segunda-feira, abril 10, 2006

ESCURO





(…) Escuro, muito escuro. A escuridão que estava dentro daquele buraco contrastava com o dia, um dia muito claro, com o Sol bem espetado lá em cima a apontar para meio Mundo. Naquele buraco a opacidade cegava, como raios negros oriundos de um sítio onde ninguém lá conseguiria chegar.
Lá no fundo onde o homem não ousa chegar, os animais e o seu extinto não se atrevem a aproximar, há qualquer coisa de diferente.
Basta espreitar e lançar a força dos nossos sentidos, deixar o nosso espírito percorrer aquele caminho que ninguém conhece.
A velocidade a que percorre aqueles túneis é alucinante, as voltas, as espirais, corre, circula. Todos os palmos daquela escuridão sem fim a vista, são preenchido pela velocidade, pela rapidez e ligeireza de um pensamento.



Uma ideia sem razão está na origem daquele caos de entendimentos, mas é dado o máximo para chegar a um ponto. Mesmo que aquelas curvas, os loopings seguidos de curvas apertada a quase noventa graus, onde as subidas precedem as descidas e as descidas precedem-se a elas próprias, onde o ritmo nunca abranda, e os abrandamentos são constantes actos de cobardia. Os saltos sobre os precipícios são constantes e ininterruptos, vezes sem fim, onde o pensamento sai sempre iludido com circuitos fechados de imaginação, onde as alucinações são mutantes e rápidas e precedem sempre as vontades de nada acontecer.
A viagem continua, rápida e sem destino, em direcção a nada por enquanto, a rapidez é a palavra-chave, mas a chave de tudo continua ainda sem razão e sem gerência.
Mas a lá vai percorrendo aqueles corredores sem morte aparente, mas também sem vida alguma para poder perecer. Fogo, muito fogo rastejante como uma mecha, é a combustão de um espírito sem corpo, de uma alma, sem rumo de um pensamento sem dono.
As repetidas passagens deixam os rastos baralhados, quase que não se seguem nem sossegam, perdem-se em lado algum, perdem-se por ai. Esperam que algo aconteça mesmo que isso nunca aconteça. É tempo de parar.
E ai a calma fica, o silencio de nada, nada mesmo, parou…
Nada se sente, o próprio sentimento, está congelado, imóvel. Não há ruído, não há nada. Há paz de espírito, é nessa altura, que recomeça o salto no infinito a procura de um nova razão, de um novo percurso.



Apeteceu-me

"Nem sempre os caminhos são para serem percorridos". Charles de la Folie

12 comentários:

Carla disse...

passei para te ler e deixar votos de uma boa semana
bjx

Ana P. disse...

vim deixar um beijo.

Gostei de ler...

isa xana disse...

e depois da confusão, instala-se a quietude

*

augustoM disse...

Será que teremos de arranjar sempre respostas para a nossa inquietude? Não serão elas que a alimentam?
Um abraço e bos Páscoa. Augusto

pisconight disse...

Ainda estou a pensar no que li e acho que o charles de la folie diz de um modo bastante mais simples aquilo que eu queria dizer.
Boa Páscoa!!
;)

Carla disse...

Já tinha comentado este post, no entanto não podia passar por aqui sem deixar votos de uma Santa e Feliz Páscoa.
Bjx e bom fim de semana

margusta disse...

Olá Carlos,
...hoje passo só para te desejar uma Páscoa Feliz e deixar um beijinho.

UFA..e lá vai a nossa Caparica ficar a abarrotar de gente :)))

*Laura* disse...

Olá, qué tal va eso Carlos?

Micas disse...

O caos tb pode ser perfeito...
Köln em Junho? então vamos ficar vizinhos :) aparece para um café! Ah, cuidado com os "kölsch" ;))
Aproveito para te desejar uma Boa Páscoa. Bjs

Su disse...

gostei


"E ai a calma fica, o silencio de nada, nada mesmo, parou…
Nada se sente, o próprio sentimento, está congelado, imóvel. Não há ruído, não há nada. Há paz de espírito, é nessa altura, que recomeça o salto no infinito a procura de um nova razão, de um novo percurso"

jocas maradas de novos percursos

Avó do Miau disse...

Carlos, desejo-lhe uma Páscoa muito feliz junto daqueles que mais estima!
Um abraço amigo,
Dani

www.amar-ela.com

teresa.com disse...

voltei e voltei a reler...
quem traça caminhos, afinal?...