sexta-feira, março 04, 2005

(Falta) Tempo

(falta)Tempo



(...) Ninguém se lembra como apareceu, nem de onde apareceu, foi à muito, a tanto que ninguém sabe ao certo quando.
Apareceu rebelde, mas sempre calmo, ninguém se lembra de o ver olhar para trás, muito menos voltar para trás, não fazia parte dos seus princípios, nem dos seu desígnios, da sua determinação, porquê para trás, porquê parar.
Do passado só memórias, livros e livros de memórias, de histórias de passados, bem e mal passados, parecia a oposição à ideia da eternidade, complicado? Não, nem por isso.
O que passou, já lá está, aquelas memórias, os álbuns que ficam, o incumprimento dos nossos sonhos, se conseguíssemos materializar o nosso passado em pequenos espaços de nada, pequenos nadas, seria por certo um vazio, um buraco sem fim, como um embolo de uma seringa, quando se empurra, quando se carrega, vai saindo, o que está fica, e para trás nada, nada mesmo, nem resquícios.
O presente, mais não é que o passado, porquê olhar para trás, porquê parar? Passa a uma velocidade constante, parece um enorme incêndio por onde passa, queima arrasa, não perdoa, não para, um turbilhão de emoções, o presente já era, foi transformado em recordações, memórias, passado, muito passado.
O nosso amigo, que apareceu do nada ou por outra apareceu mas ninguém sabe nem quando, nem onde, nem porquê, não pára, não espera, ( por ninguém) é preciso acompanhá-lo, dificilmente, mas acompanhá-lho é uma dádiva de vida, de viver, de crescer, de sobreviver, de subsistir, de resistir, de estar de ver, basicamente de acreditar.
O presente, presente de prenda, presente de estar, presente aqui, 3 formas, diferente de estar, de querer, de sobreviver, de andar por ai, mas não se pode perder nada, nem mesmo ultrapassa-lo, ai a frente está o futuro, o desconhecido.
O futuro, o desconhecido, os passos são largos, são dados em direcção à grande incógnita, ao imenso vazio que se vai preenchendo consoante chega, parece uma passagem da cor para o preto e branco ou vice versa, são sensações que chegam perduram pouco e vão-se, esvaziam-se rápido e dão lugar a outras, a mais outras a muito mais outras, sempre em constantes mutações sempre numa grande espiral de emoções, desilusões, paixões, frustrações, amores, desamores, crenças, fés, deambulações pelo abismo, alegria, alergia, utopias, letargias, sei lá, o nosso amigo passa por aqui e continua sem parar sem querer olhar para trás,.
Quem está, está, quem não está estivesse, parece ele dizer a sua velocidade constante, enquanto estas palavras se soltam, ele passa por aqui, esvoaça, como o perfume, como a cor dos nossos pensamentos, leva-os, leva-os com ele, puxa-os, extrai-os, consome-os e não perdoa, parece rir, sorrir, um piscar de olhos a dor, as tormentas do dia a dia, do passado, presente em busca do Futuro, correr por ai a espera de nada, e a espera de tudo para dizer, que a próxima paragem fica algures por ai, e não têm retorno.
Porque o TEMPO não pára, corre que se farta, parece estar sempre a fugir de nós, e nós sempre a tentar fugir dele, e quanto mais fecham, os olhos mais ele passa, menos sonhos se realizam, mais silêncios ficam.
Esse o nosso amigo o TEMPO não volta mesmo para trás, que merda, não há emenda possível.


Apeteceu-me

11 comentários:

Cris disse...

Pois está...

O Tempo, esse, é q por vezes se esgueira...
Caminha lado a lado connosco mas permanece sempre igual a si mesmo... já nós, limitamo-nos a caminhar ao ritmo q ele nos impõe e, depois... Zumba: se olhamos para trás n sabemos bem o q lhe fizemos e porque nos fugiu; se olhamos para a frente tb ninguém nos garante q ainda o possamos encontrar...

Beijinho

Micas disse...

Pois é...tens toda a razão. Mas o Tempo não tem importância se o que sentimos é intemporal...Beijos

Anónimo disse...

É verdade..o tempo passa a correr depressa, sem avisar...de repente o presente torna-se passado..e nós sem tempo para fazermos o que queremos, sem tempo para estarmos com quem gostamos...mas tb é verdade que o tempo é o que fazemos dele..por isso temos que aproveitar os momentos e as oportunidades para estar..e há tb instantes em que o tempo para..parou qd te li mais uma vez :)...fica bem Charles
beijos

mabeka disse...

É mesmo verdade, o Tempo é nosso amigo e nós por vezes tratamo-lo tão mal. Precisamos dele "do nosso lado" para vivermos.
O tempo é uma ida sem vinda. Difícil é ir sem querer voltar. Esquecemos sempre que tudo o que já passou permaneceu em nós.
Bom texto.
bjs

SL disse...

Apeteceu-te, apetece-me... e o tempo deve ser sempre um aliado e não um enimigo. Às vezes está nas nossas mãos, quando não estão apressadas e tem ponteiros imaginários a marcar uma hora sempre presente.
Jinhos

Wakewinha disse...

Ah o Tempo, esse grande pregador de partidas!
A tua voz é um deleite. Um excelente cartão de visita à República dos Pêssegos! ;)

sotavento disse...

O Tempo? O Tempo é um grande amigo!... Assim saibamos andar com ele e não contra ele!... :)

D disse...

ai o tempo o tempo... :/
se o visse por aí ameaçava-o contra uma parede,p ara ver se ele para de uma vez por todas por andar tao rápido, e de fazer com que os momentos bons , se tornam recordações plenas de doçura e saudade. beijos carlos bom fim de semana :)

Anónimo disse...

QUE VOZ...
QUE DELEITE
AI... TANTO SUSPIRO
AI QUE NÃO HÁ NADA PARA FAZER, NEM UM LIVRO PARA LER, UM FILME PARA VER...

saltapocinhas disse...

Não posso comentar porque ainda não li o teu post... fiquei à espera dos olhos azuis e depois...a ouvir a música! Vou ler agora...

isa xana disse...

tempo... o raio do tempo... o tempo é um chato do caraças!!!=p

beijinho

bom fim de semana