quinta-feira, março 17, 2005

Guitarra Mágica

Guitarra mágica

(Do you Feel like we Do)

(...) Conseguia sentir-lhe o cheiro da sua música, era mágica, misturava-se com todos os sentidos, conseguia-lhe tocar, era de um sabor... de um paladar de um gosto... aquilo que se via nos seus sons levava-nos a pensamentos extremos.
Vivia no cimo de uma colina, numa casa muito antiga, era tímido, mas as suas mãos muito hábeis, dedilhava a sua guitarra como ninguém, sonhava com sons e de manhã interpretava-os, tocava-os como só ele os imaginara, nunca os repetia era melodias únicas, talvez por isso as grandes etiquetas nunca tenham reparado nele, mas aquela cidade que vivia à sombra da sua colina, da sua música que via nascer o sol por de trás de algo assombroso como aqueles estridentes e ritmados solos que saiam da sua guitarra.
Era mecânico, acordava, espreguiçava-se, esfregava os olhos, estalava os dedos, bebia em tragos curtos mas sistemáticos um copo de sumo de laranja, acendia um cigarro, puxava-o para o canto da boca, abria a porta do terraço agarrava na sua Gibson (guitarra), ligava o jack ao seu Marshall ainda a válvulas (amplificador), fechava os olhos, com a sua palheta, encostava-a às cordas de aço, onde saiam os primeiros acordes, nem eram acordes eram notas simples, um som metálico que descia a colina e ecoava por toda a cidade, eram um som magico que libertava sorrisos. As suas mãos ganhavam vida própria corriam a escala de baixo a cima emitindo sons, lindos, melódicos, aquela energia que o som transportava era magnifica, ele sabia que o ouvido humano só distingue os sons de acordo com três atributos: a altura, a intensidade e o timbre. Além deste três atributos sabia que era importante ter em conta a duração do som. Sabia na perfeição a duração do som, o intervalo de tempo que durante esse som é audível para o homem, para os homens para as pessoas, para a humanidade, mas essencialmente para si próprio.
O seu rosto, fechava por completo, para sentir o que lhe saia da alma, quando os dedos deslizavam pelas cordas, pisadas com prazer e sabedoria, puxava com toda a força a guitarra para perto do seu coração, inclinava-se para trás, o seu cabelo não muito longo, mas solto, esvoaçava, muitas vezes prendia-se na sua boca...



com uma mão enquanto fazia vibrar as cordas, girava o potenciómetro do volume, até ao limite
Os sons continuavam a libertar-se, continuavam a sair, livravam-se, ganhavam liberdades, que só mesmo os sons podem ter, criavam formas geométricas aqueles sons, eram quase divinos se é que isto se pode dizer de um som, mas parece-me que sim, apesar de aquele som estar mais perto do fogo, mas dava-me também a sensação de dilúvio, de uma enorme catarata a desabar e a espalhar-se por ai numa enormidade de notas de música, caiam e voavam, esvoaçavam, tomavam liberdades tomam sentidos, corriam milhares de metros até se tornaram em ecos constantes, uma magnifica sonoridade metálica.
Aquela, violência magnifica, quase que se comia de tanto prazer que dava, corriam suores e outros fluidos, os cabelos encharcados, aqueles dedos punham aquela guitarra a falar, ela falava, seduzia, corria, sentia, cavava prazeres, como unha a entrar pela carne, gemia, que som belo, estava-lhe na carne, no sangue.
É difícil explicar o hipnotismo daquela musica, aquele rasgar de sons daquela guitarra, era espantoso, era mais que tudo o que se possa imaginar.
Aquela ressonância que emprestava ao éter longas melodias, longas distracções de distorções, as cordas a vibrar ... os seus dedos pareciam doidos, a correr a escala, a seguir aquela panóplia do aço mais grosso ao mais fino, ora em dedilhado, ora com a palheta, daquela gibson diabólica, que mais parecia ter um pacto com o Diabo, era Brutal o som que sai dali... brutal e imortal, era da alma... levava o espirito, consumia o seu dono, rasgava-lhe a consciência do que fazia, de uma forma quase letal, dele quase pouco restava, banhado em suor aquele corpo, parecia brilhar cada vez mais, um brilho intenso que só as estrelas têm.

Apeteceu-me

"O som vive dentro de nós escondido sob vária formas, uma delas chama-se vida"
Charles de la Folie

11 comentários:

Anónimo disse...

É PÁ... SERÁ QUE ME ANTECIPEI?!
SUGESTÕES PARA OS COMENTÁRIOS: QUEM ME DERA SER UMA DAS CORDAS DESSA GUITARRA. AMEI... QUERO MAIS, MAIS. FIQUEI INEBRIADA PELOS SONS QUE O TEXTO... DIVINAL...ME FEZ OUVIR, E ESSA VOZ...!
SÃO SÓ SUGESTÕES...

Anónimo disse...

Sugestão aceite, 'bb'!

Oh Carlos, Quem me dera ser uma das cordas dessa guitarra... Amei o texto e quero mais! Deixaste-me inebriada pelos sons do texto... Está divinal! E essa voz, que saudades tenho dela!! Aiii...

[Agora a minha sugestão, que se resume a um ditado popular... Em boca fechada não entra mosca, nem sai asneira!]

Anónimo disse...

AI... QUE HÁ POR AQUI SUSCEPTIBILIDADES.POR QUE SERÁ?

Anónimo disse...

Comentar um comentário seu é uma susceptibilidade... E quando comenta o dos outros... O que é?

Anónimo disse...

ASSUMIDAMENTE... COMENTO COMENTÁRIOS. É UM FÉTICHE.

Ana, Dona do Café disse...

:) ... música...
se não existisse música...tinha que existir música :P ...tou com as ideias encravadas!
gostei do texto! :)
beijinhos

Anónimo disse...

Charles pensei que me tivesse enganado..afinal não..este, ainda, é o teu "sítio" não é, onde escreves àquilo que te sai do corpo e da alma...
Quanto à tua Guitarra Mágica..foi simplesmente mágica ;) fica bem
beijos

Anónimo disse...

musica é vida, eu não conseguiria viver sem a musica.

Anónimo disse...

MUSICA, SEMPRE ANDA NAS NOSSAS VIDAS.NESDE QUE NASCEMOS...DEPOIS MARCA DEIXA A SUA MARCA EM CADA MOMENTO,TEMOS UMA BOA GUITARRA A TOCAR NAS NOSSAS MEMORIAS
E TU SABES DESVREVER BEM ISSO COM MUITA PENETRAÇAO. ADORAVEL

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Unknown disse...

Bom parece mosh. Isto está complicado, estou farto de dizer para fumarem ganzas, mas com moderação, mas não é que insistem em fumar cascas de pêssego?
Tentem cascas de banana.
Onde já vi este numero a escreverem em caps lock?
apeteceu-me
vou dormir!!