quinta-feira, julho 16, 2009

Espelho (de nós)

(…) Sentia-se única, como a solidão, como o céu e como o desejo de ser horizonte. Ao certo revelava-se na sua ingenuidade, como se a noite nunca tivesse abalroado o dia e o dia nunca tivesse despertado perante o breu. O coração apertava nos silêncios e as borboletas esvoaçavam naquele espaço recôndito, escondido perto da Alma. Um respirar fundo que albergava nela todo o calor natural de um Verão antecipado. Uma cidade, o empíreo e o fervilhar de todos aqueles seres que a tornam o centro de tudo – única – como qualquer outro ser, daquele tumultuoso bem-estar.

(…) Parou no meio do nada. Pensava se a vida que vivia lhe pertencia. Porque não ao destino em que não acreditava! Era uma dúvida que lhe havia de persistir durante a sua existência, fosse ela curta ou longa. Lá ao fundo pairava a imagem perdida do nada, um principio de tudo. Talvez fosse isso o que procurava, a sua própria identidade. Mais longe, apartada do real ou tão-somente deslumbrada com a distancia, um pequeno sorriso, apenas isso.



(…) Rasgava o silêncio da água ao sabor do vento. Refrescava a paixão perpétua de se esconder para sempre ali. Nem por isso perdeu o sossego do momento, arrastou o pensamento com ela, naquela jornada indelével. O corpo dançava ao som de pequenas melodias criadas pelo seu espírito. O ritmo o mesmo de sempre, guardado no segredo da sua solidão acompanhada. À sua volta, somente o eco das suas barreiras.

(…) Esfregava os olhos, quando se apercebeu da realidade que a acompanhava. Bela a forma como a luz do dia lhe recaía, recortando o seu corpo numa silhueta perfeita. Cheirava ao fresco das pequenas imagens do dia. O sorriso nascia pela primeira vez enquanto acordada. O respirar entranhava-se nela, assim como o sangue quente que lhe alimentava o corpo. Descobriu os contornos do sonho que acabara de ter – o segundo sorriso do ainda recém-nascido dia -, era isso que lhe conferia a particularidade de ser única.

Apeteceu-me

"Revolta-me o medo da ilusão, assim como me revolta a ilusão do medo" Charles de la Folie

11 comentários:

Vanda disse...

Se algum dia um navio se te levar as palavras que tens nesse porto de abrigo chamado imaginação.... não tenhas medo de te mandar ao mar e ir buscá-las... o proprio mar levarte-à na suas ondas e encontraras o navio num banco de area, onde o assaltarás e resgataras o teu tesouro....

Anónimo disse...

...ilusão não passa de ilusão,porquê ter medo...
O meu sorriso está da cor do arco-íris,a tua paleta das palavras está completa,contínua a usá-la a pintar sorrisos.

TERESA disse...

UAUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU
ISTO É QUE É POESIA!!!!

Mais um Lugar de Mim disse...

... eu não diria que me revolta... mas que por vezes ambos me causam perplexidade, lá isso é verdade!
(agora que já não sou tua «colega», acho que tomar café só por decreto1 eheheheheh
Beijos, miudo talentoso!
(adoro a tua escrita!)

Anónimo disse...

q bem escrito, até me revi nas palavras...

um bj p ti e anaguida aí em cima :)

as velas ardem ate ao fim disse...

Perfeitas palavras!

bjo

Anónimo disse...

PARABÉNS, a tua escrita está cada vez mais apurada.
PARABÉNS, hoje é um dia especial, que este seja em grande.

Um abraço do tamanho do mundo...

Miss Glitering disse...

Sim, bonito post. Já agora a tua foto no perfil está muita gira, tinha um bom modelo.
beijos

Miss Glitering disse...

Sim, bonito post. Já agora a tua foto no perfil está muita gira, tinha um bom modelo.
beijos

Miss Glitering disse...

Sim, bonito post. Já agora a tua foto no perfil está muita gira, tinha um bom modelo.
beijos

AnaMar (pseudónimo) disse...

E porque hoje também me apeteceu, e me desdobro em leituras refrescantes, pura poesia...
E fui ficando.