terça-feira, maio 18, 2010

Vidas (Em)cruzadas) - Ressacas V

(...) Pois, vamos é muita gente… e bem que precisava de ajuda… mas devia ser feminina, sabe-se lá porquê…fica-se já a saber… É mesmo a confusão que vai neste quarto.
Primeiro ponto, onde poderão estar escondidas, enfiadas as ditas alianças?
Segundo ponto, como poderei eu encontrar alguma coisa nesta pocilga?
Terceiro ponto, será que ando à procura de alguma coisa? Refazendo a questão será que existem mesmo alianças?
Começo pelo último ponto, espero bem que existam, espero que existam e que não as tenha perdido, ou espero que as tenha comprado ou que as tenha ido buscar.
Sei lá… mas também não é nada de muito complicado, nada que não se encontre em dois desses bolos da moda cheios de chocolate, ou num Hambúrguer de marca “roskof” de um qualquer país avançado, ou duas anilhas da sanita, qualquer coisa do género… Aliás, tenho ali umas argolas, nos cortinados que a minha mãe me deu, que servem na perfeição. Mas se acontecer o pior logo penso em algo. Vou então voltar ao princípio.
- Primeiro ponto, há naquilo que a minha vista pode alcançar, um amontoado exorbitante de coisas neste quarto, coisas do pior a roçar o bizarro, bizarrias portanto. Que coisa complicada, como vou achar algo neste quarto?! Acho que aqui não encontrava nem uma vaca, quanto mais duas peças delicadas… Só me interrogo onde podem estar, sim onde, digam-me!?
- Segundo ponto, que tem directamente a ver com o primeiro, aquilo é uma pocilga, para não falar do cheiro nauseabundo a “sarro”, um cheiro bêbado, ou por outra, um cheiro a bêbado. Sei lá, cheira a mim que tresanda, está lá o meu cheiro… mas o grave é que não o consigo suportar… Socorrooooo! Basta soprar para a palma da minha mão para descobrir o belo hálito que habita dentro de mim. Além desses cheiros… são camisas, camisinhas, calças, calções, t-shirts, swet-shirts… Sei lá, uma panóplia de roupa acumulada, amontoada há mais de 3 meses, sim 3 meses! Estão ali umas calças de ganga que se põem de pé, só falta dizerem papá e mamã.
Vai ser bonito, vou parecer o Indiana Jones da Buraca, no “Quarto das alianças perdidas”.
O pior é que se não há alianças, temo mesmo o pior!...
A história das alianças está-me a assustar, aliás tudo me assusta neste momento, confesso. Assusta-me o facto de me assustar, mas é evidente que há coisas bem piores, muito piores. Essas não me assustam, horrorizam-me, deixam-me num estado de demência latente e condizente com o meu aspecto, eu sei que sou o pior delator da minha pessoa… eu sei disso! Também sei que não sou assim tão imperfeito, que até tenho algumas qualidades, que até sou inteligente, que até tenho alguma graça, aliás tive uma que era mesmo uma gracinha, só era pena que fosse sobrinha do padre - liberta-se um imenso sorriso naquela altura… de orelha a orelha!
Há uma coisa que eu não compreendo, porque será que os padres têm sempre uma cunhada que vive com eles, a cunhada e a sobrinha? É quase como perceber porque vão sempre duas raparigas à casa de banho, pois não entendo nem uma, nem outra.
Mas, deixando para trás estas minhas dúvidas… agora tenho de me concentrar no meu pior receio, as alianças que não encontro, mas o meu pior receio, é mesmo…
Será que o Pilitas vai casar?
Porque razão irá o Pilitas casar, alguém me explica?
Terá explicação?
A esta hora já muitos se interrogam: - o que é que este gajo tem contra o casamento do Pilitas? Sabendo eu tão bem que vozes de burro não chegam ao céu, também ninguém vai saber disso, mas se for caso… eu digo que não tenho rigorosamente nada contra o casamento do Pilitas, nada mesmo. Eu tenho é contra o casamento em si.
Irrita-me a ideia de não poder meter as camisas debaixo do colchão para as engomar, de não poder andar de calças de ganga durante imenso tempo e elas ficarem tão sujas que ao despi-las fiquem de pé; encontrar peúgas com 15 dias de uso no congelador; poder colar as pastilhas elásticas debaixo da mesa; poder mexer entre os dedos dos pés e tirar aquela coisa preta e utilizá-la como se fosse rapé… Porra e a Puta da cabeça não pára de doer, será que já disse que quando a cabeça não pensa o corpo é que paga? O corpo uma gaita, a cabeça, como me dói ainda a cabeça, deve ser mesmo castigo.
Só de pensar nestes pequenos prazeres que uma pessoa tem, e só os temos quando somos solteirinhos da Silva! Desengane-se quem pensa que casado consegue fazer tudo como se fosse solteiro, segundo me dizem, pois essa experiência não a tenho, nada fica como no antigamente, nada mesmo… No princípio ainda parece, parece só… andamos tão extasiados, que nem ligamos.
Mas há mais, muito mais… porque terei eu de partilhar seja o que seja com alguém que nem sequer me viu crescer; não é minha amiga de infância; não quer jogar consola comigo até de manhã; que não me deixa ver os jogos da bola; que nem sequer quer andar na Internet a cuscar a vida das outras pessoas - ver gajas nuas -; muito menos ir ao Bar 25 comigo; passear pela sex shop?… Julgo que o casamento é a maior fraude que existe desde que há memória, deixa lá ver desde, desde, desde… hummm… deixa lá ver… pois, desde o “cagar” de cócoras. (...) Continua
Apeteceu-me


"Não está no compromisso assinado a palavra de um homem" Charles de la Folie

1 comentário: