segunda-feira, dezembro 17, 2007

Mente…




(…) Esvaziava a cabeça em alturas de grande pressão. Percorria o abismo numa velocidade extemporânea. O tempo pára, a imagem deixa de ter sentido, o movimento torna-se lento, dentro de uma representação parada. Os olhos raiados de sangue, não perdem a lucidez de quem sabe por onde ir. Espaços que se abrem como um puzzle de peças reais que se transformam em ideias gelatinosas. Há arrogância no corpo desnudado de sentido. É preciso esperança para o equilíbrio. As mãos abrem-se, formam um travão de atrito num processo relativamente moroso. O corpo perde-se num vazio, ora cheio de cor, ora numa escuridão tremenda.

(…) Não há promessas, está fechado. Há um negro e violento desejo de nada. Uma nuvem negra enrola-se numa espiral em volta do corpo à procura de uma identidade. Perdido, sem vontade de regressar enquanto a resposta estiver escondida. Um buraco, mais um, sempre mais um –, abrem-se ao ritmo de uma rajada de balas enfurecidas. Bate como o coração, a caixa craniana começa a ser escassa para tanto batimento, movimentos contínuos até rachar. Olhos fechados, sente-se o agitar das orbitas por dentro, numa dança desenfreada.


(…) A obscuridade junta-se num canto do espaço bem longe. À sua volta nada, a não ser espaço vazio de coisa alguma. Há a mentira demente da mente. As palavras soltam-se, constroem frases sem sentido que apontam direcções. Nos braços as veias saltam para fora da carne, empurram a pele numa convulsão de velocidades em tons vermelho escuro. Continua dormente a mente. O corpo recusa-se a acordar, não há acordar possível – a verdade não se liberta. Rodopia mais uma imagem à sua volta… numa imagem parada e complexa.

(…) Lento é o acordar, vacila ainda nos pensamentos. Procura palavras que demoram a sair. Esconde o desconforto das horas numa letargia e apatia exageradamente necessária. Os dias passaram sem se dar pelas imagens que crepitaram alucinantes do estertor da morte. Acorda, desperta, olha à sua volta, o mesmo de sempre. Procura sinais da sua existência, procura dentro si o seu destino. Encontra o amargo de sempre - ter de viver a sua vida.

“ Vale sempre a pena descobrir que o nosso reflexo pesa tanto como nós”. Charles de la Folie

6 comentários:

Carla disse...

Os meus sinceros votos de BOAS FESTAS.
Espero que o Pai Natal seja generoso e que distribua muito amor, paz, saúde e carinho.

Mil Beijos ≈©≈♥Ňąd¡®♥≈©≈

O Micróbio II disse...

UM FELIZ NATAL!!! :-))

augustoM disse...

Um forte abraço com os votos de Boas Festas.
Augusto

Eric Blair disse...

méri crista

Claudia Sousa Dias disse...

Espero que o teu natal tenha sido mais doce do que uma tarte de pÊssegos com chantilly!

Quando for a Gaia não me hei-de esquecer de passar na livraria Almedina!

bj

CSD

f@ disse...

Olá, fiz aqui uma visitinha de cusca e acabei a ler... Parabéns
Tb gostei das imagens + precisamente daquela a que chamei "máquina das nuvens"...lol...
Obrigado pela visita ao meu e abraço