sábado, fevereiro 26, 2005

Praia (traiçoeira)

(...) Passeava descalça, pela praia, sentia aquela areia fina, muito fina e branca, a entrar-lhe pelos pés, ou seria os pés a enterrarem-se de prazer, aquele prazer, que é andar pela manhã na praia.
Os cabelos com a brisa, vagueavam-lhe pelo rosto, por aquele, pedaço de face pintado por alguém numa noite serena de Amor, por vezes, segurava algumas pontas daquele cabelo russo de tanto sol apanhar, segurava-as com aqueles lábios, quase sempre húmidos, vermelhos cor de sexo, finos como um leve sorriso, finos, lisos, macios elegantes, mas mais que tudo, de sabor inteligente .
Os olhos, escondiam-se por entre aquela “multidão” desgrenhada, mas viam-se que eram penetrantes e lancinantes.
Ali perto dos seus pés, teimavam em rebentar pequenas ondas, muito pequenas e sem fim, durante dias, meses, anos, séculos, sei lá, uma eternidade que elas ali estavam e, não paravam nem se cansavam de bater contra aquela areia, fina, tão fina, que outrora fora rocha, que foi sendo consumida e desintegrada até ficar, fina, tão fina.
Se não fosse a brisa o dia custava a passar o calor era tórrido, mas a brisa que vagueava pelo corpo, fazia sentir bem, estava na altura, de entrar de rompante por aquela agua límpida, transparente quase inocente, não fosse a sua historia e força e, já agora imensidão, de um azul esverdeado, ou de um verde azulado, custava a distinguir era uma água sem igual.

De um gesto quase divino, ante braços esticados mãos unidas, com os dedos a apontar para o fundo, de um salto, de abdómen quase liso ligeiramente dobrado, o seu corpo dilacera pela agua, como um punhal entra pela carne, por segundos aquele corpo perdeu-se, afundou-se pelas aguas calmas, que testemunhavam, a doce e hábil dança de baixo de agua.
Ao vir ao de cima o seu corpo parece sair da agua envolto numa bolha, numa enorme bolha de ar, o cabelo veio escorrido, de uma forma bela, as gotículas, a milhares de gotículas que se espraiavam por aquele corpo bronzeado, eram uma alucinação de prazer, de dar a volta a cabeça, um deslumbramento, sentir aquele sal, saborear o sal, era uma imagem de arrepiar, quando apoiava os lábios nos ombros e saboreava a agua salgada, ai via-se aqueles olhos, de uma cor desconcertante, um cinzento quase irreal,
O seu corpo, transbordava emoções, prazer sentimentos, a maneira de por o cabelo, de o molhar e sacudir, era de uma elegância desmedida, da sua boca saiam melodias das suas mãos caricias, como passava as mãos pelo corpo, para se refrescar, era de uma sensualidade a roçar o pecado, a maneira como tocava ao passar com as mãos pelos seios, firmes as mãos, firmes os seios, firme a sua ternura inocente do prazer que se apodera em momentos de grande sedução entre ela e o mar.
Mais um mergulho, mais um salto onde o seu corpo de esgueira, num ritual de gestos ritmados e simétricos, em perfeita harmonia entre a varias partes que se envolviam e abraçavam, a agua o seu corpo o fundo do mar, gostava de um gesto voltar-se para ver o sol, o céu de baixo de agua, era magnifico a luz, os raios do sol a penetrarem em varias direcções a dispersarem-se por ali, como se fosse uma paragem obrigatória, o azul do céu, mexia-se, andava em pequenas ondulações era um azul visto dali quase marinho com sabor a sal.
Por vezes sentia, a roçar-se por si, pequenos peixes, que fugiam, aos mais bruscos movimentos, mas voltavam sempre, aquele corpo, não largava cheiro a medo, transpirava confiança, e os pequenos peixes, colocavam-se ali como se um coral trata-se, tal era a beleza a pureza.
Aquele corpo, gostava de sentir pequenos toques, quer da agua, quer dos peixes quer da sua imaginação, sentir aquela volúpia, aquele deleite, sentir uma excitação interior percorrer os poros, aqueles poros que emanavam odores sexuais, todo aquele corpo, aquela perfeição de curvas alinhadas por carnes de outros apetites, sentiam as vontades proibidas.
A agua saltava-lhe do corpo, deslizava como gotas de óleo, faziam a luz do sol reluzir e reflectir aquela lindíssima e apetecível pele, mais um mergulho, desta vez o salto foi mais alto, muito mais alto, encarpou o corpo e de uma só vez, entrou como se diluísse por ali, viu-se naquelas aguas transparentes seguir ligeira e rapidamente em direcção a luz, estava próxima do clímax, de atingir o declínio da sua tensão.
E foi ai, em contra luz, que emergiu, mais reluzente do que estava, não se lhe reconhecia o corpo, nem as suas feições, a luz intensificava-se ao mesmo tempo via-se saírem das suas costas, largas e compridas asas, asas de anjo, a terra tinha parido mais um mito.

Apeteceu-me

16 comentários:

D disse...

é bom ter o mar em cada bocadinho de nós...

é um daqueles sitios em que podemos estar sozinhos sem nos sentirmos sós...

e podemos estar com alguém e tudo é perfeito.

beijinhos carlos e bom fim de semana !

sotavento disse...

Não sei porquê (insuficiencia espiritual, provavelmente...) mas achei a mulher mais interessante do que o anjo!... :)

Unknown disse...

claro que a mulher, é mais interessante, o problema é que não conseguia dar um final, e assim a perfeição esvai-se por ai, sempre era melhor que a degraçada ser comida por um tubarão
abraço

Unknown disse...

ah esquecia-me, a mulher perfeita é inacessivel assim como os anjos.
estou a acordar lentamente.

Anónimo disse...

Humm, praia, mar, ondas, sol, calor, corpos bronzeados...verão onde estás tu?..com um tempo como o de hoje, fico me pelo meu passeio no paredão, a olhar simplesmente o (A)mar..e quem sabe lá na linha do horizonte, consiga ver?!?..tu e ela (a prancha claro) a espera de um set
gostei do texto..fica bem
beijos

Unknown disse...

Kal deixa-me contar-te um segredo, lembro-me de ti todos os dias, não é que tenho um patinho igual aom dos teus sonhos, so que depois tem acopulado uma daquelas redes para esfregares no banho mas é tiro e queda..hahaha é da minha filhota...

LUA DE LOBOS disse...

belo texto e com um fim dos tais ::)) gostei muito e volta sempre:)
xi

Anónimo disse...

E, apeteceu-te muito bem... Gostei.

Abraço e, bom fim de semana:-)

Micas disse...

Divinal, divinal...
Acho que vou ficar por aqui mais um bocadinho, nesta praia, ver o mar sentir o sol queimar a pele...esquecer este maldito tempo e esta neve que já enjoa...Beijos

Unknown disse...

As coisas que eu vou descobrindo por aquie gosto, gosto de saber, que apreciam...as minhas praias...
obrigado a todos.
é domingo e cá estou ...está maré cheia...

Elvira disse...

Olá, Carlos! Podiámos nos ter conhecido quando eu exercia a minha profissão anterior. Mas continuamos a ser colegas... trabalho como correspondente para canais de TV franceses, cá em Portugal. Conheci alguns dos teus colegas aí da RDP. E bastante bem. E da Antena 1. E por aí fora. Um abraço amigo.

Unknown disse...

Claro, eu farto-me de falar com frança, eu estou da RDP Internacional, sou muito amigo do Dniel Ribeiro, e de outros quantos, quem sabe..se não nos conhecemos, hihih eu até nasci em Paris...

BlueShell disse...

E a mim apetece-me dizer...MUITO BOM...pleno de sensualidade! Até eu senti aqui a brisa suave e vi a "elegância" de cada gesto...
Uma boa semana.
Beijos mil, BShell

BlueShell disse...

Viéste rápido....foi bom. Volta sempre!
Jinho, BShell

isa xana disse...

q estranho, carlos. vinha para ver algum texto teu novo e como ainda não havia decidi desejar uma boa semana. chego aqui e reparo que o comentario que te tinha feito a este texto no outro dia desapareceu... ou entao eu sou mm ceguinha (o que tambem pode ser, claro!)
já nem me lembro do que tinha dito. lembro-me de achar o texto sensual. a descrição da mulher é muito sedutora e interessante.

e agora faço o que vinha aqui fazer... desejar uma boa semana.

jinhu

vague disse...

Tal qual o homem perfeito - ou não existe ou é gay (sem qualquer desprimor para eles, diga-se, que cada um tem a sua maneira de ser feliz)