(...) Deixei-me cair uma dúzia de vezes, as pernas fraquejaram. Outrora belas, hoje fracas, cruzadas por um emaranhado de veias que se confundem com riscos de caneta-de-feltro. O frio da decrépita e decadente vontade de pensar, confundia-se com o principio do estertor da morte. Antes agora. Ela que me leve enquanto a percebo, depois vou-me insana, mas insana ficarei até Ela me levar. Não tirava os olhos da sombra que se esbatia no chão. Acordei em sobressalto, era noite e a Lua espetava-me a alma.

(...) Nunca mais ninguém me definiu como tu o fazias. Absorvo o que deixaste e sinto a nostalgia dos anos que passámos. Juntos corremos o Mundo em sonhos que nunca concretizámos, por nada de especial. Sempre que falávamos do assunto, assumias-te como meu amante e despertavas em mim o desejo de te ter. Na noite em que te embrulhaste no sudário e partiste. Fiquei para sempre acordada contigo, por isso o sonho nunca se desvaneceu e fez-me caminhar à volta do Mundo, o teu.
(...) Os meus pecados deixaram um rasto aberto; como sulcos que rasgam a terra em plena convicção que o teu suor poderá percorrê-los. Reconheceria o teu cheiro, o teu calor, o teu sabor em qualquer lado. Nunca entendi porque não esperaste! Sempre te desejei como o homem da minha vida, mas nem isso foi o suficiente para ficares. Nunca conseguiste entrar no meu mundo, bastava percorreres aquele corredor e ultrapassar a porta que dava acesso à minha vida. Simples, não é! Mas tu não o fizeste.
Apeteceu-me
"Basta controlar o desejo para descobrir a nossa existência". Charles de la Folie