terça-feira, setembro 20, 2005

MONUMENTO




(…) Sempre a conheci solta, mas nunca ninguém a tirou dali, muito menos a compôs. Desde os meus tempos de menino que via aquela pedra solta por ali. Mas… porquê pensar nela, naquela pedra ela não se movimentava por ali nem dali, fazia já parte da paisagem… e que paisagem!

(…) Parou, mesmo ali onde o sol se punha. As suas pernas eram imensamente belas, aquela claridade aquela hora do dia que ainda chegava do Sol fazia transparecer o opaco daquela saia curta. Como eram belas e sedutoras. A sua cor de ouro reluzia, o seu corpo de belíssimo efeito brilhava em todas as almas que o olhavam, era uma espécie de magia.

(…) Naquele dia nada se sabia das histórias que todos os dias nos chegavam um pouco de todo o mundo, falava-se por ali que tinha sido o vento. Mas nas minhas histórias de meninice sempre me disseram que o vento soprava histórias, mas naquele dia, mais uma vez fui surpreendido… o vento pouco ou nada disse. Mas algo soprou mais forte que o vento.

(…) De cima do seu porte, (diga-se do seu magnifico porte), olhava com aquele olhos de quem se enche de conhecimento em cada olhar, que absorve informação imagens, bebe todo aquele conhecimento. Os seus movimentos eram perfeitos, graciosos, de uma graciosidade incomparável.
Duas vezes, por duas vezes pisou aquele chão que quase ficou agradecido.



(…) As histórias a maior parte das vezes vinham de uma forma mais ou menos controlada, não eram fábulas mas sim contos, contos do diz que disse do antigamente, histórias que jorravam factos que por mais irreais que parecessem encaixavam na perfeição daquele dia que se fechava e prendia a si e em si.


(…) Ninguém se lembra do seu nome mas o seu corpo durante muito tempo ficou na cabeça de toda a Vila, mais nos homens que a veneravam mas as mulheres invejavam-na, mas todos sabiam ser impossível chegar perto dela, perto daquele “monumento” de mulher.
Só um homem, só um se chegou perto dela, uma vez a muitos anos, talvez por isso aquele ar mais ou menos triste que ela mantinha diariamente.



(…) Só mesmo um descuido, poderia fazer com que toda a vila lhe tocasse, foi o que aconteceu naquele dia calmo quando um dos carregadores do andor escorregou, naquela pedra de calçada solta a uma eternidade. Ela caiu lá de cima e a sua redoma partiu-se e foi ai, nesse dia que todos lhe tocaram, fala-se que foi a primeira e a ultima.


Apeteceu-me

“Pode-se pisar o chão mas mesmo assim é preciso alguma delicadeza no Passo”
Charles de la Folie


* Desculpem a musica mas apeteceu-me mesmo muito.

29 comentários:

silvia disse...

como as aparências enganam...e esta heim...

Eric Blair disse...

Texto para que te quero.

Estrela do mar disse...

...Carlos obrigada pelas palavras que me deixaste...agora venho-te dar a conhecer o meu outro blog, se quiseres passa por lá...


www.keres1dica.blogspot.com

Beijinhos.

Maria Arvore disse...

Todas as coisa sagradas merecem uma pedra que as torne humanas e palpáveis. :))))

Maria Carvalho disse...

Um texto muito bem esculpido...Beijinhos

Anónimo disse...

Porra... tu és um poeta.
Quanto à música. Pá... fiquei chocado. Não estou habituado a músicas de pouca vergonha cheias de palavrões e alusões sexuais. Não sei se desculpo, apesar de te ter apetecido muito.
(1 minuto depois, após reflexão)
Ok, desculpo a música. :)))))))) mas só porque és um gajo porreiro.
Abraço

Anónimo disse...

olha prá proxima avisa, é q o m filho diz q a letra tá mal... tá errado... ;-)

Anónimo disse...

Já posso comentar???? :)))))
Bem, qt à música... dei gargalhadas com o comentário da mónica!
Quanto à imagem... isso é realmente um monumento!
Quanto ao texto... muitas vezes faz-se de uma mulher uma deusa; pena que tantas as vezes aquilo que se venera é apenas o corpo desta, tal como aludes no texto. Tudo se torna diferente quando esta se torna palpável e desce ao nosso nível, caindo do andor.
Bom texto.
Beijitos aí para casa.

P.S.: o prob da escola já foi resolvido?

Luís Filipe C.T.Coutinho disse...

Inuteis as mãos para uma vontade de tão grande tamanho.

abraço

Freddy disse...

Ricas canetas...

Abraço da Zona Franca

heidy disse...

hallo hallo? sou eu a picachu... lololololol

Doido! Afinal não foi a ultima loucura e fazes tu sneão bem! Cada vez gosto mais de vir aqui. Imagina a seguinte cena... eu à espera de apanhar a ultima musica... colunas ligadas... em pleno emprego... e pimba! sai-me esta! lololololol Foi giro, muito windo mesmo!
Mas tem a ver com a actualidade. E como diz o bino, és um bom rapaz!
besos

Anónimo disse...

[obrigada pelo comentário simpatico, para equilibrar anónimos desconcertantes :-) só por isso tá perdoada a vaia q me deste a 1ª vez q comentei nos teus pessegos ;-)]

"Sonhos Sonhados" e "Os Filmes da Minha Vida!" disse...

..por favor vão passando palavra...

O Instituto Português de Oncologia (IPO) está a angariar filmes VHS
para os doentes da unidade de transplantes que estão em isolamento.

«São
>>crianças e
>> >adultos que precisam de um transplante de medula e de estar ocupados
>> >durante o tempo de internamento», explica ao PortugalDiário a
>> >enfermeira responsável pela unidade, Elsa Oliveira.
>> >
>> >A «falta de "stocks"» torna necessária a ajuda da população:
>> >«Precisamos de
>> >filmes para as pessoas mais desfavorecidas que não têm possibilidade
>> >de
>>os
>> >trazer. Algumas crianças trazem os seus próprios filmes e brinquedos
>> >mas depois quando têm alta levam-os», acrescenta a enfermeira.
>> >
>> >O IPO aceita todos os géneros de filmes, mas a preferência vai para
>> >a «comédia». Numa altura menos feliz das suas vidas, «um sorriso vai
>> >fazer bem a quem passa dias inteiros numa cama de hospital». Rir é
>> >sempre um
>>bom
>> >remédio.
>> >As cassetes de vídeo ou DVD's antigos podem ser enviadas para:


Instituto Português de Oncologia de Francisco Gentil Rua Professor
Lima Basto 1093 Lisboa Codex
Telefone: 21 726 67 85

Obrigada e beijux da létinha

Manuela B. disse...

POIS TENS AS TUAS loucuras como esta musica e enfim....

Quem não for um pouco louco....que critique .....

O texto sim...admiravel....

Inha disse...

O texto é L-I-N-D-O.

Só é pena eu ter a música bloqueada, snif...

Fragmentos Betty Martins disse...

Carlos

Tu és uma verdadeira LOUCURA!!! A música... bom, deixa para lá, só te digo é de arromba!!!

Um mulher por mais "monumento" que seja nunca é intocavel, porque é humanamente impossivel! Sim! porque ela tem desejos! Mas... "tocar" nos monumentos, não quer dizer estragar! Ou então ela não era um verdadeiro monumento!!! Como tal tem que se cuidar.

Adoro a tua escrita. És um autêntico e verdadeiro monumento a escrever.

Beijinhos

Maria Manuel disse...

Cai sempre bem um elogio a um bom par de pernas. Faz-nos lembrar que se não são as nossas, podiam ser...
;-)

Anónimo disse...

Bem... imaginação é algo que não te falta!

Obrigado pelo teu amável comentário, que me permitiu conhecer o teu blog!

Fica bem...

Isabel Filipe disse...

És um mestre a escrever...
este texto está diabolicamente fantastico... parabéns...

e a música é uma maravilha...

Bjs

Isabel Filipe disse...

sorry...
será que me podias ajudar a contactar o Zezinho do Inapto???

o meu mail é
filipe.isabel@gmail.com

se for possível desde já te agradeço...

Bjs

Fernando Palma disse...

olá!
Acabei de conhecer seu blog. ostei muito mesmo das suas histórias, sem economia de doses de imaginção boa. Gostei. Não foi possível ler todas mas eu volto. Abraço!

Anónimo disse...

Vou ouvindo a música enquanto a letra parece brotar das bocas escancaradas dos mais finos e representantes especimens daquilo que este apático povo mais gosta de nomear a fim de representar os seus interesess: Fátinha, Valentim, Avelino, Isaltino e outros tantos menos mediáticos.

Povão: vou começar a GAMAR à grande e à PORTUGUESA; candidato-me às autárquicas e mando o poder judicial mamar-me aqui, lamber-me o...

Anónimo disse...

Se me pagarem (não peço muito) forneço contactos pró Inapto

Anónimo disse...

Já estou a imaginar a Fátima Felgueiras na PJ a cantar esta música (com a letra devidamente adaptada).

Desculpa, não li o texto (não tenho paciência) mas gosto de ver os bonecos (e gostei).

Anónimo disse...

Carlos!!!
Obrigada pela visita.
Carinhos mil para vc

Micas disse...

O texto está magnifico. A música, bem, estes alemães fizeram-me traduzir a letra...passaram-se...querem enviar a versão à Merkel ;););)

Unknown disse...

Carlos quanta filosofia aqui vai, pois quem se fecha em grandes montras tem sempre o infeliz fim, de se esparramar e quando se parte nem os bocados se aproveitam, bem pensado. Beijinhos amigo

maresia_mar disse...

Eu ao ler o texto e a ouvir esta música não posso negar que me veio à memória as Fátimas e afins... Este país está de uma mediocridade que nem dá para falar... Resto de boa semana

Unknown disse...

Riservare qui i suoi biglietti per i musei più importanti di Firenze e Romaaeroport