quinta-feira, janeiro 27, 2005

Amor perdido (conto)

(...) Daquelas mãos, tinham saído «coisas» maravilhosas, autenticas obras de Arte, eram umas mãos já velhas, mas com um recorte fino, uns dedos longos, rugosas do tempo, mas deliciosamente maduras, ternamente apetecíveis.
Tinham um toque aveludado tal qual um vinho, um vinho de 'bouquet' excepcional , distinto e gracioso.
Aquelas mãos transpiravam talento, muito talento e muito trabalho, um trabalho árduo, do dia a dia, de quem vive lá longe onde a fama nunca irá chegar, onde o sol morre por de trás de vales verdejantes onde o cheiro das antigas plantações de tabaco, ainda perduram na sua memória, curioso para quem manuseou milhares de folhas de tabaco, nunca fumou, mas a sua paixão era mesmo o Barro.
Era espantoso, como a sua visão o traia, as cataratas não lhe perdoavam nem um segundo os seus curtos dias de poesia, aquelas mãos, já viam mais que os seus olhos, sentiam as formas, do seu barro, da argila peganhenta e pegajosa que ficava em sentido, que se moldava como de um bailado se tratasse.
Naquela roda de madeira barulhenta os seus ouvidos já não ouviam os barulhos estridentes, nem os guinchos, que a roda fazia ao friccionar com a pedra, enquanto a sua perna fazia força para a embalar, era assim que passava em silêncio com as musicas embaladeiras que lhe saiam do coração, as suas mãos, que molhavam de agua para não ficar nenhum pedaço fundido com o seu corpo, aquelas mãos puxavam as pelas da pasta, deslizavam no barro, a argila sucumbia-lhe ás mãos era uma morte digna, para depois ressuscitar uma obra, um hino, um desejo ou um poema.
Aquelas pequenas mas enormes maravilhas eram uma vontade de desejar que os dias não fujam, que aquelas mãos não tremam, que os cheiros do campo permaneçam até ao fim daqueles dias curtos, daqueles dias de prazer, mas que terminavam depressa, tal era a vontade de Viver os dias até ao fim.
Os desejos, daquelas mãos limpas, que recordavam coragem, escreviam no barro o amor perdido, mas sempre lembrado em perfeitos dias ofegantes de um tremendo amor.
Naquela terra perdida para sempre onde os sentimentos de um dia, fugiram para longe, era o sitio perfeito, para fugir ás saudades de um dia, em que nas suas mão ficaram toldadas a vida de um amor, e de um pálido tormento, que uma morte trás. (...)

Apeteceu-me

Dedico este texto ao meu avô que também era do Sporting.

6 comentários:

Anónimo disse...

confesso que tambem me lembrei do meu avô, que era tão forte que parecia que nada o iria deitar a abaixo.
o teu avô deve estar muito orgulhoso de ti.
é bom ler estas historias, funcionam como pensamento do dia.
desculpa lá não sabia que não eras benfiquista, mas foi um grande jogo.
by sonia

Unknown disse...

desculpa porquê??? tb podes ser do Sporting há lá espaço para todos, hehehehe

Anónimo disse...

não. eu sou benfiquista até ao fim, com derrotas ou vitorias .eu ontem fiquei muito satisfeita porque ambos jogaram muito bem e acho que mereciam ganhar os dois.
fazemos um acordo o sporting pode ganhar a todos menos ao benfica.tá?

Anónimo disse...

não. eu sou benfiquista até ao fim, com derrotas ou vitorias .eu ontem fiquei muito satisfeita porque ambos jogaram muito bem e acho que mereciam ganhar os dois.
fazemos um acordo o sporting pode ganhar a todos menos ao benfica.tá?
ups esqueci-me de assinar
by sonia

Unknown disse...

Bom este texto é um daqueles textos, que nem sempre saiem que nem sempre, se escrevem é um texto, um texto que se escreve com uma pena em vez de caneta, mas nem sempre sai, hehhee felizmente se não era demasiado tetrico.
hihihihihihiih

Unknown disse...

A... a vida é dfeita de pequenas grandes coisas...aliás de pequenos grandes lugares comuns, temos é que fugir deles