sábado, fevereiro 19, 2005

Pancada XI (onze)

(...) Fugi da maneira mais idiota que conhecia, a pé, podia fazer como nos filmes e roubar um carro uma mota ou uma bicicleta, a bicicleta era bem, eu era um ás a dar ao pedal, mas o pior o mais frustrante da história é que eu ouvi o SR. Romão, a dizer aos gritos :


- Agarra que é ladrão, roubou-me uma banana, agarra o homem, tirem-lhe a banana.

Ora fiquei um bocado, á toa, o homem tinha mesmo ficado processo com a minha atitude o pior é que não era pela tablete era mesmo pela banana, que raio de homem se metia naquela histeria, no meio da rua por causa de uma banana?
È verdade que fiquei abalada com o assunto parecia que estava a ver aquela gente toda a olhar para mim e a apontar.

- Olha foi aquela que roubou a banana ao Sr. Romão. (tipo burburinho que se torna num grande bruá, na nossa cabeça)

Ali, tomei a minha maior e mais difícil decisão, vou fugir de casa a vergonha de enfrentar a minha mãe, mas o pior não era isso era a vergonha de enfrentar a minha mãe e, ela levar-me em frente do homem no meio de toda a gente que estivesse no supermercado, era a humilhação total, não estava para isso, antes uma surra, pois ali era mais ou menos 2 em 1, porque a surra não me escapava, talvez sim talvez não e, ai resolvi fugir, foi horroroso, não me lembrava nem de sitio nem de ninguém, de alguém lembrava-me mas havia sempre perguntas tipo o que fazia ali aquela hora porque não estava em casa, então resolvi, meter-me ao caminho e procurar abrigo por ai, até que encontrei a minha mãe pelo caminho e, o resto é aquilo que já tinha descrito, a minha fuga foi mesmo só em pensamentos, quer dizer ainda fugi, alias ainda guardo a banana religiosamente, mais ou menos é uma replica em plástico, um dia ainda a vai sentir vai aquele Sr. Romão .
Mas enfim era novinha mas já tinha vivido uns bocados engraçados, engraçados agora mas na altura não achei grande piada, mas com descontracção e estupidez natural tudo, fazia sentido, se bem que eu fosse uma rapariga muito sentida.
Porra, já eram quase 10 horas da manhã e ainda estava eu prostrada na cama que neura, quer dizer por um lado até sabia bem não estava, ali a passar pela casa atarantada, sem muito bem saber o que andava a fazer, mas por outro andava mesmo intrigada, com aquela carta..
Não vai ser nada deixa, quando a Dona Henriqueta chegar vou tirar tudo a limpo estava a ficar paranóica mesmo, apetecia-me gritar, mas por muito que me esforçasse, não sai nada, parecia aquelas cornetas, que uma pessoa chega lá sopra, sopra e nada faz um bocado confusão, mas era como me sentia, aliás sentia que se ninguém fosse ali ter comigo depressa iria ficar ali para sempre tal é a maneira ou forma como me sinto, sem reacção.
Mas estava ali a mimar-me a mim própria, a enrolar com o dedo o cabelo e, enrola e, desenrola e, enrola e, desenrola, deve ser irritante quem esteja a ver uma pessoa naquilo durante horas com aquela cara que Deus nos deu tipo a cara 49, que nada mais que cara de parva, mas enfim, remoía, remoía sobre a carta, até pensei ligar ao Pilitas ele sabe tudo, mas se fosse alguma coisa de especial ou assim que me aguçasse o apetite ele ia era gozar a brava comigo por isso é que o melhor é mesmo não lhe ligar, bom e no meio daquela confusão saberia lá eu do meu télelé, também se o perdesse não era nada de grave já estava tão velhinho, quer dizer velhinho não, usado, usado também não, gasto, não o termo era um télélé novo com uma dona, que tem falta de cuidado, estava todo marado, também já tinha servido de arma de arremesso ai a um pató qualquer que me mandou uma boca foleira qualquer, e levou logo com ele nos dentes, é tiro e queda, sou demasiado agressiva, então se estou com o sono, sou terrível, demasiado terrível, insensível, imprevisível e irremediavelmente intolerante, o meu pai chamarme-ia anormal, a minha mãe mau feitio, se fosse o Vasco dizia logo que eu era terrivelmente anormal e violenta, mas é o meu feito, mas por ele até me moldava, ai moldava, moldava.
Será que a minha mãe já ai estará, para lhe perguntar da carta?
Que raio a carta!!

Apeteceu-me
Sinto-me só e agora?

4 comentários:

Anónimo disse...

Quem se pode sentir só, na companhia de palavras tão inspiradoras de momentos únicos? Não estás só. Deste lado, estou aqui a sentir as tuas palavras. Gostei. Jinho solitário :-)

Unknown disse...

há dias assim, nem sempre estyamos lá naquele p+onto de rebuçado e depois de escrever...as vezes esvazio or completo o que há em mim, ontem esvaziei e fui enchendo...o copo até que transbordou ...qualquer coisa....
abraços...sei que não estou só ..basta ver vocês por aqui Tanks

Micas disse...

Sozinho??? não acredito, devia ter sido apenas um momento onde bateu a nostalgia...
Devo dizer-te que ando sem tempo para os blogs, por isso só ao fim de semana consigo colocar a minha leitura em dia, e o teu espaço é um dos que mais anseio ler. Gosto imenso de cá vir ;) Fica bem. Beijinho

Anónimo disse...

confesso que não tenho lido muito as tuas pancadas, mas adorei esta.
não te sintas só nós estamos sempre aqui, mais cedo ou mais tarde, aparecemos para dar a nossa opinião e fazer-te companhia