segunda-feira, fevereiro 14, 2005

* Vomitar Ansiedade

*Vomitar Ansiedade (O meu tributo ao dia de (...))

(...) Mais uma manhã de chuva, aquele chuvisco, com ritmo constante, onde pouco ou nada cabe, um céu moderadamente cinzento, as nuvens tocadas a vento tomavam formas, que só a nossa imaginação consegue contornar.
De braços bem esticados, para ai 3 metros de ponta a ponta, mas nada que interesse, espreguiçava-se, espraiava a sua noite, os olhos ainda embargados e desfocados de alguns sonhos entre crepúsculos, ainda não tinha tomado consciência do dia, da claridade que o Sol enviava para a terra aquela dadiva, que naquele dia apesar de moderadamente cinzento entrava, o Sol claro.
O Cérbero ainda estava sem estímulos, o corpo aos poucos perdia a letargia e a apatia de tantas horas prostrado na cama.
Aos poucos enquanto a remela , já seca começava a saltar dos cantos dos olhos, aos poucos, instalava-se o horizonte daquele dia “moderadamente cinzento”, com uma chuva que teimava em cair, mas não era isso, o corpo, aquele corpo, entroncado, de formas quase herculeanas, apesar das devidas diferenças e de mitos, aquele corpo deixava de estar dormente e instalava-se um mau estar relativo, um formigueiro, um nervosismo absurdo e estupidamente calmo, parecia um Rum com 21 anos onde enfiavam para dentro uma agua com gás, o estômago remexia, era uma sensação nova, com a qual não sabia ainda lidar, era mesmo muito recente, tinha apenas horas, ou minutos, os pensamentos movimentavam-se em círculos constantes, anormalmente constantes e curtos.
Pensamentos, que se repetiam, ecoavam, transmitiam insegurança, todo o seu corpo estremecia, aqueles círculos batiam sempre na mesma incerteza.
Estranho, a sua vontade de urinar era enorme, mas o estranho é que tentava vezes sem conta, eram poucas as gotas que os seus delicados e longos dedos conseguiam em abanões pouco vigorosos repelir para fora, quase que se contavam, saia da casa de banho em direcção a sua janela. E mal se fixava voltava a casa de banho, estava-se a tornar num ritual de poucas ou nenhumas gotas, isto até se habituar.
Aquele estômago, aliás toda aquela zona entre o externo e o baixo ventre, fervilhava, crepitava, parecia sal a cair no lume, aquela zona parecia estar em quedas constante para o abismo, para aquele vórtice profundo do desconhecido, e quando se recompunha voltava tudo ao principio, tudo ao mesmo.
Era curioso, apesar daquelas sensações todas, daquela panóplia de sensibilidades , estava calmo, calmo no sentido que nada de grave estava a acontecer.
O apetite faltava, era uma encruzilhada de chamamentos naquele corpo, um corrupio, aquela corrente sanguínea ,o sangue quente dava voltas e mais voltas a uma velocidade alucinante, tal era o batimento do coração.
Era musica, musica alegre naquele dia “ moderadamente cinzento “.
A vontade de fazer alguma coisa era muita mas o Cérebro, aos reflexos do Cérebro, não correspondia o resto do corpo , parecia descoordenado, estavam descoordenados, vagos, vazios de ideias mas não de ideais .
Os olhos vidrados no horizonte, que aquela janela deixava alcançar, percorriam todos os espaços deixando a sua passagem rastos de luz, atravessando e contornando todos os obstáculos que encontrava, uma viagem labiríntica, arriscada estonteante, com curvas contra curvas, viragens rápidas e alucinantes a 90 graus , a 180, a 380, descidas e subidas, como numa montanha russa, círculos expirais, o rasto de luz quase se perde, mas como uma sombra segue inabalavelmente a viagem.
Até começar a abrandar aquele turbilhão de emoções. – Final da viagem
ELA que está na outra ponta da sua curta mas alucinante viagem, também “ *Vomita Ansiedade”


* "Vomitar ansiedade" uma frase retirada de um texto de uma Amiga Nuria Sampaio

Apeteceu-me
(Este Também faz parte de uma série de textos dedicados ao São valentim)

8 comentários:

Sr. Humberto disse...

Pois... mas a ansiedade pode ser uma doença (pode e é porque eu bem sei...) e o amor também (vou sabendo...). Os dois em conjunto, dão 1 efeito + forte do que qualquer rum de 21 anos possa dar...

Unknown disse...

POis é Del giorgio por isso fico-me pela onda do (A)mar.
É tempo de ganhar juizo e rumar a terras longincuas onde o sol não fuja, e as ondas não abanem.

Unknown disse...

«A» obrigado, mas hoje ando mesmo é a procura da pistola, nada melhor, para um quarentão, tentei, a linha do comboio mas não resultou, , explicaram-me depois que tinha de ser antes dele(comboio) passar, mas assim era capaz de me magoar , que se lixe.
«A» onde anda o tubo de ensaio?

Unknown disse...

«A» é claro que eu, não compreendo esse teu haraquiri ao tubo de ensaio, não compreendo mas respeito, até a auto destruição pode ser um proceço de génio, neste caso de mau génio, volta que estás perdoado

Unknown disse...

Bom «A» de génio pouco ou nada tenho, tenho mais a aprender com voces do que vocês comigo, sou velho, tenho vicios, conheço as manhas tdas ou grande parte e vcs são puros o que sai de oces dentro é puro é fresco, tens muitas influencias boas, eu não prefiro beber, das vossas influencias e devaneios, vê lá se consertas o tubo de ensaio, faz falta

Anónimo disse...

consegui sentir a velha chuva, e o resto é claro. os teus textos são contagiantes, consigo sentir o que escreves, quase viver o que escreves...

Unknown disse...

Eu sei...é estragar uma obra prima dai a comparaão ou seja foi o que me saiu, mas pelo menos o Manoel entendeu.

Unknown disse...

"A" espera ai, rewind, não sabes escrever? mesmo que fosse verdade, isso seria um factor para te esforçares cada vez mais, andares para a frente não gostas de escrever? então ontinua, tu escreves pra caraças gosto imenso de te ler.