(...) Sentia-se cansado, sua vida parecia um carrocel.Andava a uma velocidade alucinante cheia de altos e baixos ao som de musica comercial, muito foleira.
Estava prestes a cometer uma loucura, uma daquelas loucuras que não lembra ao diabo.
A sua cabeça, os seu pensamentos só pensavam em paz, em descanso e numa vontade quase alucinate de se sentir calmo.
Aquele parecia um dia perfeito, se não perfeito quase perfeito, com um ritmo próximo do seu pensamento, para cometer o seu acto de loucura, o seu disparate, a sua forma de se deixar, de deixar de ficar aborrecido.
Não entendia ainda muito bem o porquê do despertar de todas aquelas emoções, daqueles perfeitos disparates que pairavam ali próximo do seu esprectro.
Apetecia-lhe muito ter calma, paz, sossego de espirito, serenidade, essas coisas que por vezes acontecem.
Sabia que isso podia acontecer ali, ali era o sitio onde tudo isso podia ser atingido.
E ali estava ele a olhar para o Mar, estava calmo... o Mar e ele também, estava verde claro, o vento soprava fraco, um tudo nada mais que uma ligeira brisa, o céu estava limpo, ao longe viam-se gaivotas, sinal de embarcações de pesca por ali. Havia um silêncio quase fantástico e curioso... estava sózinho na praia, sozinho não.. conseguia ver um cão de grande porte, com um pelo enorme mas muito bem tratado, acastanhado claro, um pelo muito brilhante, corria e pulava atrás de uns estranhos carangueijos, que pareciam submarinos,mas com muitas pernas, ali bem perto podia ver aos saltos uns animaizinhos pequeninos, quase transparentes aos saltos, eram umas pulgas do Mar, umas... é uma maneira de dizer, uns milhares.
A boca estava seca, podia-se ver aquela crosta esbranquiçada nos cantos dos lábios, podia traduzir algum nervosismo, mas aparentemente estava tranquilo, podia ser sede mesmo, a sede de chegar onde queria. Despiu a sua t-shirt, pode ver-se o seu tronco, um pouco anafado, mas contornado, de linhas quase perfeitas, ou da perfeição que não andava por ali, mas quase. Retirou, ou por outra atirou literalmente os chinelos dos pés para o horizonte que ficava ali mais próximo, visto que atigiram uma altura consideravel, mas acabaram por aterrar ali bem perto.
Meteu os dedos entre os cabelos, depois cruzou os braços a volta do pescoço como se estivesse a abraçar-se, e começou a andar em direcção a água, lá bem perto começou a correr, mergulhou, e mal chegou com a cabeça fora de água começou a dar braçadas fortes, quando se sentiu com água bem profunda, deixou de dar aos braços, ficou ali uns segundos, respirou várias vezes fundo, depois abriu os braços deixou de dar às pernas e deixou-se afundar, o seu cabelo parecia uma planta marinha, enquanto o seu corpo ia descendo, os seus olhos estavam como o seu espirito a esvaziar-se, os seus pulmões iam ficando cada vez mais vazios, mas o seu semblante era de felicidade. Há sua volta, peixes de todas as cores e espécies, pareciam ignorar, o que estava por ali a acontecer, passavam rápido e em combinações ziguezaguiantes, lá em baixo escondidas no meio de rochas algumas anémonas, e outros animaizinhos, esquisitos.

Lá estava ele a procura, da paz de espirito e provavelmente de outras paragens, de outros mundos, de outras ilusões já que aqui neste, neste mundo, as coisas não lhe corriam de feição. Ele ali estava a ver tudo claro, o seu amor perdido, apesar de ser o seu unico e primeiro amor, mas a desilusão era enorme parecia que vinha acopulada com muitos e antigos amores, e ali estava ele prestes a ficar sem ar, a água começava a inundar-lhe os pulmões, o cerebro começava a ficar sem oxigénio e foi ai....
Foi ai que ouviu um berro da sua mãe para sair do banho, eram horas de ir para a escola.
Apeteceu-me
"Quem melhor que eu para me pintar por dentro!!" Charles de la Folie