sexta-feira, março 11, 2005

Que (raio) de dia

(...) Era um dia daqueles em que tudo corria mal, a chuva teimava em cair quando era preciso sol, a electricidade faltou no momento em que tentei atirar o secador de cabelo para dentro da banheira onde tomava banho, o sabão acabou, o champôo era do cão, a vida era minha não de uma estrela qualquer de cinema. Talvez fosse de uma estrela em plena decadência, só me apetecia fumar charros uns atrás dos outros, beber tragos enormes de uma só vez de absinto, aquela deliciosa planta, a minha vida era feita de plantas, artemísia absíntio mais conhecida por losna, adorava alucinar, plantas de cânhamo, se pensarmos que há roupa feita de tecido das fibras do cânhamo, de plantas, plantas de casas, casarios, casarões, prédios sei lá o quê mais. Naquele dia queria esquecer os 5 anos que andei a estudar arquitectura, aqueles trabalhos todos, aquelas noites sem dormir, o dinheiro gasto em tudo o que se possa imaginar, para ser visto e apreciado, analisado e jogado ao lixo.


*

Este não era mesmo o meu dia, o homem da minha vida, ou que era da minha vida, ou que foida minha vida, abandonei-o, que estupidez quando penso nisso, basta acordar um dia com os pés do avesso e as asneiras que cometemos que dizemos e que fazemos.
Talvez esta seja a história da minha vida, não aquele prédio que construi e que ganhei todos os prémios de arquitectura a nivel Mundial, claro eu sou uma arquitecta de renome e o que ganho com isso, que grande curriculum, Arquitecta de sucesso tem o maior gabinete de arquitectura que há memória, construiu 5 das melhores peças arquitectónicas do mundo, vive sozinha porque abandonou o homem que amava por ele não concordar com ela numa pequena coisa, numa pequenina coisa.
Este era um belo curriculum, estava desesperada, desesperada não era bem o termo alucinava de raiva por mim. A verdade é que ele de perfeito não tinha nada, mas tinha partes excelentes, aquelas mãos quando me tocavam, bastavam seguir as linhas do pescoço e começava logo a gravitar. Aqueles dedos tinham magia, tinham poderes, a sua respiração quando passava perto de mim construía alicerces de prazer de emoções e razões inexplicáveis, quando aquelas mãos percorriam-me as costas lenta mas firmemente, quando me faziam perder a respiração, sentia um encher, um percorrer de sangue a uma velocidade alucinante, quando ele as parava perto da minha zona lombar e as apertava ai e sentia os lábios a tocarem nas minhas orelhas, a mordisca-las depois a sua respiração a percorrer, a percorrer-me, aquele fôlego que me provocava combustões de satisfação, de volúpia e sei lá que mais, apetecia-me entregar-lhe o corpo de uma maneira que não tem explicação.
Ele tinha-me, possuia-me só com o seu respirar com a sua confiança, com a sua forma de amar, era estranho que em tantos anos não me lembrava-me de outra forma de fazer amor, não me lembrava de alguma vez o ter sentido dentro de mim, mas que o sentia em mim, misturado com o meu espirito.
Tudo era estranho, sentia-me angustiada, nada me corria bem naquele dia, nada, aquela chuva irritava-me, irritava-me olhar para o seu reflexo, via-lhe a silhueta, que coisa, porque o mandei embora, não consigo entender, só entendo mesmo de riscos e rabisco e que felicidade isso me traz, bem me parecia, alicerces, bases, os fundamentos ora que porra, faltava-me isso na minha razão, quando quis ser alguém na vida esqueci-me de muitas coisas e só agora me lembrei porque o mandei embora. Porque era simples, demasiado simples, puro, com mãos mágicas.
Mandei-o embora por ser simples, simplesmente por isso pela sua simplicidade de amar, que forma estúpida de me suicidar.

Apeteceu-me
* Esta é a minha imagem favorita de todas as fotos que conheço.

2 comentários:

Unknown disse...

bom odeio, ficar a zero...e como estou com a neuro vou escrever um comentario a mim próprio, vai tentando talvez lá chegues.

Anónimo disse...

Não ter comentário é uma "foida" (tuas palavras).

Eu acho bem que não tenhas comentários. Então tu que tens fotos sublimes dos teus "frutos" e vais dizer que preferes a 1ª foto de uma orgia gay que há na história? Vários homens com o rabo sentado num objecto comprido, grosso e... DURO!

Abraço e obrigado pela platina ;)