disse...

"Eu nem sei, mas é como aquela sensação de ter a lua a entrar nos pela boca e a descer pelo corpo e senti-la a chegar aos dedos dos pés e brilhar. Brilhar tanto, tanto, tanto. Até chegar ao ponto em que quem está de fora não consegue distinguir onde acaba a luz e começamos nós. Porque até nem deve haver um ponto de distinção. É a tal coisa de sermos tudo o mesmo. Mais uma vez, não é uma questão de bichos, é uma questão de átomos."

lembrei me de um dia ter escrito isto.


*

GuerrilheiraUrbana disse...

Hoje olhei pro manto negro que cobia o tecto da minha cidade e senti-me tentada a olha-la, à lua; ali, linda, semi-nua, semi-lua. Tal como Ela também eu me senti assim: semi-exposta como uma obra de arte deixada a meio numa tarde ventosa, numa qualquer folha, ao sabor amargo da rotina.


Também eu tinha sido largada a meio desta noite.


Agora já a chuva disfarçava as lágrimas que, a custo, ía tentando conter. Semi-sonhei ser feliz.
Desde muito cedo, desde a minha semi-existência, me lembro de adorar a lua, devota a ela rezei, convicta do seu amparo nela chorei. A ela lhe segredei todos os medos e desejos mais profundos. E agora olho-a: ali... Sensual, desnuda, quase pronta a mostrar a todos o que toda a vida lhe confiei, semi-nua, a minha semi-lua...

Su disse...

perdi-me nessa luz....

jocas maradas