sexta-feira, abril 29, 2005

(Fogo) Cruzado VIII

(Fogo) Cruzado VIII

...) Casar era uma palavra que me assustava, não que eu tivesse alguma vez, pensado muito no assunto, mas a verdade é que casar, assusta, claro que assusta, casar partilhar, deixar de fazer uma série de coisas que estamos habituados a fazer, isso tornava a palavra verdadeiramente assustadora. Imaginar, que não podia deixar as cuecas onde quero, como quero, beber o leite pelo pacote, deitar-me no sofá e peidar-me loucamente, industrialmente, até ficar verde de intoxicação, aquelas coisas que só fazemos quando não partilhamos a casa com outras pessoas, aliás eu partilho a minha casa, mas é com o meu fiel amigo, e ás vezes partilho-a para uma sessões muito másculas de visonamento de pornografia, não é que fosse fã mas tinha graça pelo menos ver o enredo daqueles filmes, ou qualquer coisa que se pareça com isso. Partilhava para uma coisas suplementares, uns suplementos do namoro, porra umas infidelidades, mas poucas, nada de monta pelo menos desde que ninguém soubesse, mas vou deixar de falar de “gajas” estes pensamentos fazem-me mal.
Estava a ficar melhor da dor de cabeça e da má disposição, por falar nisso, deixa-me ir ver ali a dispensa, se já está seca a minha ultima colheita, procurei uma lista telefónica, uma paginas amarelas, e lá bem metidas estavam umas folhitas de erva a secarem, já ali havia umas com muito bom aspecto, muito mesmo, só tinha agora que encontrar os “lençois” sim as mortalhas, estava a ficar com a pica toda, aquela aceleração de principio da manhã, com uma adrenalina fabulosa para descobrir afinal o que vai acontecer, ao meu grande amigo Vasco, com certeza vou ter de fazer mais um risco na minha agenda, aquele risco, que eles odiavam, e de que maneira eu também me odiaria ver assim na agenda de uma amigo, mas também eles provocam as situações depois querem o quê ? A adrenalina começava a correr-me pelas veias, era a sensação que eu mais adorava sentir, adorava ter aquele frenesim dentro de mim, parecia as mulheres quando estão grávidas todas orgulhosas por sentirem o filho dentro delas, eu ali estava tal e qual uma mulher, a sentir aquela sensação dentro de mim, agora para a coisa melhorar, bastava encontrar a “seda”, mas estava difícil, já tinha dado a volta a casa toda e, nada, mas não era muito problemático lembrava-me daqueles cigarros indianos e indonésios de cravinho que eram a folha enrolada, ali podia tentar fazer a mesma coisa.
Vamos lá ver o que isto dá, o pior mesmo é estragar uma folha desta coisa, o que é um desperdicio, mas que se lixe está-me mesmo apetecer, rir-me com isto, a erva dava-me uma boa disposição infernal, se eu já era um bem disposto, por natureza e estupidez natural, com aquela pedrada, nem me imaginam, ficava com um sorriso de orelha a orelha, olhos pequeninos sempre avermelhados, um perfeito sacaninha, mas era fantástico, era uma bela maneira de ver a vida e olhar para a vida dos outros e aperceber-me que há coisas bem piores que a minha, assim deixava de ser um chorão nato, para ser uma verdadeiro optimista, tinha piada muita piada mesmo era essa a minha maior arma, era a piada.
Agora mãos à obra, vamos lá fazer aqui um belo “habano” de fazer rir, uma bela peça, está aqui uma coisa quase perfeita, agora só falta mesmo acender esta coisa e falta também uma maquina fotográfica ou de filmar para ficar para a posteridade, a glorificação deste acto, que vai ser memoravel, o meu primeiro charuto de erva, a primeira passa ia morrendo aquilo era directo, porra quase que parecia um exaustor a puxar o fumo, tem de ser com mais calma, que isto assim ia aquecer, bom aquilo assim era muito mais apetitoso e de que maneira só tinha um senão ardia muito mais rápido mas actuava muito mais depressa, bendita a hora em que as mortalhas desapareceram aqui de casa que isto assim é muito melhor, já me grisava (ria) todo, bastava olhar para qualquer coisa e ria-me, estava a ficar um delicia sentia-me nas nuvens, só faltava ver ali o Pavarroti a dançar ballet de maiôt e em pontas a dar uns belos saltos, só mesmo isso, e não conseguia parar de rir.

Apeteceu-me

"Porquê hoje, se amanhã também é dia? " Charles de la Folie

15 comentários:

Anónimo disse...

O texto não comento porque só de ouvir falar em drogas entro em Pânico... Tenho as minhas razões. Mas não deixas de ser um excelente contador de histórias. Entramos na história e o ritmo da escrita aumenta, levando-nos a ler até ao fim e a querer mais. Gostei acima de tudo de quando a personagem diz sentir-se como uma mulher.
Mas comento o "hoje apeteceu-me...". POrquê hoje? Porque não sabemos se há amanhã e é assim que devemos viver a vida. Como se hoje fosse o último dia das nossas vidas. Viver tudo! Dizer àquela pessoa que a amamos, amá-la como se fosse a última noite, fazer sorrir alguém, cumprir aquele projecto que tem vindo a ser adiado, fazer aquele jantar especial, dar aquele passeio...

Unknown disse...

A frase que escrevi...tinha a ver...com o meu estado de espirito, de ontem a noite, sai de Alvalade com uma grande sensação de qualquer coisa(frustação) mas por um lado com fortes laços de amizade consolidados desde ídolos antigos a novos ídolos.. por isso...acho que se hoje são heróis amanhã podem ser amigo.

Anónimo disse...

Já agora... para quando um blog da esposa? Gosto dos artigos de opinião dela.

Vênus disse...

Olá Carlos
Passei pra desejar-te um bom final de semana..
BJS

Unknown disse...

pois não sei... já lhe disse...

Anónimo disse...

nunca tinha pensado enrolar erva como cigarro de folha de tabaco (que para muita gente significa droga!!imagine-se!)...
humm...:)

mas essas experiências de viver sozinho são fantasticas, estarmos donos e senhores do nosso espaço, sem satisfações, sem cedencias, sem partilhar o lugar do sofa(porque queremos estar deitados nele), sem termos que nos preocupar em sermos interrompidos ou chamados à atenção pela erva enrolada...lol

muito bom...e quanto mais tempo deixamos passar sem partilhar a casa, o espaço com alguém mais dificil se torna tolerar um companheiro...mas é só no inicio! :)

SL disse...

Não sei se sou eu que estou com graves problemas, achei o texto uma maluquice fantástica. Sobre o casamento assino tudo e mais alguma coisa que tenhas escrito, tendo em conta o que disseste deduzo que não fugirá muito do que eu penso.
Jinhos...gosto que te apeteça destas coisas.

Catarina Santiago Costa disse...

Caríssimo, é a segunda vez que te leio considerações sobre o casamento... Qualquer dia tens de fazer um depoimento mais claro sobre essa instituição, enumerar quais são os aspectos que nela te atraem (dado que a atracção começa a ser evidente) e os que provocam repulsa (porque parece que estás a viver uma relação amor/ódio com ela, a institução que é o matrimónio). :)
Quanto ao resto, desde que não faças 'riscos', seja na agenda, seja no espelho, está tudo bem... Ou 'melhor' dizendo: "tá-se bem!".
Beijos!

Unknown disse...

Casamento...?! claro...esta história esta envolviada numa data de mistérios que tem a ver com casamentos...hehhe
o risco é a minha profissão... mas é limpar riscos...

Anónimo disse...

Carlos: VOLTA PARA CASA! Estás PERDOADO! (e já tens cuecas e peúgas lavadas)

O Turista disse...

Valeu a pena a ida a Alvalade não??
SCP Olé!!
:)
Abraços,

O turista - http://www.turistar.blogspot.com/

Micas disse...

Carlos os teus textos são fantásticos. Consegues com que o leitor viva a situação; bem esse "charuto" deve dar cá uma "pedra"...;))
Beijinho e bom fim de semana

Anónimo disse...

dizem-se tão liberais, tão sem preconceitos,tão "eles são iguais a elas", mas os comentários cheiram a sectarismo que se farta

Nothingandall disse...

Pois, mas o ditado popular diz "Nao deixes para amanha o que podes fazer hoje" e neste caso acho que este dito do povo e mais acertado e sabio do que o erudito transcrito. Quero tambem agradecer o seu comentario no meu blog. Sem duvida que o Sporting esta em vantagem. Vamos a ver se vai ser suficiente. Seria bom que sim. O Sporting campeao da Uefa e o Benfica campeao de Portugal sao os meus desejos. Interessante a sua escolha do template igual a minha

Anónimo disse...

E de uma instituição que assusta chamada casamento(um sacramento cm diz a minha nina) chegaste a um estado de euforia. Acredita é mesmo assim, portanto mantém-te afastado do medo e continua a enrolar-te e a saborear a tua solidão, aparentemente, escolhida e pouco corrompida.Fica bem,