domingo, setembro 25, 2005

Vontade de....


(…) A vergonha é coisa que pouco ou nada importa, ali não se passava nada que a pudesse envergonhar. A sua vida sempre primou pela lisura e pelo bom senso.
Aliás nada que fizesse dizia respeito a alguém a não ser a ela, quem quer saber quantas mãos já lhe afagaram o corpo, quantas línguas já lhe descobriram os seus segredos.


(…) Aquele charco ou chabouco como se chamava na minha terra, a água vinha das chuvas, daquelas chuvas que nos tornavam os dias nostálgicos nas manhãs de Inverno, onde os sonhos se tornavam cinzentos como as nuvens, como alguns lampejos pensamentos de que se tornavam luminosos como os relâmpagos.


(…) Sentia-se calma apesar daquele respirar mais profundo de quem está prestes a ter uma torrente de emoções que percorrem o corpo todo, estava sozinha em casa, as suas mãos percorriam o seu corpo de uma forma mais ou menos ternurenta, não que fosse natural, mas apetecia-lhe sentir-se, sentir aquela forma abrupta de ….


(…) Gostava de nadar naqueles charcos de se despir por ali, sabia que ninguém iria aparecer… aquelas águas eram demasiado salobras para alguém as tentar sentir a violar o corpo… tinham demasiadas eroses e cobras de agua, que gostavam de se roçar pelos seus corpos…


(…) Viajava a espaços, pelos silêncios de sua casa, as cortinas a bater nos móveis para sentir a aragem fresca, naquele turbilhão de emoções onde o seu corpo se espraiava por cima do sofá, sentia uma musica na sua cabeça que faziam as suas mãos deslizar por si, a sua imagem parecia projectar-se pela sala… com vários prazeres.


(…) A ponta dos salgueiros que tocavam naquela agua meio esverdeada dos limos e dos musgos que se encontravam no fundo do charco, adorava ouvir o coachar dos sapos ou das rãs, andava por ali, só o murmurar das arvores e da vegetação nada rasteira, se sobrepunha ao barulho do rasgar da agua naqueles mergulhos calmos e elegantes.


(…) O despertador tocou, espreguiçou-se, esfregou os olhos, sentiu o cheiro do campo, daquele charco onde brincava á mais de sessenta anos o seu corpo estava mole e húmido de quem tinha acabado de ter uma noite de sexo. Puxou de um cigarro olhou para o lado viu que estava sozinha olhou para o espelho e sorriu.



Apeteceu-me


“A nossa vida é (e)terna enquanto duramos” Charles de la Folie

26 comentários:

Anónimo disse...

Se for terna, já é optimo.......
Bjs

Passaro Azul disse...

Que belo texto, e que bela música o acompanha.
Uma vez mais, parabéns pelas tuas escolhas.
É bom passear por esta Républica dos Pessegos, pois os gostos de cada um deles é o mais variado possivel.
O meu voo e um sorriso.

Anónimo disse...

Ler este texto foi essencialmente relaxante.......
Passem pelo http://domingodemanha.blogspot.com/, um blog que está a nascer mas que promete.

Su disse...

gostei de ler
gostei de ver

"Aliás nada que fizesse dizia respeito a alguém a não ser a ela"


jocas

Bino disse...

Tenho uma grande pancada por música Mexicana.

silvia disse...

simplesmente gostei de ler, acalmou-me a alma, que tem andado muito agitada ultimamente

augustoM disse...

A vergonha é uma coisa subjectiva, depende dos conceitos de cada um, como tal é uma palavra sem um significadi universal.
Vergonha poderá ser, o fazermos algo contrário áquilo que padronizamos de decente. Por isso os políticos não deviam ter vergonha.

Nilson Barcelli disse...

Uma boa viagem campestre no sonho de um corpo de sonho?
Eu gostei deste passeio. Bem desenhado e cadenciado.
Abraço.

Freddy disse...

E temos mto tempo para dormir qdo morrermos...

Abraço da Zona Franca

Nana disse...

Lindo, lindo, lindo, ... tocante :)

bjos

public pervert disse...

Grande texto... Penso que quem vive na solidão, não se sente na necessidade de ter vergonha seja do que for.

Anónimo disse...

sr xanax calmante de almas e afins

Anónimo disse...

e o sr xanax não acalma mais nada?

Indibiduo disse...

Como sempre, mas tenho de voltar para ler os posts anteriores.

Abraço

GNM disse...

Ler-te transmitiu-me uma sensação de tranquilidade!

Fica bem...

Fernando Palma disse...

Sim, este texto passa calma, traquilidade, serenidade, sesualidade. Gostei muito e adorei a escolha da foto também. Demais.
Abraço!

unknown disse...

realamente a maior forma de liberdade é akela k nos permite fazer akilo k nos dá na gana sem ninguém ter nada a ver kom isso..num mundo xada vez mais solitário só a liberdade nos dá razão para continuar..o resto k se f**** deixem-nos viver tal como queremos..somos livres e responsáveis por nó mesmos

Anónimo disse...

Gostei muito do teu blog. Obrigada pela tua visita e pelo comentário deixado. Um beijo na alma.

Maria Manuel disse...

Para que o seja, um (e)terno abraço!

Bino disse...

A malta sonha com a vida eterna, mas por vezes basta um dia de folga para não sabermos o que se há-de fazer.

heidy disse...

Muitas vezes, deixa-se a vida passar por pensarmos demasiado no que haveremos de fazer com ela. Pensamos tanto, que não a vivemos...

carpe diem :p

Anónimo disse...

peço desculpa mas "há mais de sessenta anos" não era eu nascida! inda bem ;-)

naoseiquenome usar disse...

Obrigada pela visita ao meu incipiente blog. Volta sempre!
... o texto, inspira-me uma pergunta: Serão os sonhos tão ou mais gratificantes que o sexo?
...E sim tudo é eterno enayqnto dura, tudo é efemero, assim que temos a percepção do fim...

Madeira Inside disse...

Concordando, completamente, com a última frase... que bonito!!!
Adorei, gosto muito do que escreves!!
Gosto desta república...
...e de pessegos nem se fala!! :

Beijnhos :)

Cristina disse...

Olá Carlos
Adorei ler, está muito bem escrito...gosto da foto também
;)
beijinhuu

"Sonhos Sonhados" e "Os Filmes da Minha Vida!" disse...

Carlos

imagem muito boa!
bela narrativa!
e
bom som!

tudo nota 10.

beijux létinha.