terça-feira, junho 08, 2010

Vidas (Em)cruzadas) - Ressacas VIII

Mas… a pequena mentira que mudou a nossa vida para sempre, espero que para quase sempre, porque ela é uma excelente amiga, aliás ela e o Pilitas são os meus únicos e verdadeiros amigos. A Palmira, mesmo sem me falar, tem demonstrado isso, eu sei que a maior parte dos fracassos amorosos na minha vida têm a ver com ela - para meu bem, claro! Ela considera - penso eu - que é um sofrimento estar mais de uma semana comigo, que eu não sou homem para grandes voos, que gosto mais de planar nas minhas idiotices.
Tanta conversa fiada, a minha inocente mentira que levou ao descalabro da nossa forte - como betão - e duradoira relação, foi num dia em que sonhei com ela. Sonhei que, como posso explicar isto… que ela me tinha dado um beijo, e depois a coisa foi-se complicando, fomos fazendo coisas que hoje são ridículas e que me fazem corar mas… naquela altura com 14 anitos, faziam-nos muito bem ao ego. Olha, outra coisa para tentar descobrir, alguém aos 14 anos tem ego?
Mas esse sonho foi, para aquela altura, uma curte e uma heresia. Seria uma heresia ou um contra-senso? Talvez, quem sabe?
O que eu sei é que acabei, acabei e acordei todo molhado e só depois…. depois descobri porquê… Ah pois, lembro-me de acordar todo pegajoso ali, na zona do pirilau, e não percebia nem a razão, nem o porquê. Lembrava-me do sonho e lembrava-me de ter tido umas sensações estranhíssimas, assim como se fosse uma sensação de absorção, só que para fora - pois, a cabeça ainda não está a funcionar muito bem, mas já melhorou substancialmente -, mas uma excelente sensação. Olhei para a cabeceira não vi lá nenhum pacote de iogurte, não tinha comido nada com creme que me lembrasse, sei lá…
Foi mesmo um sonho fabuloso, dois protagonistas… disso lembrava-me muito bem mesmo, Eu e a doce e linda Palmira.
Bom… a história daquele creme ou liquido pegajoso… eu quis tirar a limpo, é claro que quis, mas era meio complicado perguntar uma coisa destas à minha Mãe, porque… acho que ela iria sempre perceber e perguntar-me como foi, se fosse ao meu Pai já estava a ver o número:
- Pai!
- Sim, filho.
- Sabes, acordei pegajoso hoje na cama…
- Hum… isso parece-me interessante. Lembras-te daquela vez na Ericeira?
- Sim, pai.
- Pois, lembras-te do nome daquela loja de chapéus-de-sol?
-Sim, pai.
- Pois, filho, já fizeste os trabalhos da escola?
- Sim, pai!
- Então… porquê filho?
- Porque sim pai (devo ser estúpido).
- Diz filho?
- Nada pai!
Fiz-me à pista e fui para a escola. E sabem o que aconteceu?
Pois, o que fiz lá na escola… é aquilo que nunca se deve fazer a uma rapariga.
Que se roube uma ideia a um amigo e se vá para a escola dizer que a ideia é nossa, que se consiga dizer mais rápido que essa ideia é nossa, que tens umas ideias brilhantes, mesmo que depois não as consigas pôr em prática e vejas depois esse amigo que deixou de falar contigo, cheio de amigos novos, porque se tornou o “idiota” da escola… Isso é uma coisa feia, é verdade, muito feia mesmo, mas acaba por passar sem grandes danos morais, pelo menos é o que eu penso.
Agora, sonhares com uma rapariga, não perceberes bem o que se passou, sabes que aconteceu ali uma mutação qualquer que sujou os lençóis, e depois ires dissertar para a escola onde reúnes com uma assembleia notável e contas a história, neste caso o sonho, como se fosse a mais pura das realidades… Isso aí… penso que é já muito complicado… Agora penso, mas apreendi a lição!
Não me lembro já bem como foi, mas foi mais ou menos assim:
- Sabem?! Ontem estive com a Palmira.
- Ohhh, então? (em coro)
- Nem sabem o que aconteceu!
- Conta…. (em coro)
- Estive com a Palmira, e…
- Foi?! E? (em coro)
- Nus.
- Nus?! (em coro)
- Sim, e foi muita bom, até deitei… sabem…. não sabem?!?
- Ah... vieste-te? - diz um ou uma mais esclarecido ou esclarecida.
- Vieste-te?! (em coro)
- Sim, vim a pé, como é normal, o meu pai tem o carro na oficina.
- (riso geral) Ah ah… maganão, conta lá, não disfarces - diz o mais esclarecido.
Claro que fiquei vermelho, mas não me descaí.
- Sim, sim, pois claro e depois, sabem… foi sempre a abrir…
- E a Palmira? (pergunta geral)
- Ela? Ó pá, estão a ver, a coisa foi de tal maneira que ela nem se apercebeu. (evidente foi um sonho)
- Ela deve ter gramado? (pergunta geral)
- Pois, até já nem era a primeira vez…
Mais conversa, menos conversa foi isto que se passou, de um sonho para a realidade, da realidade para o boato, do boato aos ouvidos da Palmira foi um tirinho, pior, muito pior que isso… Tenho quase a certeza que ela estava no meio da RGA (Reunião Geral de Alunos) e que foi daquelas vozes isoladas que gritava lá do fundo:
- E depois, conta!
- Como foi? Tem cabelos nas pernas?
- Eh! Homem valente, deste-lhe a valer.
- Como é a tranca, vale a pena?
Como de parva a Palmira não tinha nada, nem tem… ela estava era a desbravar terreno para a pancada final, ela queria mesmo que eu fosse o mais longe possível, aliás queria que eu me enterrasse o mais possível, ela era meticulosa, cerebral. Eu hoje penso e sonho que se não fosse aquela estupidez de «cachopo», penso, quero, desejo e sonho que ela devia ser fantástica a todos os níveis, desde passar a ferro, a cozinhar… Tem um ar de quem deve fazer umas sopas substanciais óptimas, deve ser fenomenal a espancar os tapetes, deve varrer o chão de uma maneira assombrosa, bom o resto nem vos conto, não posso, quer dizer poder posso, mas será que quero?
Claro que quero, a Palmira é linda, escultural, olhos cor do mar, esverdeados, cabelo russo, não loiro, mas russo, queimado do sol, tem para aí 1 metro e 78 e não é magra, nem forte. É um espanto, um espanto de mulher!
Apeteceu-me


"O gosto por sorrir é tão forte como o desejo de o fazer" Charles de la Folie

1 comentário:

Margarida disse...

Gosto de sorrisos.
E gosto de ti! :)
Já chumbei por faltas, aqui...