terça-feira, janeiro 23, 2007

ABISMO São João de Caparica

(…) A maior parte das vezes não percebia o porquê das coisas, nem das coisas nem das pessoas. Nem das coisas que dependiam das pessoas, nem das pessoas que faziam coisas… simplesmente por faze-las.





Ontem, vi a areia esvair-se, comprimir-se e esgueirar-se, sabe-se lá por onde… o mar mastigou-a, engoliu-a e…
O homem alimenta o mar que se torna insaciável, incansavelmente sôfrego e sequioso.




Estava ali sentado. No fundo como sempre e como todos os dias o horizonte, onde o céu se confunde com o oceano, ou o oceano se baralha com o céu, pelo meio o branco da espuma das ondas e o rasto das nuvens. Ali perto, os pensamentos.





Ficavam as dúvidas dos dias que vinham, que haviam de passar, do massacre da beleza da natureza. Ali sentado imaginava-me a cavalgar aquelas ondas, de uma beleza indescritível, o seu avanço, a sua sabedoria tropeçava nas hesitações humanas.





Humildade, essa pode ser a palavra-chave de quê? De tudo! O homem teima em não aprender, o homem teima em destruir em vez de construir, o que constrói fá-lo a destruir, têm medo de questionar, de inquirir, de partilhar as duvidas o homem não partilhas as duvidas nem reparte as culpas, antes incrimina com o dedo acusador o mais fraco, o homem raramente assume as suas culpas.





O voo rasante daquela gaivota não deixava ser um indício que mesmo ali sentado era indesejável.




Os cães não paravam de uivar, o vento assobiava,- a sinfonia parecia de raiva.- contrastava com o barulho das máquinas, que sem culpa, continuavam em direcção ao abismo.
Ao nosso próprio abismo.





Apeteceu-me

"O Mundo está a fugir cada vez mais depressa de nós." Charles de la Folie

terça-feira, janeiro 16, 2007

FIM

(…) Olhava para o horizonte e nada parecia ter fim!
Um dia disseram-me que tudo tinha de ter um fim. - Claro que conheço o principio, o meio, e grande parte das vezes o principio do fim.
Ali, lá longe, muito longe mesmo o fim não parecia querer chegar, os dias passavam, galopavam, a vida mantinha-se definida e definitivamente ali, onde tudo era exactamente tudo e nada era precisamente nada, o medo era isso mesmo medo, o fim nada dizia, nem mesmo aparecia.



Sentado, a beira do precipício onde, o vento cortava, o frio rachava e o sol parecia de brincar, naquela rocha sólida, gelada, talvez de tanto estar quieta, apesar de todos os movimentos silenciosos que percorrem o sentido das brisas. Ali estava perante um horizonte, que estava inalterável, sem fim a vista, e sem vista para o fim.
-as ideias não paravam de percorrer o meu corpo, as pernas balançavam pelo vazio que ocupava todo aquele espaço desmesuradamente desproporcional a minha existência, era uma imensidão do nada contra a minha razão de ser, o vencido era obvio, o vencedor não dava pelo nome.
Ali percorria a vontade própria de querer estar no mundo, da mesma forma que uma bailarina sorri apesar das pontas em sangue de tanto dançar, é evidente que o prazer está muitas vezes misturado com o sacrifício. Não da mesma forma que gosto de sacrificar uma boa garrafa de vinho para meu belo prazer, não. Mas de uma forma ou outra, a verdade é que ali, há a junção de um prazer, fazia com que o sacrificado fosse a minha mente, todos os percursos e pensamentos, além do mais a minha imagem era … transparente.
O fim, o que nos leva a pensar que o fim existe, que fim é esse que não tem fim, que coisa é essa que nos leva a julgar irracionalmente as razões que uma vezes tem e outras nem por isso. Esse fim está longe de se pensar, porque qualquer fim é mais que uma imagem, é um estado de espírito. Bastou ver aquele falcão a rasgar o céu por completo para se perceber que as imagens são demasiado egocêntricas quando se levam a pensar que são únicas, debaixo de um olhar existem outros. A nossa existência não está confinada a nós, mas a muitos outros, outros factores, que não tem fim nem razão, mas não são ilógicos, ou serão factores corruptos que existem por ai sem dizer em rigor uma verdade, ou duas.
- Olhava bem lá longe, sentia o vapor do meu bafo, o brilho dos meus olhos percorria sem interrupção, a beleza e a profundidade daquele vale, lá fundo a existência estava ali, a existência das razões, que ninguém conhece mas que existe. O fim esse poderá estar por ali, mas nunca niguém la conseguiu chegar por razão ou outra fica-se sempre a meio caminho.


Apeteceu-me


“ Um dia hei-de terminar a longa caminhada pelo meio, que fica logo ali bem longe.” Charles de la Folie

quinta-feira, janeiro 04, 2007

ASPIRA(DOR)

(…) Não há coisa pior que uma Mulher com a mania das limpezas.
O pó, a desarrumação, os vidros com dedadas, o lavatório, a sanita, a roupa da cama, eu sei lá que mais. Por muito que se dê a volta a casa, diz-se sempre que a casa está suja, por vezes como a nossa alma, por mais que uma pessoa se confesse, nem que seja as paredes. O mesmo se passa com as fotografias de qualquer Mulher, estão sempre, mas sempre um horror, é verdade que na maior parte das vezes até que estão. Por muito que se diga, as Mulheres tentam sempre fazer poses para o “passarinho” e depois o resultado é aquele ar tão natural de perfeita anormalidade.
Na realidade a Mulher tem algumas “coisas” espantosas, mas o pó, o lixo, a mania das arrumações, o aperalto constante da sua cabeça e o retirar de pelos, faz da Mulher um ser fascinante. Continuo a afastar-me realmente do que queria escrever, mas ouve alguém que compreendeu perfeitamente a Mulher e o seu maior problema e em vez de um “vibrador” com cabo de cristal SWAROVSKI.




Retirou-lhes um peso e inventou o aspira(dor), assim como um exorcista, e retirou-lhes a dor que tinham ao ver o lixo e pó acumulado, aliás a nossa língua, a portuguesa claro tem assim umas palavras que dão que pensar. Será por isso que as urgências dos hospitais são sempre no piso 0 para não terem de ir no eleva(dor), porque os nossos médicos pensam em tudo e não querem elevar a dor dos seus pacientes?
Não é menos verdade que o carrega(dor) quer de pianos quer da pistola podem carregar dor, se o piano cair num pé ou descarregar o carregador da pistola em alguém, há sempre dor carregada.
Conclusão há uma data de palavras que terminam em dor, na nossa língua que dão que pensar, aliás já começo a entender um pouco porque é que o povo português tem este ar cada vez mais pesaroso, além das dívidas acumuladas, das enormes cargas fiscais e vermos o país cada vez mais endividado, os ricos mais ricos, os pobre mais pobres a classe média cada vez mais na mesma, mas agarrada aos bancos. Talvez perceba a cara de horror de grande parte dos Portugueses quando viram o nó de forca do Sadam, é qua cada vez mais há portugueses com a corda na garganta e o problema é que os criminosos são outros, por isso é que em vez de GOVERNA(DOR) – deram um nome pomposo aos homens que nos enchem de DOR - PRIMEIRO MINISTRO

Cada vez mais penso que era preciso um enorme aspira(dor) para limpar toda esta poeirada que insistem em nos deitar para a vista. A incompetência anda a solta e ninguém a consegue limpar.


Apeteceu-me

“ Pior que o medo de errar, é errar por medo, esses são os verdadeiros cobardes”. Charles de la Folie



Eu hoje jogo um VALETTE
HIP-HOP com um letra violentissima contra as politicas de hoje, vale a pena ouvir