segunda-feira, março 21, 2005

Foi há tanto tempo

Foi há tanto tempo

(...) Há muito tempo ainda atrás, nos tempos da peste negra, no tempo onde o Sol girava a volta da Terra e a Terra não era redonda, há tanto tempo que ninguém se lembra do cheiro que emanava da “nossa” Terra, dos corpos que caiam prostrados na terra barrenta que abundava por ai, foi há tanto tempo que ficou esquecido para sempre a vontade de mil homens que salvaram a terra de mil agonias, mil homens que deram a vida pela loucura que revoltava a terra naquela altura, foi a tantos anos que ninguém se lembra quem era a bela donzela que enganou mil homens e caiu fulminante na sombra do mal.
Claro que ninguém se lembra nem ela quer ser recordada, a não ser por mil homens, que de 10 em 10 anos se reúnem num castelo abandonado, lá para os lados da colina sombria, um local temido ainda hoje por muita gente, que provoca arrepios, medo, pavor, terror, mas aqueles mil homens que há muitas gerações, muitas mesmo há tantas que ninguém se lembra, que passam de pais para filhos a sua sabedoria, a sua maneira de pensar e agir.
São esses mil, mil homens imaginem que de mente aguçada por muitos anos de gerações a pensar e a desenhar estes dias que correm de 10 em 10 anos, é aqui que se vão construindo imagens que não estão acessíveis a não ser a estes fieis depositários do mundo, do mundo assim como o conhecemos, neste 5 dias negoceia-se, promessas, promiscuidades, de outros tempos de outras historias também de outros rosários, se forem rosários o que eu duvido.
Ela é astuta, habilidosa, ardilosa, vive cada momento como se fosse o ultimo, sabe como ninguém negociar e não são os mil homens que a atormentam muito menos que a acorrentam, tornar-se-ia muito mais fácil se ela se rendesse, mas não tinha razões para isso, ela era o mal, uma bruxa, uma bruxa que como todas as bruxas se vendeu ao mal, foi conquistada pelo mal pelo diabo, ela que outrora, tinha sido a mulher mais bonita do reino, o maior reino que há memória, ela era linda era a princesa do reino do silêncio lá para os lados do nascer do sol, onde a vida começava e temia acabar, era a princesa mais bela e bondosa que há memória, era uma dádiva aquela bela mulher, vestia cetim de cima abaixo, nunca precisou de espartilho tal era a perfeição das curvas do seu corpo, feito ás mãos de Deus.
Sabe-se ou por outra recorda-se, que havia uma mulher linda, lá para aqueles lados, ninguém sabe ao certo quando foi, foi há muito tempo, há tanto que as pessoas ainda hoje tem medo de se lembrar, só se lembram de duas mulheres uma linda de morrer, outra a morte em pessoa, que sozinha enfrentou mil homens e derrubou-os a todos, ninguém se lembra ou não quer lembrar que as duas, são a mesma mulher, são fruto da mesma parideira, do mesmo sémen, do mesmo amor e vigor, da mesma felicidade.
(...) Havia um homem a quem ela havia jurado amor, amor eterno e terno, foi numa tarde, num dos jardins do palácio do reino, um daqueles jardins, que só o amor de quem os constrói os consegue edificar, um misto de cores cheiros e ruídos, chilreares, uma verdadeira colónia de prazeres à vista, aos nossos sentidos, vontades quereres e creres, um verdadeiro arco Íris, uma colónia de bem entendidos, algo que só a beleza da princesa podia igualar, mas foi naquela tarde, naquele dia e naquele jardim que os olhares se cruzaram as mãos tocaram uma na outra , ali naquele momento juraram amor, e como as juras não se quebram, até hoje através dos tempos, naquele dia, precisamente de 10 em 10 anos durante 5 dias, ouve-se um chorar violento e continuo.
Foi naquele dia há muito, muitos anos, há tantos que ninguém se lembra que o Diabo procurou a sua alma em troca da humanidade, ela a bela e linda princesa sem saber matou mil homem de desgosto que lhe tinham jurado fidelidade, entre eles, o seu amado, o homem da sua vida, o único homem que amou, e hoje de 10 em 10 anos, onde mil homens que de geração em geração a seguem, encontra-se ele, o seu amado, foi sina sua, só a poder ter de a possuir, de a sentir, de a arrebatar, enfim de a amar de 10 em 10 anos durante 5 dias protegidos por mil homens.
Foi há muito, muito tempo, há tanto que ninguém se lembra, ou por outra ninguém quer lembrar-se.

Apeteceu-me

10 comentários:

Anónimo disse...

Soberbo texto. O avançado da hora, já não me permite comentá-lo como gostaria, mas gostei da suavidade com que foi escrito. Abraço

isa xana disse...

eu inda tou pior que a menina marota... vim ler uma historia tua e, ora bem, ler eu li, gostar eu gostei, mas nem consigo pensar em palavras para fazer um comentário digno. amnha leio de novo lol

**

Anónimo disse...

É impossível parar de ler... O amor é mais forte do que a morte :) Beijo enorme :)

Anónimo disse...

Os Anjos descerem mm à terra (A)
beijos Charles

Andre_Ferreira disse...

Até eu fiquei apaixonado pela princesa! Quer-me parecer que já estive numa dessas reuniões! Um abraço

Micas disse...

"Foi há muito, muito tempo, há tanto que ninguém se lembra, ou por outra ninguém quer lembrar-se."Gostei imenso deste texto. Qt à crise dos 40, bem eu ainda lá não cheguei, contudo espero não ter nenhuma crise. O importante é mesmo o recheio que damos as nossas vidas, e pelo que me é dado a conhecer não tens a minima razão para teres uma crise, muito menos aos 40...vá lá, o que vale é que eu sei que tu gostas de brincar...;) beijos

SL disse...

Apeteceu-te lembrar...não consigo lembrar-me, essa a que é a verdadeira questão. O teu texto...acho que não tenho capacidade para o comentar...eu devo andar um pouco tonta, para não dizer muito tonta. Pronto, vou tentar voltar para ler de novo, sinto que me falta algo.
Jinhos

Wakewinha disse...

As tuas palavras têm tanta força, que se torna difícil levá-las aos julgamentos que um simples comentário pode fazer! Digo que te leio, e isso é mais importante que todo o resto...

E como tu já me leste, e deixaste palavras de apreço, venho aqui dizer-te que estou a votos Na Blogosfera e que gostava de poder contar com o teu voto. Sou a Wakewinha (em vez do nome do blog •▪•●Brainstorming●•▪•, tem o meu nick).

Obrigada pela atenção e beijinhos*

isa xana disse...

bem, tentei comentar mas não consegui e agora vim ver se já dava.
li de novo o texto. quanto mais o leio mais gosto dele:)

**

Cris disse...

A intensidade da escrita já nem a comento porque cada dia é maior e mais profunda.
Este é um texto recheado de misticismo e sobervo na actualidade... Já só temos principes e princesas de revistas, mas, infelizmente, a venda da alma ao diabo ainda n faz parte apenas dos contos de fadas ou pelo célebre "Fausto"...

Adorei ler-te, como sempre!
beijinho