quinta-feira, julho 31, 2008

Lado de fora


(…) Não havia memória, nem o desejo de recordar fosse, o que fosse. Naquele dia, naquela localidade onde a chuva deixava aquele cheiro a terra molhada; onde as nuvens de cor pérfida, perdiam-se na mesma direcção do vento. O ruído longínquo dos trovões assustavam, os relâmpagos faziam-me rever no meu reflexo, enquanto espreitava a rua pela janela. Os vários suspiros embatiam e embaciavam o vidro, numa tormenta exacerbada. Com o polegar, forçava o anelar, numa luta desigual, era a maneira de sentir que ali estava. Trincava o lábio superior com a violência de quem beija «apaixonadamente».

(…) Lembrei-me dela novamente – as lágrimas corriam de forma quase simétrica pela face. Na verdade nunca me esqueci, nem podia, sempre fez parte de mim. Como poderia não recordar cada momento, o som do respirar, a música do seu olhar, o calor do seu abraço ou a verdade do seu pensamento. Estava ali – mesmo ao meu lado – sentia o seu sibilar entre dentes, como quem impões a sua presença. Quando olhava, via apenas um vazio, até descobrir que podia realmente enxergar – bastava para isso fechar os olhos e depois abri-los e lá estava, como sempre ao meu lado.

(…) Se as palavras tiverem algo para nos dizer, bailam no nosso pensamento. Contento-me quando ouço os segredos da vida relatados pelos vários sorrisos da minha existência. Lembro-me do som que o beijo deixa, aquele zunido que se arrasta dentro do nosso ouvido e nos oferece uma arrepio – bom – pela espinha. Aquele cruzamento vago que percorre e nos enche a alma, voltou de novo, está aqui perto, sinto-o.

(…) O barulho do bater do coração, faz-me olhar na direcção exacta do que quero ver. Como se os dias tivessem catalogados em imagens e se desfolhassem como os livros. Assim via-te sempre que precisava de te chamar, nem que fosse só para sentir aquele perfume a éden que trazias agarrado a ti. Rodopiava com a volúpia da ternura. Precisava da tua mão.

A imagem "http://tn3-2.deviantart.com/fs8/300W/i/2005/320/b/9/o_outro_lado_do_espelho_by_destroyd.jpg" não pode ser mostrada, porque contém erros.

Apeteceu-me

"A noite fica sempre do outro lado, mesmo que esse seja o teu lado". Charles de la Folie

sexta-feira, junho 27, 2008

Páginas Soltas


(...) Não me lembro ao certo, qual foi o dia da semana, seria domingo ou segunda-feira. Na realidade isso não me importava grade coisa – não me sentia com a vontade de outrora – mas afinal só tinham passado dois dias depois de a ter visto. Vestia simples e simplesmente caminhava rumo à minha imaginação.

(...) Certamente que não era real a imagem que havia chegado até mim. Ninguém pode ser assim tão perfeito. Aqueles contornos de personalidade, assentes num espirito quase livre e sem preconceitos que vagueavam nas ondas produzidas num oceano de ideias. O bafo que saia de sua boca era doce – como nada.

(...) Tinha um olhar sem expressão – não é verdade, mas gosto de esborratar essas palavras na minha tela preferida. São as cores da frase que me afagam a vontade de te ver e ficar parado a olhar para esses fragmentos da minha imaginação. Vejo-te esboçar um sorriso, mas só isso, não passa de um esboço de cor indefenida como estas palavras.

(...) Onde estava ela quando perguntei pela verdade dos sentimentos. Escondeu-se dentro daquela tela onde os verdes do campo sobressaiam, na esperança que o azul do céu não fosse atravessado pelo branco das nuvens. Tudo é cor, mesmo quando a dimensão do surreal se atravessa na «minha» direcção.

(...) O que foi que disseste? Sussurraste tão baixo que tenho dificuldade em descobrir-te. Existes mesmo? É verdade espanta-me como te podes esconder num dia como este. Afinal não é dia e a noite tarda em chegar – estamos no limbo, entre a vontade e o desespero de gritar – solta-o.

(...) Já não me lembro se foi ontem, não me lembro se eras tu - ela, se era ela – tu. Faz diferença pensar isso de ti – foi o que pensei, desde que se pense, não tem importância. Mas onde se pode transportar esse cogitar – nunca vi isso assim, nem mesmo no dia que saltei do cadafalso, solto de ti.

Apeteceu-me

“Quando abri os olhos apercebi-me que não foi um sonho, afinal só tinha passado mais um dia”. Charles de la Folie

quarta-feira, junho 04, 2008

(A)Deus a Fé de (a)mar

(...) Percorria o silêncio em que me encontrava em busca de uma palavra, de um sinal, de uma ilusão. Nada, naquele dia só o desespero das imagens em agonia me despertavam daquela intensa apatia - repetitiva. As palavras surgiam em pequenos murmúrios sentidos e discretos – havia a dor.

(...) Da mesma forma que te abraçava procurava nas palavras aquilo que sentia. Rescrevia na atmosfera aquele sentimento tão próprio da paixão. Nada aparecia escrito, havia sentimento no momento e desejo de verdade, mas as palavras – ficavam por escrever.

(...) Nunca o vi, nem sei se alguma vez o verei. Não acredito que se esconda, na realidade não acredito naquilo que não vejo – se não se esconde onde estará? – pergunto. É uma antiga dúvida que segue num movimento quase perpétuo. Uma avalanche de gente procura-o sem dó num movimento inalienável de Fé.


(...) falo dele como quem bebe água, mas não sei nada sobre ele. Provoca dores imparáveis e sem sentido. Percorro novamente o espaço que fica entre corpos, os vazios que não encontro e surgem-me palavras que não se descrevem – nem sei se existem.

(...) De Deus só conheço um imenso adeus – numa despedida cheia de dor. Do amor só conheço o ardor com que se define algo que não se vê. Nem Deus, nem o Amor se vêem, não se definem, nem aparecem – serão eles actos de fé?

“ Um dia perguntei a um anjo: Porque estou eu a sonhar?” Charles de la Folie

terça-feira, maio 20, 2008

Para ti...

Os teus olhos fugiram-me, mas não vou deixar que eles se percam no meu pensamento. Sinto-te a cada passo que dou – o teu respirar tranquiliza-me. Não é justo… simplesmente porque não é – nunca é. Nestes momentos todos nós somos egoístas – porque és minha –, és nossa. Foste só no momento exacto em que acreditaste que podias e que éramos capazes. Somos… preparaste-nos para isso, para sermos competentes. Sinto um aperto, um sufoco e uma vontade de gritar. Tenho saudades… temos.

“Nunca estamos suficientemente preparados para deixar partir.” Charles de la Folie

quarta-feira, abril 30, 2008

As Razões do Nada


(…) As saudades de escrever o que me vai na alma, percorrem-me o corpo. Há um formigueiro nos meus dedos – redescubro as teclas, percorro-as deliciosamente. Resiste um corpo entre mim e o desejo, entrega-se. Minto – denuncia-me. É novo, mas não resiste – nem ao medo, que atravessa a sala – num silêncio discreto e prudente. Fico na quietude de nada – gosto da palavra nada -, e do vazio.



(…) Preencho-te os espaços da tua solicitude – ouço a tua respiração ofegante, entre o olhar do desejo e o desejo de gritar. Finco-me na imaginação de quem não está e de quem não quer – e quem vai? – pergunto-me. - E quem fica? – respondem-me. Nunca descobri onde ficava – afinal – esse silêncio. Senti esse grito a falar do impossível. Nunca.

(…) Essa é uma viagem sem retorno. Essa é uma viagem! Desde quando é que as viagens tem um retorno? A minha mente viaja vezes sem fim na procura de coisa alguma – nada que signifique algo. Mais uma incongruência de palavras. São elas que nos traem. Que imaginas tu? Imagino-te dentro de mim – num círculo de imagens coloridas pelo preto e pelo branco.


(…) Aquele grito incomodava-me… porquê racista. Neste planeta nada existia além do teu enorme ego. Ergo de tais palavras – pensava. Reciclava as palavras – uma atrás de outra, restava o silêncio que criaste na plenitude dos vocábulos que não conseguias articular. Hoje, bem longe de ontem. Hoje, não me lembro de ter beijado.

(…) Procuraste? Caiu bem longe a imagem da tua virtude. Não é central? Sim é – a probidade. Mentes-me, nem por isso – sonho e protejo-me da chuva de inverdades que atiram sobre mim. Raramente te vejo, mas estás aí – pergunto. – Sim estou – respondes-me.



Apeteceu-me

"Ontem ouvi-te silenciosamente, ainda hoje as palavras ecoam dentro de mim." Charles de la Folie

terça-feira, abril 15, 2008

Apresentação - Como Matei o Ministro - Lisboa

Já está... Gostava de conseguir escrever sobre mim, mas as ideias desvanecem-se e prostram-se.
- Como Matei o Ministro - Foi apresentado em Lisboa, numa das suas últimas etapas de maturação -, agora há que o decantar e bebê-lo - calmamente.



Uma "grande" amizade entre nós - Zé e eu.


Um amigo do dia-a-dia - Carlos Silva



Gente Bonita em amena "cavaqueira"



As explicações sobre a "Morte" do Ministro

Apeteceu-me

"Por vezes numa linha paralela os sonhos e os pesadelos cruzam-se." Charles de la Folie

segunda-feira, abril 07, 2008

Depois de Santarém agora Lisboa

A Editora Contra Margem e o autor convidam-no a estar presente no lançamento do livro

- Como matei o Ministro – do jornalista Carlos J. Barros. A obra vai ser apresentada por Paulino Coelho, no dia 12 de Abril (sábado) pelas 17 horas, na Lisbon AD School,Rua Dr. Nicolau de Bettencourt nº 45A, 1050 - 078 Lisboa. ( Frente ao centro de Arte Moderna – CAM – Gulbenkian)




A Sala do Teatro Sá da Bandeira - Santarém



Eu, Paulino Coelho e Helena Mineiro - Contra margem -




Amigos de Sempre



Uma maneira diferente... de " Como Matei o Ministro" chegar longe
Apeteceu-me

" Perante as nossas dúvidas, deveremos avançar ao sinal dos amigos." Charles de la Folie